ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

26/Out/2021

Terras: expansão agrícola na região do MATOBIPA

O MATOPIBA é a região formada pelo estado de Tocantins e partes dos estados do Maranhão, Piauí e Bahia, cujo nome deriva do acrônimo formado pelas siglas desses Estados. A região tem passado por uma expansão agrícola considerável desde a segunda metade dos anos 1980. Porém, a fronteira agrícola foi oficializada em 2015, por meio do Plano de Desenvolvimento Agropecuário (PDA) do MATOPIBA, englobando 337 municípios, 31 microrregiões e cerca de 73 milhões de hectares. O bioma Cerrado predomina, ocupando cerca de 66,5 milhões de hectares (91%). Os remanescentes do bioma Amazônico preenchem em torno de 5,3 milhões de hectares (7,3%) e a Caatinga compreende cerca de 1,2 milhões de hectares (1,7%). Fatores que atraem investidores para a região são os preços mais baixos de terras em relação a regiões consolidadas do Centro-Sul, assim como a topografia plana, a boa luminosidade e a chegada de tecnologias que viabilizaram o plantio de grãos.

No período entre a safra 2000/2001 e a safra 2020/2021, houve um aumento de aproximadamente 4 milhões de hectares na área semeada com grãos na região, o que corresponde a 11,9% do crescimento da área cultivada no País. Destaca-se a evolução na área plantada em Tocantins e no Piauí, onde, na safra 2000/2001, a área cultivada era de 267,9 mil hectares e 715,4 mil hectares, respectivamente. Na safra 2021/2021, estima-se que a área cultivada chegará a aproximadamente 1,7 milhões de hectares em ambos os Estados. O aumento da área cultivada e a melhoria na produtividade resultaram em um crescimento expressivo na produção. No período analisado, houve um acréscimo de aproximadamente 22,6 milhões de toneladas na produção de grãos na região (+500,4%). Neste ano (2021), o mercado de terras está aquecido e apesar da característica de pouca liquidez, o cenário é de alta nos preços. O quadro positivo no mercado de commodities agrícolas colabora com esse quadro, principalmente pela expansão das áreas com agricultura.

Além disso, a instabilidade política e econômica fez com que aumentasse a procura por ativos reais, entre eles, terras. Com a cotação do dólar entre R$ 5,00 e R$ 6,00, e com o bom desempenho produtivo do País, tem aumentado a atratividade do mercado de terras, inclusive em relação ao capital estrangeiro. Mas, na região analisada a situação não é diferente. De 2013 para cá, a variação dos preços manteve-se positiva. Considerando a variação média entre os Estados, os preços do hectare com aptidão agrícola estão 70% mais altos em 2021, frente a 2013. Algumas regiões se destacam no mercado de terras desses Estados, devido principalmente ao maior potencial produtivo e às questões de infraestrutura. No Maranhão, destaca-se a região sul (Balsas), onde o preço do hectare pode ultrapassar R$ 30 mil. A região de Porto Nacional (TO) apresenta uma boa estrutura logística e de armazenamento, além de um bom potencial produtivo, e os valores do hectare podem superar R$ 22 mil. No Piauí, as terras com aptidão agrícola, principalmente na região sul (Bom Jesus), estão variando entre R$ 7 mil e R$ 20 mil por hectare.

A Bahia possui a quinta maior área irrigada do País, com cerca de 495 mil hectares. Destaque para a região oeste, com 38% da área irrigada do Estado, onde o sistema predominante é o pivô central, para cultivo de culturas anuais como soja, milho e algodão. Nessa região, o valor do hectare pode superar R$ 35 mil. Os preços mais baixos das terras na fronteira agrícola, somados ao bom potencial produtivo da região, são atraentes para investidores. Programas de difusão de tecnologia e extensão foram essenciais para o desenvolvimento do Cerrado, assim como o fomento governamental, por meio de linhas de crédito com juros acessíveis. O bom momento no mercado de commodities agrícolas tem impulsionado ainda mais a expansão das áreas com agricultura, fator diretamente relacionado ao uso intensivo de insumos e mão de obra, fato associado ao desenvolvimento econômico das regiões e a valorização dos ativos reais. Fonte: Alcides Torres. Agência Estado.