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25/Nov/2021

Fertilizantes: preço desestimula compra antecipada

Os preços elevados dos fertilizantes e a consequente deterioração da relação de troca entre commodity e adubo desestimularam a antecipação das compras dos insumos pelos produtores para aplicação no ano que vem. Para uso na 2ª safra de 2022, o ritmo das compras está 1% à frente de igual período do ano passado, enquanto para aplicação na safra de grãos de verão (1ª safra 2022/2023), há atraso de 5% na fixação dos preços dos adubos. A retração é constatada após um longo período, a partir de 2019, em que o produtor vinha assegurando cada vez mais antecipadamente o seu pacote de adubação, especialmente para grãos. Diferentemente de 2019 e 2020, quando houve uma forte antecipação de compra a partir do quarto trimestre, neste ano, em virtude dos elevados níveis de preços dos adubos e relações de trocas com diversas culturas desfavoráveis, observa-se uma retração do produtor em antecipar as compras para as próximas safras.

Até a terceira semana de novembro, 49% dos adubos a serem utilizados nas lavouras brasileiras no primeiro semestre do ano que vem, período de semeadura das culturas de inverno como milho 2ª safra, trigo e algodão, já tinham sido comercializados. A comercialização antecipada de fertilizantes para uso no primeiro semestre do ano que vem estava acelerada até o fim de maio e depois foi avançando em ritmo mais lento. Em maio, 28% dos insumos para o período já haviam sido garantidos pelos produtores e em agosto, o índice atingiu 39%. Apesar do ritmo geral de compras para uso na safra de inverno estar 1% à frente de igual período do ano passado, há um recuo de 12% na comercialização dos fertilizantes na Região Centro-Oeste, que lidera a produção de milho 2ª safra e de algodão. O índice de negociação dos adubos atingiu 59% do volume necessário na região em novembro deste ano, ante 71% observado em igual período do ano passado. Atrás da Região Centro-Oeste, aparece as Regiões Norte/Nordeste e Sul, com 50% e 45% do volume comercializado, respectivamente.

A Região Sudeste ficou abaixo da média nacional, com 39% das compras asseguradas. A desaceleração das compras é mais acentuada na comercialização para aplicação no segundo semestre de 2022, período de plantio da safra de verão (1ª safra 2022/2023), e nas grandes regiões produtoras de grãos de verão. Até a terceira semana de novembro, 19% dos fertilizantes a serem adquiridos na primeira metade da temporada 2022/2023 já haviam sido comprados pelos produtores ante 24% de igual período do ano passado. Em agosto deste ano, ainda não havia indicação de compra para o segundo semestre do ano que vem. Aproximadamente dois terços dos adubos consumidos anualmente no Brasil são utilizados na segunda metade do ano. Desse volume, a maior parte é aplicada a partir de setembro, quando começa o plantio da soja e do milho safra de verão (1ª safra). Na Região Centro-Oeste, o recuo na comercialização antecipada para o segundo semestre de 2022 é ainda maior que o índice nacional, de 14%.

No período reportado, 22% dos adubos já haviam sido contratados ante 36% reportado em novembro do ano passado. A Região Sudeste garantiu 20% dos fertilizantes para a segunda metade do próximo ano, enquanto nas Região Norte/Nordeste, o índice é de 18% e, na Região Sul, 16%. O levantamento foi feito até a terceira semana deste mês com misturadoras, distribuidoras, cooperativas, médios e grandes produtores de todas as regiões do País e considera as vendas de adubos por meio da fixação de preços e fechamento de contratos para entrega futura. A pesquisa compreendeu uma área de 25 milhões de hectares, equivalente a 41% da área semeada com grãos na safra 2020/2021. O movimento de adiantamento das compras de adubos, observado desde 2019, se intensificava conforme a relação de troca, quantidade necessária de determinada commodity para compra de 1 tonelada de adubo, ficava mais favorável ao produtor.

Essa relação, contudo, está menos favorável ao produtor, em virtude das altas contínuas dos preços dos adubos. Ou seja, o poder de compra de fertilizantes do agricultor brasileiro está menor, apesar das cotações sustentadas das commodities. O valor pago para importar os principais macronutrientes para o Brasil subiu mais de 98% desde o início do ano. O preço da ureia CRF Brasil avançou 201% de janeiro a novembro deste ano para US$ 874 por tonelada. A cotação do cloreto de potássio avançou 228% na mesma comparação para US$ 803 por tonelada, enquanto o preço do fosfato monoamônico (MAP) subiu 98% para US$ 833,00 por tonelada. Para este ano, a estimativa é de crescimento de 8% nas entregas de fertilizantes ao consumidor final no Brasil para 43,81 milhões de toneladas ante 40,56 milhões de toneladas consumidas internamente no ano passado. A maior demanda deve-se à maior área plantada de grãos e cenário otimista para a rentabilidade das culturas brasileiras. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.