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04/Mar/2022

Fertilizantes: venda de fábrica para Acron ameaçada

A invasão militar russa na Ucrânia deve atrapalhar a venda da fábrica de fertilizantes nitrogenados UFN-III, instalada em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul (MS), pela Petrobras. A estatal negociava com a empresa russa Acron a unidade, que está à venda desde 2020 e deve ser a última das três a ser vendida na lista de desinvestimentos da estatal. Apesar de o negócio estar acertado desde fevereiro entre as companhias, sua conclusão está pendente do aval da área de governança e deve ser afetada pelas sanções econômicas à Rússia. Tudo vai depender da extensão da guerra e de seus efeitos sobre o caixa da Acron. Segundo o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), o acesso do Banco Central e das empresas russas às suas reservas e a ativos em dólar estão bloqueados e foram cancelados do sistema de pagamento internacional, o Swift.

Sem poder movimentar dinheiro, a Acron não pode fechar o negócio, pelo menos por enquanto. Esse não é um problema para a Petrobras, porque a assinatura do contrato não estava prevista os próximos dias. Alguns trâmites internos ainda têm de ser cumpridos, o que costuma levar meses. O problema é que os dois lados, Petrobras e Acron, estavam empenhados em acelerar o processo para que a empresa russa começasse a operar a fábrica já em julho. O negócio só será inviabilizado se a guerra e os efeitos da sanção econômica se estenderem por mais tempo e a Acron perder o fôlego para novas aquisições. No dia 11 de fevereiro, quando a guerra na Ucrânia ainda era apenas uma tensão geopolítica, o vice-presidente da empresa, Vladimir Kantor, foi ao Mato Grosso do Sul acompanhado de representantes da Petrobras, para conversar com o governador.

O encontro foi comemorado pelo governo local, que há anos aguarda por um investidor na UFN-III. A unidade começou a ser construída em 2011. Três anos depois, as obras foram paralisadas com 81% das instalações de pé. Hoje, a fábrica é um esqueleto em Três Lagoas e todo esforço da Petrobras se limita a evitar a degradação dos equipamentos. O encontro dos executivos com o governo local foi marcado, exatamente, para acelerar o início das operações. Um grupo de trabalho foi formado para elaborar o documento que oficializasse os benefícios fiscais oferecidos pelo Estado para a retomada da obra. A UFN-III foi idealizada no momento em que a Petrobras pretendia aproveitar o grande volume de gás que espera produzir no pré-sal como matéria-prima, em diferentes frentes de negócios. Uma das mais evidentes seria na produção de fertilizantes, importado em grande escala pelo setor agrícola brasileiro.

Em 2014, no entanto, os planos mudaram. Sob nova gestão, com prioridade voltada a resolver as finanças da estatal, a Petrobras optou por vender todos os ativos que não estivessem relacionados a seu negócio principal, a exploração e produção de petróleo bruto e gás, em águas profundas e ultraprofundas. Para a Acron, o negócio é vantajoso. A empresa russa é uma das líderes mundiais no fornecimento de fertilizantes. Em seu site, afirma ter vendido seus produtos para 74 países em 2020. Entre seus principais mercados, estão Rússia, Brasil, Europa e Estados Unidos, nesta ordem. Na UFN-III, ela teria a chance de produzir 3,6 mil toneladas por dia de ureia e 2,2 mil toneladas por dia de amônia, a partir de 2,2 milhões de m² por dia de gás. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.