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05/Nov/2021

Fertilizantes: restrição da Rússia elevará preços

A restrição das exportações de fertilizantes nitrogenados pela Rússia deve sustentar os preços dos adubos. No curto prazo, os preços tendem a subir. É mais uma crise do lado da oferta vindo de um importante player em um momento delicado de mercado. O problema está relacionado à crise energética na Europa, de quem a Rússia é grande fornecedora de gás natural (insumo utilizado para fabricação de fertilizantes). A medida tende a agravar o quadro apertado na oferta mundial de adubos, somando-se a restrições adotadas pela China atreladas a inspeções e a procedimentos de controle aduaneiro. A Rússia é o segundo maior exportador mundial de nitrogenados e terceiro maior exportador global de fosfatados e potássicos, contribuindo com 16% dos adubos exportados no mundo.

Na quarta-feira (03/11), o governo do país anunciou que vai restringir as vendas externas de fertilizantes nitrogenados em volumes estabelecidos por cotas por seis meses, a fim de evitar escassez no mercado interno. Para os nitrogenados, os embarques ficarão restritos a 5,9 milhões de toneladas e para adubos complexos contendo nitrogênio a 5,35 milhões de toneladas por seis meses. A medida é válida a partir de 1º de dezembro. O impacto será mais grave nos nitrogenados, sobre os quais a redução de volume aplicado sem prejuízos à produtividade das lavouras é mais restrita em virtude da baixa fixação no solo, do que nos fosfatados (chamados pelo governo russo de formulações complexas contendo nitrogênio), que permitem maior redução no uso sem perdas no potencial produtivo.

Este montante estabelecido pelas cotas representará uma redução de cerca de 8% na oferta russa de nitrogenados e de 3,5% na de fosfatados, considerando as exportações russas de adubos dos últimos seis meses. Os principais nitrogenados afetados pela medida são nitrato de amônio (NAM) e a ureia líquida. Entre as formulações complexas com nitrogênio, pode-se citar fosfato monoamônico (MAP), fosfato diamônico (DAP), NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) e NP (nitrogênio, fósforo). No momento, não deve faltar fertilizantes no mundo. Na medida em que os preços sobem muito, o consumo diminui porque o produtor reduz o volume aplicado sem prejuízos à produtividade. A demanda será menor e, por isso, não vai faltar adubo.

Nesse cenário, os preços se reacomodam diante de novos patamares de oferta e demanda. Analisando o complexo NPK, não haverá crise de desabastecimento. Em relação ao Brasil, os possíveis impactos oriundos da menor exportação russa tendem a estar relacionados com o encarecimento dos adubos, sem riscos de desabastecimento. Isso porque o período de restrição da Rússia coincide com o período de compra e de aplicação dos adubos nitrogenados nas lavouras de milho 2ª safra de 2022. As compras para a 2ª safra de 2022 estão bem adiantadas. Há volume ainda a ser adquirido que pode ser diminuído pelo preço mais elevado. Não deve haver problemas de desabastecimento. Estes insumos, contudo, já estão valorizados. Em um ano, até o fim de outubro, o valor pago para importar ureia, um dos principais nutrientes nitrogenados, avançou 201%.

Os reflexos devem ser mais críticos no caso do nitrato de amônio (NAM), porque a Rússia responde pela totalidade das importações brasileiras. Contudo, o nutriente pode ser substituído por outros ativos, como a ureia, que também deve subir com os embargos. Nesse caso, é uma restrição que o produtor brasileiro pode sentir de imediato. É problemático, mas existem produtos alternativos. Cana-de-açúcar e café são as lavouras que mais utilizam o NAM. A Rússia é um dos principais fornecedores de adubos ao Brasil. Neste ano até setembro, o adubo importado da Rússia contribuiu com 23% do total importado pelas indústrias brasileiras, se consolidando como a maior origem com 6,705 milhões de toneladas, segundo dados do Comextat (serviço de estatísticas de comércio exterior do Brasil). Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.