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23/Mar/2022

Fertilizantes: preço do potássio em níveis recordes

A alta do preço do potássio testa os limites do mercado. O principal insumo usado como fertilizante na agricultura teve seu preço mais do que triplicado neste mês em relação ao custo de um ano atrás. O potássio, que o mundo negociava por cerca de US$ 300,00 por tonelada no início do ano passado, está cotada atualmente a nada menos que US$ 1.100,00 por tonelada. E a tendência é de alta, dado o impasse sobre o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia. Se ainda há dúvidas sobre a eventual falta do insumo, seus impactos financeiros estão mais do que dados. O potássio é um dos três fertilizantes químicos essenciais na produção agrícola de larga escala. Ao lado do nitrogênio e do fósforo, o item retirado do subsolo de rochas compõe a trinca dos elementos, conhecida pela sigla “NPK”, mais utilizados no cultivo de culturas como soja, milho, café, trigo, arroz, e cana-de-açúcar, além de frutas. Se considerada a oferta do composto NPK, o Brasil importa hoje 85% desses fertilizantes para atender o consumo nacional.

A dependência específica de potássio, porém, sobe para 96%. O maior pico no preço global do potássio registrado até hoje ocorreu entre 2008 e 2009, quando a crise das hipotecas dos bancos norte-americanos contaminou a economia mundial. Naquela ocasião, apontam os dados históricos, o potássio chegou a custar US$ 700,00 por tonelada. O câmbio, porém, estava na casa dos R$ 2,20. Hoje, o preço chega a US$ 1.100,00 por tonelada, mas com câmbio em torno de R$ 5,00. O que preocupa governo, fornecedores e agricultores é não ter ideia de quando a situação será resolvida. Extrair potássio não é algo que se faz do dia para a noite. Trata-se de minas que, geralmente, estão localizadas em profundidades de 600 a 800 metros. Não basta apenas alcançar essas áreas. É preciso abrir verdadeiros túneis onde circulam máquinas de grande porte. Por vezes, até mesmo caminhões. Isso significa investimento pesado e vários meses ou ano de obras. Com estoque de fertilizantes para cerca de três meses, o Brasil tenta garantir que não falte o insumo.

Segundo a Yara Fertilizantes, a companhia tem feito tudo que é possível para garantir a entrega do insumo, apesar dos riscos existentes. O Brasil é o maior cliente individual da empresa e responde por cerca de 20% de toda a sua produção, hoje comercializada em mais de 150 países. A empresa tem investido para aumentar a produção, mas o que pode garantir, no curto prazo, é rodar com a eficiência máxima possível. Há muitas incertezas sobre o desenrolar da guerra. O que a Yara está fazendo, sendo uma empresa global, é buscar o melhor possível para minimizar os impactos no Brasil. Além de trazer ao Brasil a produção de potássio que concentra em países como Noruega e Holanda, a Yara possui uma base de exploração do produto em Rio Grande (RS) e em Cubatão (SP). Essa produção local responde por cerca de 20% de tudo que a empresa vende no mercado nacional. A Mosaic Fertilizantes informou que lamenta o que está ocorrendo no cenário geopolítico internacional e que está atenta aos impactos nos mercados nacional e internacional de fertilizantes, analisando cautelosamente para atender da melhor forma às demandas locais.

A empresa declarou que tem investido para ter a matriz de abastecimento mais estável e segura da indústria. A inflação que contamina os principais alimentos consumidos pela população já reflete a alta no preço dos fertilizantes, uma tendência que tem sido observada desde o fim do ano passado e que, agora, se intensifica. Não por acaso. O fertilizante tem um peso médio que oscila entre 30% e 40% no custo da produção agrícola, conforme a região e o plantio. Os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que, no caso do trigo, por exemplo, plantado na região de Passo Fundo (RS), os fertilizantes representam cerca de 33% dos custos, enquanto essa participação sobe para 38% no caso do trigo plantado em Cascavel (PR). O milho que sai de Sorriso (MT) tem 33% de seu custo nos fertilizantes, enquanto para a soja plantada na mesma região os insumos químicos representam 37% da despesa. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.