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03/Mar/2022

Fertilizantes: sanções à Belarus anteriores à guerra

A interrupção no fornecimento de cloreto de potássio (KCl) de Belarus ao Brasil não tem relação direta com a guerra entre Rússia e Ucrânia, apesar de fontes do mercado comentarem que há certo nervosismo e muita informação desencontrada sobre este assunto. Nesta quarta-feira (02/03), cresceram rumores no mercado de que Belarus havia suspendido "por vontade própria" as exportações do fertilizante ao Brasil e de que o fluxo logístico do insumo na Europa estaria interrompido em virtude da guerra Rússia/Ucrânia. Embora haja de fato uma interrupção no fluxo e ele tenha como pano de fundo razões geopolíticas, elas não estão, pelo menos por enquanto, ligadas à guerra Rússia/Ucrânia. Trata-se de sanções econômicas anteriores, tomadas no ano passado contra Belarus por Estados Unidos e União Europeia. A medida proíbe empresas norte-americanas e europeias de estabelecer negócios com companhias de Belarus, incluindo embargo a pagamentos feitos por instituições financeiras dessas duas regiões. As sanções são retaliações do bloco Estados Unidos/União Europeia ao regime do presidente de Belarus, Aleksandr Lukashenko, especialmente à política migratória.

Desta forma, desde dezembro, as estatais produtoras e comercializadoras de potássio bielorrusso foram inclusas no rol dessas sanções, começando pela produtora estatal Belaruskali. A interrupção de fato dos embarques do fertilizante da Belarus, também para o Brasil, começou em 1º de fevereiro, ou seja, bem antes do início do conflito entre Rússia e Ucrânia. A Lituânia, país do Mar Báltico que é membro da União Europeia e tem de aderir às sanções do bloco, proibiu, desde esta data, Belarus de utilizar sua ferrovia estatal, que é a principal rota de escoamento para o país enviar cargas ao Porto de Klaipeda, na Lituânia. Embargos sobre a estatal Belarusian Potash Company (BPC), que exporta praticamente a totalidade do volume de fertilizantes produzido no país, entrarão em vigência em 1º de abril. Entretanto, mesmo ainda não estando na atual lista de sanções, a BPC também encontra dificuldade em escoar o produto em virtude do bloqueio lituano.

Tal medida impossibilita tanto os exportadores estatais de escoar o produto quanto os privados, que representam participação pequena no mercado. Assim, apesar de a União Europeia ter afirmado que vai impor novas sanções a exportações de Belarus por suposta ajuda do país à Rússia na invasão à Ucrânia, os embargos ainda não foram detalhados e não se sabe se abrangerão a indústria de adubos. Sob o ponto de vista comercial, mesmo que o Brasil não compactue, pelo menos por enquanto e fora do cenário de guerra, com sanções contra Belarus, as empresas brasileiras sentem os reflexos dos embargos norte-americano e europeu, por efetivarem pagamentos em dólar pelo fertilizante de Belarus. Assim como a importação de adubo de Belarus é importante para o País, as vendas de adubos do país do Leste Europeu para o Brasil são relevantes para Belarus, não havendo, portanto, interesse em não comercializar com um de seus principais mercados. Belarus contribui com cerca de 20% do cloreto de potássio importado anualmente pelo Brasil. O cloreto de potássio representa um terço do volume total de adubos internalizado por ano pelo Brasil. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.