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25/Nov/2021

Fertilizantes: alta afeta as margens de produtores

O impacto da alta de custos de fertilizantes para a margem do produtor brasileiro e o risco de falta de produtos a partir de 2022 direcionaram as discussões em evento realizado na terça-feira (23/11) pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). A escalada das cotações vai impactar as margens do agricultor a partir de 2022, mas melhoras logísticas e os preços internacionais elevados das commodities poderão limitar a redução. Indústrias como a Mosaic Fertilizantes, uma das maiores fornecedoras do mundo, não enxergam risco para os negócios. O real desafio para o consumo de fertilizantes será para as agriculturas de subsistência mundo afora. A International Fertilizer Association (IFA) afirmou que que três classes de fatores disruptivos afetaram o segmento em 2021, levando a altas históricas de preços de nutrientes.

São eles: os eventos relacionados ao clima, que afetaram unidades produtoras nos Estados Unidos; a disparada de preços de energia, como a do gás natural (matéria-prima para nitrogenados e fosfatados); e decisões políticas em países fornecedores. Por isso, os movimentos de Rússia, China e Belarus estão no radar dos brasileiros. A Rússia estabeleceu, recentemente, cotas de exportação para nitrogenados e fertilizantes especiais, com o fim de assegurar o fornecimento em seu mercado interno. Como a Rússia fornece 20% do que o Brasil consome em adubos, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, foi ao país, na semana passada, conversar com autoridades e empresas para garantir o cumprimento de contratos. A medida do governo russo deverá valer a partir de dezembro. Há cerca de duas semanas, a ministra também conversou com um representante da Belaruskali que esteve no Brasil.

A estatal de Belarus é uma das maiores exportadoras de potássio do mundo, e as sanções aplicadas neste ano àquele país pelos Estados Unidos e pela União Europeia podem trazer reflexos às importações pelo Brasil. A ministra afirmou que irá ao Canadá em dezembro. O país também é um fornecedor importante, sobretudo de potássio. Por causa das dificuldades que surgiram no cenário global após a pandemia, não apenas para adquirir fertilizantes, o Ministério da Agricultura vai criar um grupo temático para discutir questões relacionadas a insumos. A ministra afirmou, ainda, que as preocupações relacionadas à normalidade de fornecimento de insumos não envolvem ciclos produtivos no curto prazo, e as ações estão sendo tomadas de olho na safra 2022/2023. Em outra frente, o governo prepara o Plano Nacional de Fertilizantes, com o intuito de reduzir a dependência externa. O Brasil importa cerca de 85% dos adubos que consome.

Preocupações e iniciativas à parte, a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) não acredita em falta de insumos, mar em alta nos preços. Preocupa a situação dos pequenos e médios produtores. Os produtores de culturas perenes, como café e cana-de-açúcar, terão de tomar decisões para a compra de insumos agora quando a visão dos preços das commodities em dois ou três anos não é clara. Há um desequilíbrio entre oferta e demanda mundial. A alta de insumos vai pesar no bolso do agricultor brasileiro, mas a produção continuará competitiva em relação à dos Estados Unidos. Os norte-americanos também são importantes fornecedores globais de grãos como soja e milho. A avaliação é de Carlos Cogo, Diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio. De acordo com uma simulação apresentada por ele, se o produtor brasileiro de soja tomasse a decisão, hoje, de comprar fertilizantes para a próxima temporada, gastaria duas vezes e meia a mais do que investiu na safra cultivada em setembro deste ano.

No plantio atual, o agricultor precisou de 6,4 sacas de 60 Kg da oleaginosa para comprar adubo para 1 hectare. “Apesar disso, ainda haveria margem líquida positiva”, disse Cogo. “Mesmo no pior ambiente possível, o produtor brasileiro ainda tem rentabilidade maior do que o produtor norte-americano”, continuou. A causa para isso é logística favorável. O escoamento das exportações brasileiras pelos portos do Arco Norte cresceu 483% em dez anos. O cenário reduz a vantagem dos Estados Unidos em comparação ao que sai do Cerrado brasileiro. Em linha com as avaliações apresentadas sobre a evolução da logística no País, o Insper Agro Global afirmou que houve melhoria em rodovias e ferrovias, destacando o uso da ferrovia Norte-Sul, que deverá estar operacional entre Santos (SP) e Itaqui (MA). Em breve, haverá a chegada das ferrovias ao centro de Mato Grosso, com 50 anos de atraso. Fonte: Valor Econômico. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.