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23/Mar/2022

Irrigação: eficiência na gestão de recursos hídricos

A área de lavouras e pastos coberta por sistemas de irrigação aproximou-se de 8,2 milhões de hectares em 2019, dado mais recente estimado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), diante de 4,5 milhões em 2005, um crescimento de 82%. O ritmo de crescimento da irrigação sob pivô central apresentou aceleração mais nítida na última década, com a área saindo de 850,78 mil para 1,556 milhão de hectares entre 2010 e 2019, em alta de 82,9%. Foram agregados ao sistema, em média, em torno de 78,4 mil hectares por ano. Na década anterior, o crescimento havia sido de 73,5%, com incremento médio anual de 36,0 mil hectares, conforme dados do Atlas da Irrigação, produzido pela agência. O volume de água bruta captada em mananciais para irrigar o campo avançou apenas ligeiramente entre 2010 e 2020, passando de 947 metros cúbicos para 964,6 metros cúbicos por segundo, numa variação de 1,9%.

A relação entre esses dois dados, na visão da Embrapa Cerrado e da Comissão Nacional de Irrigação da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), sugere que a agricultura tem conseguido alguma eficiência na gestão e manejo de recursos hídricos. Essa eficiência estaria associada a políticas públicas, especialmente ao Plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária, mas também ao fator custo, pressionado recentemente pela escalada das tarifas de energia elétrica. Qualquer erro na calibração do equipamento ou no manejo tem um impacto muito grande nos custos da irrigação, que podem representar até 30% do custo total de produção. As técnicas atualmente aplicadas pelo setor no manejo da irrigação permitem racionalizar o uso do insumo, levando à planta o volume necessário de água no momento exato para o pleno desenvolvimento da lavoura. Desperdício de água é desperdício de renda. Assim como o manejo, a eficiência dos pivôs tem avançado.

No passado, os índices de perda por problemas no equipamento e deriva (a água tocada pelo vento) variavam entre 60% e 50%. Atualmente, os pivôs conseguem uma eficiência de 85% a 90% na aspersão da água a campo. Em lavouras de menor porte, caso de frutas e hortaliças, a eficiência é ainda maior porque o produtor consegue fazer a irrigação localizada, diretamente no pé da planta, com uso de gotejamento. Dados do Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) mostram que a agricultura responde por 70% de toda a água consumida no globo. Esse percentual se aplica aos volumes de água outorgados pelos órgãos ambientais em todo o País. A vazão média dos rios no País atinge cerca de 280 mil m³ por segundo e a agricultura usa menos de 1% desse volume. Se retirados os rios amazônicos da conta, a vazão cairia para aproximadamente 50 mil m³ por segundo e a participação da agricultura no consumo outorgado subiria para algo em torno de 5%, com a irrigação consumindo menos de 3% do total.

O Brasil representa 1,6% da área irrigada total no mundo, diante de 20% na China, que dispõe de uma área agriculturável semelhante à brasileira. A pesquisa tecnológica tem contribuído na busca de soluções que permitam conciliar o ritmo das mudanças climáticas e a expectativa de eventos extremos mais frequentes com as necessidades do campo, desenvolvendo variedades que venham a apresentar alguma forma de resistência ao estresse hídrico. A Embrapa Meio Ambiente trabalha no aprimoramento de bactérias que poderão incrementar a resistência de soja, milho e trigo à escassez de água. O Centro de Pesquisa em Genômica Aplicada às Mudanças Climáticas (GCCRC), da Unicamp, recorreu a técnicas de edição genética para chegar a uma proteína responsável pelo controle da resposta do milho a eventos climáticos severos, como a seca. Inibindo o funcionamento dessa molécula, o milho aciona mecanismos próprios de defesa contra o estresse. Fonte: Valor Econômico. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.