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15/Mar/2022

Fertilizantes: árabes podem elevar vendas ao Brasil

Estudo apresentado pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira à ministra da Agricultura, Tereza Cristina mostra que os principais países árabes exportadores de adubos para o Brasil poderiam mais que dobrar seus embarques ao País. O documento aponta, entre outros dados, que as importações brasileiras de adubos de Marrocos, maior exportador do fosfatado MAP para o Brasil e que em 2020 somaram US$ 896,3 milhões, poderiam chegar a US$ 2,489 bilhões. O estudo considera a estrutura atual de produção dos países, sem levar em conta projetos de expansão. No ano passado, Marrocos enviou 1,942 milhão de toneladas de MAP ao País, 38% do total importado. Há uma relação de complementaridade do Brasil com os países árabes. O Brasil tem relevância significativa para a segurança alimentar para o mundo árabe, 80% das exportações brasileiras para o mundo árabe são do agronegócio. Além disso, 18% das vendas de fertilizantes árabes são para o Brasil. Se considerados em conjunto, os países árabes são o principal exportador mundial de fertilizantes.

Eles são seguidos por Rússia, China, Canadá e Estados Unidos. Isoladamente, a Rússia foi o maior exportador do insumo para o Brasil no ano passado, com 23% do total, seguido de China (14%) e de Marrocos (10%). Os fertilizantes são de grande importância para a pauta de exportação árabe, figurando na 10% posição entre os principais tipos de produtos exportados. No segmento de adubos, o Brasil é o principal destino do insumo, com 17,8% do total, seguido por Índia (17,7%), Estados Unidos (10,4%), Tailândia, Turquia e Argentina. Os maiores fornecedores árabes de fertilizantes para o Brasil poderiam exportar o dobro, em valor, do que exportam hoje para o País, especialmente de adubos nitrogenados e fosfatados. Tal oferta poderia atenuar a falta de adubos provenientes especialmente da Rússia, o que deve ocorrer em breve, segundo especialistas do setor, em virtude de sanções econômicas ao país e de entraves logísticos no Mar Negro.

O Catar, maior exportador de ureia para o mercado brasileiro no ano passado, com 24% do volume total importado poderia sair de uma receita de US$ 449,7 milhões em exportações de adubos ao Brasil em 2020 para US$ 870,2 milhões, de acordo com o levantamento apresentado pela Câmara ao Ministério da Agricultura. Omã, o terceiro fornecedor do insumo ao Brasil, com 16% do volume desembarcado aqui, poderia sair de US$ 65,6 milhões para US$ 1,082 bilhão. A Arábia Saudita, terceiro maior fornecedor de MAP para a indústria brasileira em 2021, com 14% do volume importado, teria condições de elevar sua receita dos US$ 308,5 milhões para US$ 938,7 milhões. O documento detalha tanto os tipos de fertilizantes já importados de países árabes pelo Brasil, cujo volume adquirido poderia ser maior, como adubos até então comprados da Rússia que poderiam ser fornecidos pelos árabes. O cloreto de potássio, cujas importações brasileiras do mundo árabe somaram somente US$ 28,5 milhões em 2020, de um total de US$ 1,758 bilhão exportado globalmente por aquelas nações, poderiam crescer, já que o Brasil importou o equivalente a US$ 2,550 bilhões naquele ano.

Entre os fertilizantes importados pelo Brasil da Rússia, não adquiridos de países árabes, mas que poderiam ser fornecidos por eles, o documento aponta o nitrato de amônio. Em 2020, o Brasil importou da Rússia o equivalente a US$ 377,89 milhões do produto, de um total de US$ 383,7 milhões. O produto poderia passar a ser fornecido pelo Egito, com o qual já existe um acordo de livre comércio envolvendo o Mercosul. Outros produtos de origem russa que poderiam ser substituídos por equivalentes árabes são misturas de nitrato de amônio com carbonato de cálcio, sulfato de amônio, fertilizantes contendo nitrato e fosfato. Entre 2017 e 2020, as importações brasileiras de fertilizantes das nações árabes cresceram 135%, de US$ 1,79 bilhão para US$ 4,21 bilhões. Os adubos foram os principais tipos de produtos da pauta de importação, ultrapassando inclusive o petróleo, commodity historicamente mais importada pelo Brasil dessas nações. A apresentação dos dados ao governo brasileiro suscitou, por decisão da ministra, dar continuidade às conversas para se ter melhor clareza das necessidades atuais do mercado brasileiro e das condições de empresas árabes em fornecer os produtos.

A Câmara fará contato com os países árabes para colher mais dados de empresas privadas e estatais sobre a oferta. O Ministério da Agricultura vai levantar junto às cooperativas e associações de classe as informações sobre demanda. Foi possível sensibilizar os países árabes, por meio de suas embaixadas, para aumentar suas exportações ao mercado brasileiro, e chamar a atenção do governo brasileiro sobre a possibilidade de aumentar as importações de países árabes, após eles avaliarem sua capacidade de atender. Há um ambiente geral politicamente favorável que permite esse tipo de iniciativa. É de interesse do Brasil e das nações árabes. Alguns embaixadores também propuseram a criação de joint ventures entre empresas brasileiras e árabes, para investimentos tanto no Brasil como nos países árabes, em projetos conjuntos. Alguns desafios precisarão ainda ser discutidos ampliação do comércio, como o tempo de trânsito marítimo (transit time) demorado e sem uma rota direta, tarifas de importação e ausência de acordos comerciais envolvendo o Brasil e nações árabes (exceto Mercosul-Egito). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.