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19/Out/2021

Barter: fintech Gira ampliará operações no Brasil

Especialista nas operações de barter, nas quais antecipa o dinheiro para financiar a compra de insumos agrícolas ao agricultor em troca da promessa futura de entrega da produção, formalizada por meio de uma Cédula de Produto Rural (CPR) física, a fintech Gira pretende movimentar R$ 400 milhões na safra 2021/2022, o dobro da temporada anterior. Para o ciclo seguinte, a meta é ultrapassar a marca de R$ 1 bilhão. O Santander detém 80% da Gira, que, antes de passar ao controle do banco, concentrava suas operações na prestação de serviços aos produtores rurais. A compra da participação recebeu aval do Banco Central em janeiro, a partir de quando o Santander passou a alimentar os financiamentos via startup, de olho em um público que não busca empréstimos no sistema bancário. A subsidiária do Santander já abriu duas lojas físicas desde a decisão do Banco Central e prevê inaugurar mais quatro até o fim do ano, em Tocantins, Goiás e Mato Grosso.

A startup também atua por meio de 25 agentes comerciais na ponta e de parcerias em revendas e cooperativas, estratégia que aumenta sua capilaridade. No momento, como parte de sua expansão, a Gira está contratando estagiários, agrônomos e especialistas em crédito. O agronegócio está explodindo nessas regiões e é nelas que o produtor está mais carente de financiamento, muitas vezes por não ter o título da terra e não conseguir dinheiro em banco. O potencial desse segmento do mercado de crédito é de cerca de R$ 200 bilhões, dimensão similar ao terreno hoje ocupado pelo sistema bancário. O banco cuida do financiamento e as indústrias e revendas, que hoje financiam com barter, cuidam do que são especialistas. O banco também tem subsidiárias em outras áreas, como máquinas de cartão (Getnet) e vale-refeição (Ben). A operação do Gira tem outras diferenças em relação ao empréstimo bancário.

A equipe da empresa mapeia toda a área do produtor e emite uma CPR com o valor total para custear a “receita de bolo”, com os volumes necessários para sementes, fertilizantes e defensivos, além de um extra para a mão de obra, diesel e o capital de giro. O recurso é empacotado em uma “wallet”, espécie de carteira digital em aplicativo. Quando o produtor faz o pedido de compra dos insumos, o dinheiro é repassado diretamente para a conta da revenda para pagamento à vista. No banco, o produtor entrega uma hipoteca e tem o crédito na conta para fazer o que quiser. O Gira dá o destino só para comprar o insumo, dá o poder para o produtor comprar à vista pelo melhor preço e saber de quem quer comprar. Na safra 2020/2021, o Gira atendeu cerca de 200 produtores de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Tocantins, Goiás e Pará, que produzem em áreas de 300 a 2 mil hectares. O financiamento gira em torno de R$ 4,5 mil por hectare.

Mas, a previsão é fazer pelo menos 20 vezes o que o Gira costumava fazer antes. Mesmo com a entrada de novas instituições e empresas no mercado de crédito rural, não haverá diminuição do espaço do sistema bancário no segmento. Em vez disso, o que deve ocorrer é um direcionamento mais claro dos recursos oficiais para pequenos produtores, além de modernização e mais agilidade no acesso aos recursos. O Plano Safra deve ficar mais concentrado em investimentos. O custeio dá para se financiar no sistema privado. O Santander deve aumentar em até 30% as concessões de crédito rural nesta safra, ancorado na emissão de títulos como CPR, CRA e CDCA. A forte demanda dos produtores já consumiu todos os recursos obrigatórios, que também cresceram muito na pandemia, chegando a R$ 6 bilhões. O financiamento até junho de 2022 será feito com juros livres. Não há mais disponibilidade de recurso obrigatório. O recurso via BNDES também acabou muito rápido. Fonte: Valor Econômico. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.