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08/Nov/2021

Insumos: escassez e preços em alta preocupam

A produção agrícola brasileira está ameaçada por um efeito colateral da pandemia que atingiu todos os continentes: a redução da oferta de defensivos agrícolas e fertilizantes com o consequente encarecimento em mais de 200%. A situação preocupa a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC) que já discute o problema com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e com o Ministério da Agricultura. Dois efeitos da pandemia estão preocupando o mercado. De um lado, as indústrias instaladas em outros países que atendiam o mercado brasileiro reduziram a produção e a oferta desses produtos. De outro, as companhias marítimas que atendiam o Brasil nas operações de importações e exportações passaram a priorizar a rota China-Estados Unidos. Além disso, passaram a empregar embarcações de grande porte que nem todos os portos estão capacitados para receber. Em razão disso, passou a faltar embarcações para atender as demandas do mercado externo originadas no Brasil.

Nesse cenário, a dependência do Brasil aos insumos fornecidos pela China, Rússia, Marrocos e outros países ficou evidenciada: o Brasil importa cerca de 80% dos fertilizantes que necessita. A China que produz moléculas essenciais para agroquímicos, como o glifosato usado como dessecante para as lavouras de soja, suspendeu a venda ao exterior. As indústrias multinacionais de insumos já estavam sinalizando há mais de 120 dias que haveria falta de produto, o que levou grandes produtores do agro e formar estoques. A Rússia fornece 30% da ureia que o Brasil consome. O país baixou a produção e estabeleceu cotas aos compradores por uma questão energética: parte do gás utilizado para produção de ureia foi direcionado aos países da União Europeia. China, Rússia e Marrocos também diminuíram a oferta de fosfatos, cloreto de potássio e nitrogênio. A escassez não atinge a safra em formação, mas permite prever uma grave crise de preço e de suprimento para a 2ª safra de milho de 2022 que começará a ser semeada em janeiro de 2022, da qual se espera cerca de 100 milhões de toneladas.

Os custos explodiram e o preço da ureia que era de R$ 100,00 por saca de 50 Kg no início do ano, agora custa R$ 250,00 por saca de 50 Kg. Também há previsão de falta de produtos veterinários e fungicidas. A situação vislumbrada no horizonte próximo é preocupante e o Brasil precisa rever urgentemente a dependência da China e da Rússia. A FAESC propõe um programa de investimento na produção nacional de fertilizantes e defensivos. Porém, um dos obstáculos é a localização de muitas jazidas que estão situadas em terras indígenas ou áreas de proteção ambiental, nas quais a exploração é proibida. A entidade acredita que é necessário rever a legislação, encontrar meios de exploração sustentável e sem agressões ambientais. Os países do Mercosul mantêm em estoque a maior parte dos insumos que o Brasil consome, mas esses produtos não são aprovados pelo Ministério da Agricultura. Isso não impede o ingresso ilegal de grandes volumes de fertilizantes e defensivos em território brasileiro. A saída a curto prazo seria legalizar essa importação. Fonte: Suinocultura Industrial. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.