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23/Mar/2022

Fertilizantes deveriam ser excluídos das sanções

O Brasil passou a defender que os fertilizantes sejam itens proibidos de entrar nas listas de sanções comerciais. Não se trata apenas de um interesse local para favorecer o agronegócio brasileiro. O mundo depende em grande escala da produção de alimentos pelo Brasil, e a falta de insumos para cultivar os grãos pode fragilizar ainda mais a segurança alimentar mundial, já afetada pela alta de preços. Oficialmente, o governo brasileiro não vê risco de faltar alimentos no País. Em último caso, medidas extremas, como restrições à venda de alimentos para outros países, podem ser tomadas para garantir o abastecimento local. Por outro lado, o Brasil só produz 15% do total de fertilizantes necessários para o uso anual. A dependência dos outros países em relação aos alimentos do Brasil é alta. Dados de junho de 2021 compilados pela Embrapa mostram que o Brasil responde por 50% do mercado mundial de soja e que alcançou, em 2020, o posto de segundo maior exportador de milho.

O Brasil é o quarto maior produtor dos principais grãos (arroz, cevada, soja, milho e trigo) e responde por 7,8% da produção mundial. Além disso, o País é o segundo maior exportador de grãos do mundo, com 19% do mercado internacional. Em 2020, o rebanho bovino brasileiro foi o maior do mundo, com 14,3% do total, ou 217 milhões de cabeças, seguido pela Índia, com 190 milhões. Trata-se de segurança alimentar. Já há 800 milhões de pessoas no mundo que comem muito mal. Se o Brasil não produzir, será muito mais gente passando fome, afirmou a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Por isso, o País quer que fertilizantes não sejam incluídos na lista de sanções. Não é possível produzir sem os fertilizantes, e o potássio é um recurso finito. Por causa da crise entre Rússia e Ucrânia, o Brasil tem buscado alternativas aos insumos que compra daquela região.

Negociações e contatos diplomáticos estão em andamento com países como Canadá, Chile e Jordânia, embora a efetivação desses acordos dependa, na prática, de investimentos e contratos entre empresas privadas. Hoje, o Brasil compra da Rússia cerca de 30% dos fertilizantes necessários para a produção. O País possui estoque de fertilizantes para os próximos três meses, mas há preocupação com as safras que começarão a ser plantadas entre setembro e dezembro. Na semana passada, durante reunião organizada pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), a preocupação com a falta de alimentos foi tema central do debate entre ministros da agricultura de 34 países americanos que compõem a organização. O encontro foi uma convocação de Tereza Cristina, que preside o Conselho Interamericano da Agricultura (IABA). O pedido é de que haja acesso aos principais insumos para a produção, de forma a evitar a escassez de alimentos e mitigar o aumento dos preços.

O secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Tom Vilsack, disse que as cadeias de negócios do setor estão enfrentando um desafio sem precedentes e defendeu o trabalho em conjunto, entre os países, para facilitar o comércio e garantir a segurança alimentar. A Aliança para uma Revolução Verde na África (Agra) alertou que há grande preocupação com o avanço da fome no continente africano, que depende do comércio global. Mais de 50 milhões de pessoas podem ser afetadas no curto prazo. Houve consenso de que os fertilizantes devem ter o mesmo tratamento prioritário dado aos alimentos em sanções ligadas a conflitos como o atual. Em fevereiro, as exportações do agronegócio alcançaram uma cifra recorde e chegaram a US$ 10,51 bilhões, 65,8% mais do que em fevereiro de 2021. O Ministério da Agricultura avalia que o crescimento é reflexo do aumento dos preços dos produtos, além da alta na quantidade exportada. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.