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02/Dez/2021

Defensivos: falta de glifosato gera preocupações

Segundo a Universidade Estadual Paulista (Unesp), uma eventual escassez de glifosato e outros herbicidas utilizados nas lavouras brasileiras, no início de 2022, poderia ser minimizada pelo uso de produtos de controle biológico e herbicidas pós-emergentes, mas provavelmente haveria queda de produtividade no campo. O glifosato é a base para o plantio direto e não existe um substituto para ele. Se houver falta do herbicida, o Brasil terá que trabalhar com mais de um produto combinado para ter uma eficiência menor com custo muito mais alto, a fim de suprir a deficiência do insumo. O glifosato é utilizado para a dessecação na lavoura, matando ervas daninhas. A CropLife afirmou que os fabricantes de agroquímicos, distribuidoras de insumos e cooperativas agrícolas têm estocado somente 30% do volume de herbicidas necessário para atender à demanda de produtores brasileiros para a 2ª safra de milho de 2022.

Há possibilidade de escassez de diversos herbicidas utilizados nas lavouras do cereal a partir de fevereiro ou março, caso o ritmo de produção de insumos para produção de herbicidas na China não seja retomado. O país reduziu o consumo de energia por causa da oferta de carvão e metas climáticas, o que tem afetado a atividade industrial e continuam ocorrendo gargalos logísticos no mercado internacional. A falta de herbicidas no próximo ano também pode levar a um encolhimento do mercado em volume, mesmo que haja um crescimento em valor, em virtude do aumento dos preços dos produtos, decorrente da oferta escassa. Em 2022 deve haver uma turbulência, um encolhimento em volume do mercado, ainda que um aumento em valor. Em 2020, o mercado de defensivos agrícolas no Brasil caiu 10,4% e atingiu faturamento de US$ 12,1 bilhões. O valor do mercado em Real aumentou 10%, para R$ 59,1 bilhões.

A área tratada com agroquímicos no Brasil também cresceu, 6,9%, e chegou a 1,6 bilhão de hectares, 107 milhões a mais do que em 2019, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg). Em uma eventual escassez do glifosato, os agricultores poderiam recorrer herbicidas pré e pós emergência (da erva daninha), mas teriam de utilizar mais de um produto para fazer o efeito do glifosato. Não há produtos (pré e pós emergência) de espectro amplo, então o produtor tem que utilizar uma combinação de herbicidas, e isso tem um impacto no custo. Quando surge uma planta daninha resistente ao glifosato, aumenta de três a quatro vezes o custo do manejo. Sobre a possibilidade de empregar mais produtos de controle biológico para contornar uma possível falta de glifosato e outros herbicidas, não há nada que atue nem de forma similar para combater plantas daninhas.

A CropLife lembra que os biodefensivos representam de 2% a 3% do mercado total de defensivos e que, também por isso, não conseguiriam suprir a demanda de curto prazo. Se dobrar a capacidade instalada e vender no ano que vem, trará só um pouco de melhoria. Diplomacia do governo brasileiro com o chinês, uso de produtos pré e pós emergentes, biológicos e técnicas de manejo ajudarão, mas pode ter falta de herbicida na 2ª safra de 2022. É muito provável que ocorra uma redução de produtividade nas lavouras do Brasil. Talvez a soja da safra 2021/2022 seja menos afetada, mas a 2ª safra de 2022 ficará mais vulnerável à volatilidade de preços e à falta de produtos. Também haverá retrocesso na sustentabilidade da agricultura, que passa pela produtividade. O preço do glifosato já aumentou cerca de 300% nos últimos dois meses. Além das lavouras de soja, milho e algodão, também são dependentes do glifosato as plantações de café e citros e, em pequena proporção, as de cana-de-açúcar e a horticultura. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.