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11/Mar/2022

Fertilizantes: disparada no preço aflige produtores

Embora as negociações caminhem em ritmo lento no mercado brasileiro de fertilizantes desde o início da guerra na Ucrânia e muitas incertezas ainda estejam no radar, uma coisa é certa: a disparada de preços encareceu nutrientes que já vinham em forte alta no ano passado, elevará os custos da produção agrícola no país, ajudará a pressionar mais a inflação e poderá afetar o rendimento das lavouras, embora as áreas ocupadas por culturas como grãos e cana não devam diminuir. Num cenário de “preços que oscilam a cada ligação”, a tensão cresceu nesta semana, após um novo capítulo de sanções à Rússia publicadas na terça-feira (08/03) pelos Estados Unidos e União Europeia, que envolveu redução e até proibição de consumo de gás natural russo. O movimento trouxe mais turbulência para o segmento de fertilizantes nitrogenados, que têm o gás natural como matéria-prima. A dependência do Brasil de fornecedores internacionais em nitrogenados e potássio é de mais de 96%.

Com o movimento em gás natural, e em meio a tantas informações desencontradas, o clima é de nervosismo. Mas, agentes do setor privado e especialistas de mercado reforçam que a crise não põe em risco a safra 2022/2023. A Mosaic Fertilizantes afirmou que muitos agricultores brasileiros anteciparam compras em fevereiro. Com isso, os agricultores conseguem garantir estoques. O maior problema ainda é o potássio, visto que dois dos três maiores fornecedores globais, Rússia e Belarus, estão no imbróglio, ainda que não a ponto de prejudicar a semeadura das culturas. Haverá efeito sobre o custo, no entanto. Os fertilizantes respondem por 30% do custo dos produtores de grãos. Com as altas desde o ano passado, o percentual ronda de 35% a 40%. Assim, os menos capitalizados podem optar por reduzir a aplicação de adubos nas plantações, mesmo que a escassez não se aprofunde. Por causa das sanções recentes ao gás russo, o comportamento dos preços da ureia tem sido de alta.

Em menos de duas semanas, desde 24 de fevereiro, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, o macronutriente já subiu 50%. Em 8 de março, o valor da ureia estava perto do teto histórico de US$ 900,00 por tonelada. Até hoje, esse patamar havia sido alcançado em apenas duas ocasiões: no fim do ano passado e em 2008. Fortes movimentos (a alta de 50%, assim como a baixa de mais de 40% registrada em janeiro), são oscilações raras para o produto. O Brasil importa anualmente entre 8 milhões e 11 milhões de toneladas de ureia, volume que é quase todo o consumo. A produção local não alcança 2 milhões de toneladas. A Unigel, que arrendou duas fábricas da Petrobras em 2020, tem capacidade para 1,15 milhão de toneladas ano, equivalente a um terço da produção de ureia na América Latina. Nesta semana, percebe-se uma retomada lenta dos negócios no mercado de adubos. Neste momento, apesar dos altos preços, o segmento de nitrogenados tem mais movimento que os de potássicos e fosfatados.

Em potássio, a trava é maior em virtude do claro sinal de desabastecimento que se desenha. Rússia e Belarus entregam 24 milhões de toneladas para o mundo, e o Canadá, que está entre os três principais do segmento, não cobre essa ausência, nem mesmo somados os novos projetos, que, vale reforçar, não ofertarão minerais imediatamente. O potássio está cotado a US$ 803,00 por tonelada e o mercado está travado. Têm saído alguns negócios, a US$ 1.000,00 por tonelada e com perspectiva de alta. Não há muita oferta de potássio, e com os agricultores acreditando que vai faltar produto, todos querem comprar. Na semana passada, grandes empresas que atuam no Brasil, entre elas as três maiores (Mosaic, Yara e Fertipar) chegaram a retirar listas de referências de preços do mercado interno. Mas parte das companhias voltou a reapresentar listas. A indústria informou na semana passada, por meio de sua associação, a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), que há estoque para três meses, sem contar navios que estão a caminho. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.