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04/Fev/2022

Fertilizantes: menor oferta de nitrato de amônia

Segundo o Itaú BBA, as lavouras brasileiras de cana-de-açúcar, café e hortifrútis devem ser as mais afetadas pelo aperto na oferta global de nitrato de amônio (NAM) após o bloqueio das exportações russas do ativo por dois meses (até abril/2022). Estas culturas possuem adubação mais longa e estão no período de concentração de compras do produto. Pode haver volume já comprado para aplicação em fevereiro e março, principalmente para a cana e hortifrútis. Depois desse período, pode haver faltas pontuais do ativo para abastecer a safra. Para o café, cultura cujo pico de adubação é em meados de junho a julho, a situação de oferta apertada pode estar amenizada. Além de enfrentar escassez na disponibilidade do produto, estas culturas tendem a observar mais rapidamente o encarecimento da adubação, já que a nova restrição é um novo fator altista para todo o complexo de nitrogenados. O Brasil importa cerca de 1,5 milhão de toneladas de NAM por ano. Deste volume, aproximadamente 98% vêm da Rússia.

Não deve haver desabastecimento do produto no mercado brasileiro mesmo com a ausência do fornecimento da Rússia até abril. O Brasil tem produção disponível que pode ajudar a compensar o volume no mercado interno. Além disso, há cargas compradas e navios chegando nas próximas semanas. É possível que haja um período sem importação do ativo, mas não com corte total no fluxo. Além da produção interna, o nitrato de amônio tende a ser substituído por outros adubos do complexo de nitrogenados, como a ureia. Não se espera pela falta de nitrogenados para a safra e sim a substituição de parte por outros adubos, talvez menos eficientes e mais caros. A Rússia é a maior fornecedora mundial do NAM e, por isso, qualquer recuo na sua comercialização externa reflete na oferta global do ativo. O governo russo anunciou a proibição das exportações do NAM a partir do dia 1º de fevereiro até o 1º de abril.

O Ministério da Agricultura da Rússia alegou haver necessidade adicional do nutriente no mercado interno em virtude do atraso na semeadura da safra de primavera. A restrição permitirá o fornecimento adequado do NAM aos agricultores locais e impedirá o aumento dos preços do adubo em condições de demanda aquecida. Anteriormente, o país havia adotado cotas para limitar a comercialização externa do produto por seis meses (de dezembro do ano passado a maio deste ano). A exportação de NAM estava restrita a 745 mil toneladas, redução de 58% sobre o exportado pelo país em igual período sem cota. No cenário internacional, o efeito imediato será o fortalecimento das cotações de todo o complexo de nitrogenados, além do próprio NAM. O aumento dos preços deve ocorrer principalmente pela redução na disponibilidade do ativo e pela eventual demanda de outros nitrogenados como alternativa de substituição do NAM, que pode fornecer suporte às cotações, caso a oferta do nutriente fique muito restrita.

Os países do Hemisfério Norte tendem a sentir primeiro os reflexos da medida porque utilizam o nitrato no inverno. A maior parte do volume já deve estar comprada e nos portos para escoamento. Sobre buscar o produto em outras origens, a Rússia é o grande fornecedor global do NAM, com alguns outros países produzindo o nutriente apenas para consumo interno. Não há expectativa de que a proibição possa se estender a demais fertilizantes que possuem as exportações já limitadas por cotas, como era o caso do NAM. De dezembro do ano passado a maio deste ano, a Rússia permitiu exportação de no máximo 4 milhões de toneladas de ureia e de 1,3 milhão de toneladas de fosfato monoamônico (MAP). Essa proibição no NAM deve-se à atual safra de primavera, para qual a aplicação inicia neste momento, visando ao abastecimento do mercado interno e limitar preços mais elevados. No curto prazo, a medida será voltada ao NAM. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.