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08/Mar/2022

Fertilizantes: compras antecipadas estão atrasadas

Os preços elevados dos fertilizantes e a consequente deterioração da relação de troca entre commodity e adubo desestimularam a antecipação das compras dos insumos pelos produtores brasileiros para aplicação neste ano. Para uso na safra de inverno 2021/2022, o ritmo das compras está 16% atrás de igual período do ano passado, enquanto para aplicação na safra de grãos de verão 2022/2023, há atraso de 15% na fixação dos preços dos adubos. Há atraso significativo na comercialização neste ano. Os produtores estavam segurando as compras dos adubos na expectativa de recuo nas cotações a partir do segundo trimestre deste ano, cenário que era considerado provável pelo mercado. Os preços dos fertilizantes estavam muito altos, enquanto os dos grãos estavam razoavelmente mais baixos. A partir de janeiro, as relações de troca estavam favoráveis ao produtor, porque os grãos subiram com a quebra de safra. Entretanto, os problemas geopolíticos no Leste Europeu impulsionaram as cotações dos adubos e agora falta muito para comprar.

Além do atraso na comparação anual, observa-se que as compras estão evoluindo mais lentamente do que em anos anteriores, mesmo com a aproximação do período de adubação. Tanto a comercialização para o primeiro semestre quanto para o segundo semestre avançou apenas 11% e 9% de novembro para fevereiro, respectivamente, quando no mesmo intervalo do ano passado, o progresso foi de 28% e 19%. Até o fim de fevereiro, 60% dos adubos a serem utilizados nas lavouras brasileiras neste primeiro semestre, período de semeadura das culturas de inverno como milho 2ª safra, trigo e algodão tinham sido comercializados. Em igual período do ano passado, o produtor já havia garantido 76% dos adubos a serem aplicados na safra de inverno. A comercialização antecipada de fertilizantes para uso no primeiro semestre vem evoluindo lentamente desde maio do ano passado. O maior atraso na venda antecipada de fertilizantes para uso no primeiro semestre, de 13%, é observado na Região Centro-Oeste, que lidera a produção de milho 2ª safra e de algodão, e que semeia antes que as outras regiões.

O índice de negociação dos adubos atingiu 66% do volume necessário na Região em fevereiro deste ano, ante 79% observado em igual período do ano passado. Atrás da Região Centro-Oeste, aparecem as Regiões Norte/Nordeste e Sudeste, ambas com 59% do volume comercializado, contra 58% e 54% reportados em fevereiro de 2021, respectivamente. A Região Sul foi a região que ficou mais distante da média nacional, com 56% das compras asseguradas, ante 65% há um ano. A desaceleração das compras é reportada também na comercialização para aplicação no segundo semestre do ano, período de plantio da safra de verão (1ª safra 2022/2023), e nas grandes regiões produtoras de grãos de verão. Até o fim de fevereiro, 28% dos fertilizantes a serem adquiridos na primeira metade da temporada 2022/2023 já haviam sido comprados pelos produtores brasileiros ante 43% de igual período do ano passado. As compras de adubos para o segundo semestre começaram a serem feitas em novembro do ano passado.

Aproximadamente dois terços dos adubos consumidos anualmente no Brasil são utilizados na segunda metade do ano. Desse volume, a maior parte é aplicada a partir de setembro, quando começa o plantio da soja e do milho safra de verão (1ª safra). Na Região Centro-Oeste, o recuo na comercialização antecipada para o segundo semestre é ainda maior que o índice nacional, de 24%. No período reportado, 28% dos adubos já haviam sido contratados, idem à média nacional ante 52% reportado em fevereiro do ano passado. A Região Norte/Nordeste garantiu 37% dos fertilizantes para a segunda metade do ano, contra 45% há um ano. A Região Sul comprou 28% dos adubos necessários para o segundo semestre (ante 31% de fevereiro/2021) e a Região Sudeste assegurou 24% dos adubos (contra 22% há um ano). O levantamento foi feito até o fim de fevereiro com misturadoras, distribuidoras, cooperativas, médios e grandes produtores de todas as regiões do País e considera as vendas de adubos por meio da fixação de preços e fechamento de contratos para entrega futura.

A pesquisa compreendeu uma área de 26 milhões de hectares, equivalente a 43% da área semeada com grãos na safra 2021/2022. A retração das compras de adubos começou a ser observada no fim do ano passado, após um longo período, desde 2019, em que o produtor vinha assegurando cada vez mais antecipadamente o seu pacote de adubação, especialmente para grãos. O adiantamento se intensificava conforme a relação de troca (quantidade necessária de determinada commodity para compra de 1 tonelada de adubo) ficava mais favorável ao produtor. Essa relação, contudo, está menos favorável, em virtude das altas contínuas dos preços dos adubos. Ou seja, o poder de compra de fertilizantes pelo agricultor brasileiro está menor, apesar das cotações sustentadas das commodities. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.