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14/Mar/2022

Fertilizantes: déficit de potássio segue como risco

As maiores companhias produtoras de potássio do mundo, localizadas no Canadá e responsáveis por 35% da oferta global do insumo, não serão capazes de suprir o Brasil com o volume necessário para compensar o que deixará de ser importado de Belarus e Rússia. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, viajou ao Canadá no sábado (12/03) para encontros com exportadores do insumo, na tentativa de garantir à cadeia agrícola fertilizantes potássicos que, até então, eram fornecidos por Belarus e Rússia. Se o Canadá aumentar em 8 milhões de toneladas por ano sua produção de potássio (considerando projetos de expansão), ainda faltariam 18 milhões de toneladas para o mundo, tendo em vista que com Belarus e Rússia está saindo do mercado um volume de 22 milhões a 24 milhões de toneladas de potássio. Todos os países consumidores vão se voltar para o Canadá, que tende a fornecer ao Brasil uma parte do que está faltando, mas os Estados Unidos também estão pedindo mais potássio, além de Índia e China.

Das 12,780 milhões de toneladas de cloreto de potássio (KCl) importadas pelo Brasil em 2021, quase a metade, ou 47%, vieram de Rússia e de Belarus: 28% ou 3,578 milhões de toneladas dos russos e 19%, 2,428 milhões de toneladas, dos belorussos. No total, portanto, as empresas brasileiras deixariam de receber 6 milhões de toneladas de potássio dos dois países. Não se sabe, ao certo, o volume de potássio dos dois países já importado pelo Brasil em 2022. Belarus parou de exportar o insumo antes mesmo da invasão da Ucrânia, após ter sofrido sanções dos Estados Unidos e da União Europeia no fim do ano passado. O país ficou proibido de utilizar o Porto de Klaipeda, na Lituânia, e a ferrovia estatal lituana que tem o porto como destino. Desta forma, ficou sem ter como escoar sua produção de potássio. A Rússia não suspendeu exportações de adubos ao Brasil, mas a tendência é que, em breve, fique impossibilitada de escoar sua produção pelo Mar Negro. O Ministério da Indústria e Comércio da Rússia recomendou a suspensão da exportação de adubos até que os serviços de transporte do país sejam retomados.

A logística no Mar Negro está parada e as seguradoras já informaram que consideram a região como zona de guerra, nenhuma vai dar cobertura a uma carga que tiver problema. Pelo Mar Báltico também tem problema, a Maerski informou que não vai mandar contêiner pela Rússia. Do Canadá, que produz anualmente ao redor de 20 milhões de toneladas de potássio, o Brasil trouxe no ano passado 33% de todo o volume que importou, ou 4,217 milhões de toneladas. O país tem possibilidade de ampliar em ao menos 8 milhões de toneladas sua produção de potássio por meio de projetos em curso de duas empresas: a Nutrien, maior fabricante global de potássio e que no Brasil montou uma rede de distribuição de insumos por meio de aquisições, e a Mosaic. A Nutrien produz ao redor de 18 milhões de toneladas atualmente e, entre 2018 e 2019, cortou sua produção em virtude de preços baixos. A empresa poderia retomar a produção de cerca de 6 milhões de toneladas por ano, elevando o total a 24 milhões de toneladas.

É possível que tenham interesse em voltar a produzir porque os preços estão altos, US$ 1.000,00 por tonelada. Mas, não é uma tarefa fácil. Demoraria no mínimo seis meses a um ano para atingir esses patamares de produção, tanto no caso da Nutrien como da Mosaic. A Mosaic interrompeu no ano passado a produção em duas minas da unidade de Esterhazy, na província de Saskatchewan, no Canadá, onde produzia ao redor de 2 milhões de toneladas de potássio. Já estava planejado transferir a produção das duas minas para a terceira, K3, quando esta entrasse em operação. Em seu site, a empresa informa que o projeto, de US$ 3 bilhões, está chegando às fases finais com a transição completa para produção na K3 prevista para o início de 2022. Mas, a empresa ainda não anunciou o início da operação completa no local. Com a nova mina, a produção da Mosaic poderia passar de 2 milhões para 4 milhões de toneladas.

Outros fornecedores de potássio para o Brasil, como a Alemanha, que no ano passado enviou 1,950 milhão de toneladas para o País, 9% do total importado, teriam capacidade mínima de aumentar sua produção para compensar a ausência de Rússia e Belarus do mercado, pois já estão produzindo na sua capacidade máxima. Com a perspectiva de que a demanda global por potássio seja de 25% a 30% superior à oferta neste ano, o ideal seria que todos os países consumidores do insumo diminuíssem seu consumo na mesma proporção. Se todos diminuíssem o uso entre 25% e 30%, haveria oferta para todos. No Brasil, seria possível fazer isso sem grande prejuízo de produtividade, porque as áreas abertas há muitos anos têm reservas no solo. Seria mais difícil abrir novas áreas e converter pastagens em áreas agrícolas, porque isso demanda muito fertilizante. É de se esperar que o Brasil tenha dificuldade para abrir novas áreas neste ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.