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02/Dez/2021

Defensivos: preocupações com a 2ª safra de 2022

Segundo a CropLife Brasil, entidade que reúne empresas de defensivos e sementes e instituições de pesquisa, os fabricantes de agroquímicos, distribuidoras de insumos e cooperativas agrícolas têm estocado somente 30% do volume de herbicidas necessário para atender à demanda de produtores brasileiros para a 2ª safra de milho de 2022. Foi feito um alerta sobre a possibilidade de escassez de diversos herbicidas utilizados nas lavouras do cereal. Os estoques das revendas de insumos, cooperativas e de empresas mais organizadas, que anteciparam compras, é que garantiram a safra de verão (1ª safra 2021/2022) no Brasil. Porém, quando chegar a época da 2ª safra de 2022, as reservas de glifosato, glufosinato, acefato, mancozeb e outros herbicidas vão estar esgotadas.

As reclamações de falta de produto até agora foram pontuais; para a safra de verão (1ª safra 2021/2022) não há muito problema. Daqui para frente é que a situação pode se complicar. A oferta limitada de herbicidas está relacionada à crise energética na China, resultante da escassez de carvão no país e de metas do governo chinês de redução de emissões de gases estufa. Tal contexto levou a administração local a delimitar diferentes limites de consumo de eletricidade para cada "zona" do país, o que afetou províncias produtoras de fósforo amarelo, principal matéria-prima de herbicidas amplamente usados nas lavouras brasileiras, como o glifosato. Fábricas das províncias de YunNan e Jiangsu, localizadas na chamada "zona vermelha", sofreram redução de até 90% na disponibilidade de energia para consumo no restante deste ano. A oferta chinesa de matérias-primas para herbicidas não é trivial: do país saem aproximadamente 32% dos insumos importados pelo Brasil.

Outros países têm peso menor no abastecimento da indústria nacional: a Índia fornece ao redor de 11% de princípios ativos e insumos, bem como os Estados Unidos. Dado que o ciclo de importação de insumos da China pelo Brasil demora de 60 a 90 dias, o setor espera que a logística de transporte de insumos e a produção chinesa retomem o ritmo rapidamente. Se até meados de dezembro não houver melhoria na logística e retomada da produção, haverá problema no Brasil em março. Os preços do glifosato já subiram cerca de 300% desde setembro. Resolver a crise de abastecimento de matérias-primas para a indústria de defensivos, contudo, tende a ser mais complexo do que a negociação do governo brasileiro para garantir a entrega de fertilizantes ao Brasil no ano que vem. Isso porque o mercado chinês de insumos é mais pulverizado do que o mercado global de fertilizantes, concentrado em poucos e gigantes fabricantes.

A conversa com a China sobre princípios ativos para defensivos é mais difícil porque tem muito mais empresas no meio, mas a argumentação com o governo chinês é a mesma: mostrar que há uma interdependência, e que o resultado do desequilíbrio no mercado brasileiro vai voltar para os chineses, pois quase metade da soja brasileira se destina à China e o país é um grande consumidor de carne de frango, cuja produção é altamente dependente de milho, usado na ração do plantel. Garantir o abastecimento de insumos para herbicidas no próximo ano, como ocorreu no caso dos fertilizantes, seria uma opção menos provável. Já negociar com o governo chinês que províncias relevantes para a produção do fósforo amarelo sejam reclassificadas para zonas geográficas com maior disponibilidade de energia seria plausível.

Com otimismo, o Brasil poderia obter garantia de que estas províncias iriam para uma outra lista, por exemplo. O Ministério da Economia já realizou três reuniões sobre o tema, uma com produtores, outra com a indústria de agroquímicos e mais uma com representantes dos dois grupos, para avaliar o quadro de abastecimento interno. Tanto empresas como produtores responderam a questionamentos da pasta, sobre falta de produtos e o quadro geral, e o Ministério continua monitorando informações sobre o mercado internacional de defensivos. O Ministério da Agricultura também vem acompanhando e esse trabalho continua, é uma conversa permanente. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.