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08/Mar/2022

Fungicidas: crescem vendas para lavouras de soja

De acordo com o levantamento BIP da consultoria Spark Inteligência Estratégica, os fungicidas para controle da ferrugem asiática, principal doença da cultura da soja, movimentaram R$ 9 bilhões na safra 2020/2021. O aumento nas vendas da indústria desse tipo de produto foi de 10% na comparação com a safra 2019/2020 (R$ 8,5 bilhões). O valor investido equivale a 70% das vendas de produtos para controlar fungos nas lavouras da oleaginosa (R$ 12,8 bilhões) e a 29% do total negociado de defensivos agrícolas para a cultura da soja (R$ 31,4 bilhões). A soja representa em torno de 55% do mercado de defensivos. A ferrugem asiática é a preocupação central do sojicultor na safra. A doença identificada em 2001 exige do produtor diferentes estratégias de manejo, sobretudo em virtude do desenvolvimento de resistência pelo fungo causador da ferrugem (Phakopsora pachyrhizi) a determinados ingredientes ativos de fungicidas.

O aumento da área de soja de 5% observado em 2020/2021 no Brasil foi o principal fator que determinou o crescimento no uso de fungicidas para controle da doença. Só o que produtor investe para controlar a ferrugem supera o total desembolsado com inseticidas e herbicidas para a soja. Os dados mostram o segmento de inseticidas com vendas de R$ 7,880 bilhões, alta de 23% ante o ciclo anterior, e o de herbicidas, de R$ 6,940 bilhões, 20% acima de 2019/2020. O problema da resistência no País impulsionou a taxa de utilização dos "fungicidas multissítios" de 6% na safra 2014/2015 (R$ 75 milhões) para 70% no ciclo 2020/2021 (R$ 2,5 bilhões). O multissítio é um dos grandes pilares da recomendação do manejo da resistência da ferrugem. Diferentemente dos fungicidas que atuam de forma única, o multissítio tem várias frentes de ação contra a doença.

O produtor alterna a aplicação de fungicidas com diferentes modos-de-ação a fim de preservar a eficácia das tecnologias no controle da doença. Quando se afirma que a ferrugem está relativamente 'controlada' ou tem uma menor pressão, isso tem relação com o ambiente de manejo que produtor construiu nos últimos anos. Os resultados da safra 2021/2022 serão divulgados em abril. Por enquanto, é possível apenas sinalizar tendências, como queda do investimento nas áreas mais prejudicadas por adversidades climáticas. No Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, existem áreas em que o produtor não colheu, plantou milho por cima da soja. Nesses ambientes onde o clima foi muito agressivo, o número de aplicações foi muito menor. O produtor deixou de fazer aplicações no fim do ciclo por uma questão de não ter rentabilidade, de não ter possibilidade de colheita na lavoura. Ainda não é possível avaliar o impacto da mudança de calendário de plantio da soja sobre as vendas de produtos para ferrugem asiática.

Só será possível trazer isso olhando os dados dos próximos estudos. Por mais que a amplitude do período para semeadura seja alterada, não se sabe o quanto isso vai afetar o planejamento final. A tendência cada vez mais é que produtor antecipe o plantio da soja, com variedades mais recentes, e colha antes para poder entrar com a segunda safra. O estudo aponta ainda que, além da ferrugem asiática, outras doenças da soja, antes vistas como secundárias, ganharam relevância no mercado de fungicidas. Foi observada pelo menos uma aplicação de produto para controle de manchas em 85% das lavouras de Mato Grosso e em 79% das de Mato Grosso do Sul. No MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), 90% das áreas passaram por tratamento para controlar manchas e antracnose. Nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, o oídio foi o foco de aplicações em 55% das áreas cultivadas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.