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09/Mar/2022

Potássio: Congresso reage sobre minas no Brasil

A constatação de que a maioria das principais minas de potássio da Amazônia, substância usada em fertilizantes para o agronegócio, está localizada fora de terras indígenas, diferentemente do que diz o presidente Jair Bolsonaro, causou reação imediata no Congresso Nacional. O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) afirmou que Bolsonaro usa a guerra entre Rússia e Ucrânia para tentar avançar com um projeto de lei no Congresso Nacional, sem passar por debates, sob o argumento de que o Brasil precisa explorar o insumo, mas está impedido porque as minas estariam dentro de terras indígenas, que não permitem lavra mineral. Ele afirmou que Bolsonaro mente para convencer a população de que, para que o País extraia potássio, é preciso aprovar o PL 191, que abre margem para a devastação de terras indígenas. A guerra na Ucrânia é apenas a desculpa para Bolsonaro fazer o que deseja há muito tempo: violar terras indígenas, tornando-as disponíveis para todo tipo de exploração e destruição, concluiu o deputado.

O deputado Nilto Tatto (PT-SP) afirmou que o governo Bolsonaro age com extrema má-fé ao utilizar a guerra entre Rússia e Ucrânia e todo o clamor gerado na opinião pública dos possíveis impactos do conflito sobre o País, especialmente em relação à falta de fertilizantes para a agricultura, como justificativa de invasão de territórios indígenas e abertura indiscriminada à mineração e outras atividades exploratórias. Imagens de mapas mostram que a maior parte das jazidas conhecidas de potássio, e que já tem seus títulos minerários em nome da Petrobrás e da companhia canadense Potássio do Brasil, está fora de terras demarcadas. O Ministério de Minas e Energia, que é o autor do projeto de lei, foi questionado, mas não se manifestou. Na semana passada, a pasta declarou que o objetivo do PL é "corrigir uma lacuna" da Constituição Federal. O projeto também tem o apoio da bancada ruralista, uma das maiores do Congresso Nacional.

O governo federal se articula com o presidente da Câmara, Arthur Lira, para votar a urgência do Projeto de Lei 191/2020. O líder do governo na Casa, deputado Ricardo Barros (PP-PR) colhe assinaturas de parlamentares para aprovar um requerimento de votação em regime de urgência desse projeto. Caso esse requerimento seja aprovado pelo plenário, o texto já poderia ser submetido imediatamente à votação, atropelando o processo de discussão legislativa. A proposta que mira as terras indígenas está no alvo da manifestação “Ato pela Terra” que o cantor Caetano Veloso e dezenas de artistas farão nesta quarta-feira (09/03), em frente ao Congresso Nacional. Mais de 230 organizações da sociedade civil e movimentos sociais se juntaram a um grupo de cerca de 40 artistas. O evento inédito contra o “Pacote da Destruição” critica um conjunto de projetos de lei em tramitação no Congresso que, segundo seus organizadores, pode anistiar a grilagem, extinguir na prática o licenciamento ambiental e aumentar o esbulho sobre as terras indígenas.

Entre as organizações que até agora aderiram ao ato estão entidades ambientalistas, estudantis, indígenas, sindicais, do movimento negro e da academia. Cada um desses projetos retira dos brasileiros um pedaço de seu futuro, afirmam as organizações num manifesto. Para premiar um punhado de criminosos, eles condenam os ecossistemas, os assentamentos rurais, os indígenas e os quilombolas. Ampliam o abismo da desigualdade. Mergulham a economia no atraso e no descrédito externo e tornam o Brasil um risco climático global. As entidades pedem ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que nenhum dos projetos seja votado até que esteja alinhado com a ciência, com as demandas das populações tradicionais e com a emergência climática. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.