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09/Mar/2022

Fretes marítimos: preços avançam devido à guerra

A guerra entre Rússia e Ucrânia já tem reflexos no transporte marítimo de cargas, devido ao aumento dos custos provocado pela alta dos preços dos combustíveis de navegação e do frete. Os custos, que já estavam nas alturas com os problemas de logística decorrentes da pandemia, dispararam e podem subir ainda mais se o conflito persistir. O cenário no transporte marítimo já estava desfavorável por conta da pandemia. O descompasso entre oferta e demanda elevou o preço do frete e agora, com a guerra, os especialistas já falam que o valor pode triplicar. Isso vai depender muito de como a frota global será afetada. Os preços dos combustíveis de navegação atingiram recordes históricos na América Latina após o início do conflito no Leste Europeu. O bunker, óleo combustível destinado ao abastecimento de navios de grande porte, teve alta de 84,2% apenas em fevereiro em rotas transatlânticas. E deve avançar ainda mais com a sanção pelos Estados Unidos da importação de óleo e petróleo. Isso causa um impacto grande no preço levando em consideração que de 15% a 30% do custo do transporte marítimo é o bunker.

No caso do frete, o preço, medido pelo Baltic Dry Index, divulgado diariamente pela Baltic Exchange em Londres, subiu 51% apenas em fevereiro. O índice é uma referência para o preço de movimentação das principais matérias-primas por via marítima. O Baltic Dry Index leva em consideração 23 rotas marítimas diferentes que transportam carvão, minério de ferro, grãos e outras commodities. De acordo com o Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave), que representa os transportadores marítimos, o impacto imediato do conflito no transporte global de contêineres ainda é pequeno, mas há uma grande preocupação com o rápido aumento dos custos de combustíveis. É preciso ponderar que se trata de um cenário volátil e que a situação pode mudar rapidamente. No momento, a mais evidente preocupação é o rápido aumento dos custos de combustíveis. No comércio internacional, 905 das cargas são feitas por transporte marítimo, que opera atualmente com o preço do frete nas alturas por falta de navios.

A expectativa do mercado era que a situação começasse a se normalizar entre o segundo semestre de 2022 e os primeiros seis meses de 2023, com a início da operação de vários navios que estão sendo construídos, mas o cenário de guerra mudou tudo. A expectativa era de que a situação começaria a se normalizar com a entrega de novos navios construídos. Falava-se em melhor equilíbrio entre oferta e demanda, mas agora a guerra agrava novamente a situação. Primeiro pelos embargos no comércio internacional e depois pela logística. O corredor do Mar Negro, por exemplo, extremamente importante para as commodities por fazer a ligação do Leste Europeu com o Oriente Médio, está comprometido. Alguns portos foram bombardeados na parte noroeste da Ucrânia e estão totalmente fechados. Isso impacta os contratos de transportes já em vigor e eleva as apólices de seguro, já que os navios que vão para aquela área têm de pagar maior prêmio de risco. Isso tudo também influencia o valor do frete. Nos estreitos de acesso ao Mar Negro há diversos navios aguardando uma definição.

Também há grandes armadores falando que não vão atracar na Rússia, o que agrava a situação. Muitos navios estavam chegando na Rússia para descarregar. Assim, há cada vez mais pressão na oferta. A Rússia utiliza o transporte marítimo para fornecer produtos para a Europa. Até a guerra começar, em 5 dias no máximo, os compradores recebiam os produtos russos na porta da fábrica. Agora, como a compra está sendo feita de países mais distantes, Austrália e Estados Unidos, por exemplo, a demora é maior para a entrega, podendo passar de 35 dias, outro impacto no frete. Com o conflito na Ucrânia, os associados estão seguindo medidas internacionais de segurança e, por isso, alguns armadores de contêineres já anunciaram paradas temporárias em reservas de carga de ou para a Rússia, cobrindo as áreas de acesso incluindo o Báltico, Mar Negro e Extremo Oriente da Rússia. Nesses casos, alguns armadores optaram por manter as reservas de carga para as entregas de bens essenciais, tais como alimentos, equipamentos médicos e bens humanitários. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.