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29/Out/2021

Insumos puxam as altas dos custos de produção

De acordo com levantamento divulgado nesta quinta-feira (28/10) pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o aumento dos insumos foi o principal fator que elevou o custo de produção da agropecuária no acumulado deste ano. O custo operacional efetivo (COE) da soja na safra 2020/2021, principal cultura cultivada no País, foi, em média, 17% superior na comparação com a safra anterior. O COE inclui os itens considerados variáveis na produção agrícola como insumos (fertilizantes, sementes e defensivos agrícolas), operações mecânicas, comercialização agrícola, entre outros. O levantamento revela que a despesa do produtor com fertilizante teve a maior alta entre os insumos. De janeiro a setembro deste ano, os preços da ureia, do fosfato monoamônico (MAP) e do cloreto de potássio (KCl) subiram 70,1%, 74,8% e 152,6%, respectivamente. Estes são os principais adubos utilizados nas lavouras brasileiras. A entidade atribuiu o incremento à alta demanda, à escassez da oferta mundial, à elevação dos preços internacionais e aos problemas logísticos.

Esse cenário de tendência de valorização dos preços de fertilizantes deve permanecer em 2022, afetando a margem de lucro dos produtores rurais. Dentre os defensivos agrícolas, o glifosato apresentou o maior incremento (126,8%). A alta foi influenciada principalmente pela interrupção da operação de indústrias fabricantes do insumo na China e problemas com o fornecimento de matéria-prima. Segundo relato dos produtores, houve falta do produto em algumas regiões, trazendo preocupações que vão além da elevação do custo. Além do acréscimo no valor dos insumos, o clima afetou algumas atividades agropecuárias, com perdas na produtividade das lavouras. As informações fazem parte do projeto Campo Futuro, iniciativa do Sistema CNA/Senar. O projeto é realizado em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP), a Labor Rural (Universidade Federal de Viçosa - UFV), o Pecege (Esalq/USP) e o Centro de Inteligência de Mercados da Universidade Federal de Lavras (CIM/UFLA).

Para o levantamento foram realizados 127 painéis virtuais de levantamento de custos de 24 atividades produtivas, com a participação de 1.604 produtores rurais de 20 Estados e 110 municípios que possuem participação expressiva na produção agropecuária brasileira. Na soja, o COE subiu em média 17% da safra 2019/2020 para 2020/2021 nas lavouras brasileiras. Fertilizantes e defensivos usados na produção da oleaginosa subiram 14,8% e 16,9% respectivamente. Em compensação, a produtividade média das lavouras avançou 8,6% e o preço médio de venda do grão ficou 46,9% acima frente ao ano anterior, contribuindo para manter a rentabilidade da produção. No milho safra de verão (1ª safra 2020/2021), o maior aumento de gastos foi com o controle de pragas, como a cigarrinha, de 25,7%. Na 2ª safra de 2021 do milho, a produtividade da cultura caiu 39,3% ante o observado na safra anterior, enquanto a receita bruta subiu 2,7% diante dos preços remuneradores. A margem bruta ficou 4,1% abaixo da média do ano anterior, mas, ainda assim, positiva. Em relação à cultura do feijão, o custo operacional efetivo da 1ª safra em Santa Catarina e no Paraná aumentou 7% ante a média do ano anterior.

Os fertilizantes para a cultura subiram 17,8%, contribuindo com a maior parcela da alta. A produtividade do grão recuou 20,6%, enquanto o preço médio de venda avançou 38,7% ante à temporada anterior garantindo uma margem bruta positiva aos agricultores. No trigo, observou-se incremento de 23,7% no custo operacional frente a igual período do ano anterior com aumento de 19% na produtividade no Paraná. Na produção de arroz, o aumento do custo de produção foi de 34%, enquanto a produtividade subiu 5% no Rio Grande do Sul. Os elevados preços médios de venda garantiram boas margens para as duas culturas, que apresentavam nível elevado de risco de cultivo. Para o café, houve alta de 15% no custo para produzir o tipo arábica e de 31,3% no tipo conilon (robusta) frente 2020, considerando as lavouras do Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia, Rondônia, Paraná e São Paulo. O fertilizante, mais uma vez, foi a despesa com maior acréscimo: de 20,8% para o arábica e 34,2% para o conilon na média das regiões. Em contrapartida, segundo a CNA, houve aumento de receita de 54% do café arábica e 35,4% do café conilon.

Para 2022, deve haver aumento ainda mais significativo nos custos com fertilizantes, podendo afetar negativamente a margem dos produtores. Em relação à cana-de-açúcar, a estimativa é de aumento de 29% no custo operacional na Região Nordeste e de 27% na Região Centro-Sul em comparação com o reportado no ano anterior. Os fertilizantes aplicados nos canaviais aumentaram 163% na Região Nordeste e 110% no Centro-Sul. Os defensivos subiram 114% e 43%, respectivamente. Apesar do clima adverso e da alta de custos, a atividade teve resultados positivos. A recuperação dos preços ocorreu ao longo do ano, sendo que a safra da Região Nordeste, iniciada em setembro de 2020, beneficiou-se menos das altas que o Centro-Sul, cuja safra começou em abril de 2021. Na criação de gado de corte, o custo operacional efetivo dos sistemas de recria e engorda acumularam alta de 15,2% de janeiro a setembro deste ano em relação a igual período de 2020. O custo de produção do modelo de ciclo completo subiu 10,6% e os sistemas de cria 16,1% na mesma base comparativa.

Dos 22 modais produtivos, pesquisados entre junto a setembro deste ano, 8 não conseguiram gerar recursos para suprir os custos diretos de produção. Nos sistemas de recria e engorda, o desembolso com a aquisição de animais para reposição representou em média 64,8% do custo e nos de confinamento 62,6%. Em relação à pecuária leiteira, o custo para produção subiu 15,7% de janeiro a setembro deste ano ante o ano passado, enquanto a receita gerada pela comercialização do leite cresceu 15,8%. Na avicultura de corte, o item de maior impacto nos custos de produção foi a mão de obra (26,7%), seguida pela energia (19,5%) e aquecimento dos aviários (18,2%). Na suinocultura, a despesa que apresentou maior valorização também foi a mão de obra, contribuindo em média com 41,5% do custo operacional. Na piscicultura, a ração é a principal despesa do produtor com custo em média de R$ 4,30 por Kg de peixe produzido. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.