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02/Mar/2022

Fertilizantes: Brasil é dependente da oferta russa

Segundo o Rabobank, a possibilidade de o Brasil recorrer a outras origens para garantir o abastecimento de adubos em caso de interrupção do fornecimento russo supriria as necessidades do País apenas parcialmente. O Brasil é o maior mercado, por isso recorrer a outras origens seria parcial, muito pequeno para atender todo o abastecimento interno. Não haverá falta dos insumos no mundo, mas oferta mais apertada. A Rússia é o principal fornecedor de adubos ao Brasil, com cerca de 20% dos adubos internalizados anualmente. É preciso ver também como os demais compradores de adubos russos vão conseguir substituir o fornecimento por outras regiões como Canadá e Oriente Médio. Desde o ano passado, o mercado mundial de adubos enfrenta desequilíbrio entre oferta e demanda.

A busca de outras alternativas para o abastecimento local foi aventada pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, quando questionada sobre os impactos da crise sobre o setor de fertilizantes. A ministra disse que o País tem alternativas para poder substituir caso haja algum problema com a oferta de fertilizantes da Rússia após o conflito com a Ucrânia. Entre as origens alternativas, Tereza Cristina citou o Canadá e o Marrocos. A hipótese de bloqueio nas exportações russas de adubos ou dificuldades no escoamento destes insumos é considerada em virtude das ameaças de países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de que irão impor sanções econômicas duras ao país após a invasão de território ucraniano por tropas militares russas.

Neste primeiro momento, há um risco de abastecimento maior de adubos ao Brasil, mas não é, ainda, uma possibilidade concreta. A depender da implantação e do peso e da agilidade de implantação das sanções, eles poderão continuar exportando adubos. Mas, não é possível excluir este risco cada vez maior do cenário. O risco é maior no fornecimento de potássio, já que eventuais sanções sobre a Rússia se somariam à ausência da oferta de Belarus do mercado (juntas respondem por 40% do fornecimento mundial de cloreto de potássio). É preciso acompanhar a evolução do conflito e consequências diariamente para avaliar o tamanho do risco.

Os impactos deste conflito, com o encarecimento dos adubos, e o risco quanto ao abastecimento tendem a ser sentidos com maior força pelos produtores brasileiros na aquisição de fertilizantes para a safra de grãos 2022/2023, semeada a partir de setembro, e na adubação das culturas perenes, parte realizada no segundo semestre. O produtor está exatamente no período de compras para a próxima safra. Ele postergou a aquisição aguardando uma queda nos preços dos adubos, que era esperada. O tamanho do impacto de preços que será repassado ao produtor é uma incógnita ainda. Agora, os produtores terão maior custo de produção ao passo que a reação das cotações se estenda para o mercado físico e dependerá do tempo de duração do conflito. O impacto já observado nos preços futuros e físicos dos adubos é esperado como primeiro efeito nestes tipos de conflitos.

Esse movimento também altera as tendências para preços dos fertilizantes e fundamentos do setor no curto prazo. Os nitrogenados estavam caindo e voltaram a subir neste momento, fosfato estava de lado e deve subir bastante e potássio tende a ter reação maio. É difícil que haja acomodação ou arrefecimento dos preços internacionais dos fertilizantes ainda neste primeiro trimestre, caso o conflito se estenda. Para o segundo trimestre, é preciso esperar para ver o que vai acontecer. Mas, um prolongamento do conflito dificulta que preços cedam ou estabilizem. Em relação ao fornecimento mundial dos adubos, se as sanções econômicas englobarem o setor ou transações financeiras, deve haver redução da oferta no mercado externo em um primeiro momento.

A Rússia é o segundo maior exportador mundial de nitrogenados e terceiro maior exportador global de fosfatados e potássicos, contribuindo com 16% dos adubos exportados no mundo. Em um segundo momento, com proximidade da Rússia com a China, parte dos adubos russos poderia ser escoada e comercializada ao mundo por meio da China, o que poderia gerar alívio na oferta, embora provavelmente com custo logístico mais alto. A questão comercial (eventual dificuldade de a Rússia exportar seus adubos) é mais preponderante neste momento que a logística, mas com acirramento do conflito o escoamento pelo Mar Negro ou Báltico pode ficar inviabilizado. Não é possível descartar prejuízos ao escoamento dos adubos, dependendo da localização geográfica dos conflitos e acesso aos portos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.