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23/Set/2021

Insumos: produtor teme pela falta de alguns itens

A demanda aquecida por insumos agrícolas e os entraves globais no fornecimento de alguns produtos, como falta de contêineres, preocupam agricultores quanto à disponibilidade dos agroquímicos para a safra 2021/2022. No momento, não há registros de falta dos produtos, porém há receio dos produtores quanto ao cumprimento de entregas de alguns ativos. Isso porque a safra de verão (1ª safra 2021/2022) já está sendo semeada no País e as previsões apontam para uma temporada recorde de produção. O País plantará área 4% superior com grãos, estima a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o que demanda maior volume de insumos agrícolas. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), para as lavouras de milho safra de verão (1ª safra 2021/2022), que estão sendo plantadas agora, o planejamento e a compra de insumos estão realizados e dentro da normalidade. Boa parte dos produtores já comprou a maioria dos insumos para o milho.

Os agricultores estão organizados e completamente prontos para iniciar também o plantio da soja. Há relatos de produtores que não encontraram determinada variedade de semente e que tiveram de substituir por outro tipo. Como há boa procura e haverá incremento de até 10% na área de milho, inclusive na safra de verão (1ª safra 2021/2022), houve maior demanda por alguns tipos, principalmente os mais resistentes à cigarrinha. Essa substituição por produto similar não prejudica a produtividade e produção do cereal. É uma situação normal de mercado, quando há uma busca maior por variedades com índices superiores de produtividade. Segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), no início de setembro algumas indústrias sinalizavam aos produtores de Mato Grosso que poderiam não conseguir entregar integralmente os insumos que já estavam contratados. Há relatos nas regiões norte e sul do Estado de alguns atrasos nas entregas iniciais.

Esses atrasos estão relacionados principalmente aos problemas de logística interna e importação. Apesar desses atrasos iniciais, contudo, a estimativa é de que que cerca de 75% dos insumos comercializados para a soja já foram entregues aos produtores. A Aprosoja-MT notou também relatos de atraso na entrega de máquinas decorrente de dificuldades na importação dos componentes pelas fabricantes para a montagem dos equipamentos. Não é uma situação que possa afetar o avanço do plantio no Estado, mas ocasiona transtorno para alguns produtores. Segundo a Organização das Cooperativas do Estado (Ocepar), não há relatos de problemas com o recebimento de insumos no Paraná. No Estado, os produtores e cooperativas estavam preocupados com o transporte de sementes e fertilizantes em virtude da paralisação dos caminhoneiros. Porém, a situação foi contornada. Ainda há preocupação com as dificuldades na importação de cloreto de potássio (Kcl) da Bielo-Rússia.

As exportações da Bielo-Rússia estão restritas diante de sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE) ao país. A Bielo-Rússia é o segundo maior produtor de potássicos do mundo e responsável por 14% do nutriente importado pelo Brasil. O cloreto de potássio é um dos principais fertilizantes usados no Brasil. A Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) também afirmou que não há até o momento registros de falta de fornecimento doméstico do Kcl. Embora preocupe o fato de a demanda mundial por cloreto de potássio ser maior que a oferta e, portanto, poderá haver riscos de fornecimento, mas, por enquanto, não constam relatos de falta de fornecimento doméstico ou dificuldade de entregas para os produtores. A Abramilho não acredita que a situação na Bielo-Rússia possa trazer problemas no fornecimento do insumo para a safra 2021/2202, já que a maior parte dos adubos está adquirida. No momento, a preocupação é pequena em relação ao cloreto de potássio.

Contudo, os preços do insumo aumentaram expressivamente em virtude dos conflitos. Outro ativo mencionado pelos produtores como parte da lista de cautela é o glifosato. Ainda não há relatos de falta do herbicida no mercado nacional, mas os produtores estão preocupados com a disponibilidade do agroquímico. O aperto na disponibilidade do glifosato decorre da redução da oferta da matéria-prima para produção do herbicida na China em virtude de readequações ambientais. No Brasil, há restrição de glifosato por esta questão e de outras moléculas como o paraquate e o 2,4-D por restrições de uso. Isso faz com que produtor busque outras moléculas e a oferta não consegue suprir totalmente a demanda. Representantes das revendas reforçam o relato de normalidade na comercialização e entrega dos insumos agrícolas e afirmam que monitoram o cenário. A Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav) diz que não observa entre as empresas associadas reportes de desabastecimento de produtos.

A realidade do mercado de distribuição não indica atrasos ou ausência das entregas de insumos para o plantio da safra de verão (1ª safra 2021/2022). Há relatos apenas do reajuste de preços, puxados por custos com logística e câmbio. Houve uma mudança no cenário de preços de alguns insumos. Os números atuais de importação de fertilizantes e defensivos agrícolas, que são majoritariamente adquiridos no exterior, acompanham o volume comprado em 2020, o que mostra regularidade no fornecimento. Ou seja, não existe evidência de falta de produto, mas sim uma alta dos preços movida pelas cotações da moeda estrangeira. A indústria global de insumos ainda se recupera da crise provocada pela pandemia de Covid-19. No caso dos fertilizantes, de um lado, o consumo de adubos está aquecido, já que a safra de verão responde por cerca de dois terços do volume utilizado anualmente no País. Consultorias privadas projetam crescimento de 5% a 8% no consumo nacional de adubos para acima de 42,5 milhões de toneladas.

De outro, há gargalos na cadeia global de fornecimento como paralisações temporárias de fábricas nos Estados Unidos em virtude do furacão Ida, possíveis restrições chinesas nas exportações e sanções às exportações da Bielo-Rússia. Pelo fato de o País importar 85% dos fertilizantes consumidos internamente, a dinâmica global de forte demanda e escassez de oferta gera impactos importantes para o Brasil, refletindo no preço e na disponibilidade do insumo. A Anda está monitorando a situação e atuando de maneira integrada para avaliar os desdobramentos e mitigar possíveis impactos para o agricultor brasileiro. A situação é um motivo de preocupação para o agronegócio neste momento do cultivo da safra. Há também desafios de ordem logística que refletem nas cadeias de suprimento. O mesmo acontece com os fertilizantes, que disputam espaço em portos nacionais e internacionais sobrecarregados, fretes marítimos e rodoviários mais escassos e dificuldades operacionais devido aos cuidados com a Covid-19.

Por outro lado, na contramão da instabilidade do mercado internacional, as compras dos insumos foram antecipadas pela maioria dos produtores. Apenas produtores que deixaram para adquirir os insumos de última hora, como adubos, podem encontrar dificuldades na oferta dos produtos. Em Mato Grosso, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) estima que 94% dos insumos agrícolas a serem utilizados nas lavouras de soja 2021/2022 já foram garantidos. No milho, o percentual é de 70%. A compra antecipada de fertilizantes para a temporada 2021/2022 está ainda mais adiantada, com 99% contratados para soja e 74% para o milho. No Paraná, a Ocepar também estima que praticamente todo volume de fertilizantes e sementes já foi adquirido. Os defensivos agrícolas, por sua vez, serão adquiridos de acordo com a necessidade de uso. As cooperativas e revendas já possuem estoques para atender à demanda dentro de uma situação de normalidade. De acordo com os produtores e executivos de indústria, até o momento, as entregas de fertilizantes adquiridos antecipadamente pelos produtores ocorrem dentro da normalidade.

Dados oficiais de entregas de adubos são disponibilizados pela Anda com dois meses de atraso. Dessa forma, os números referentes às entregas de agosto e setembro (período antecedente e de início do plantio) devem ser conhecidos em novembro e dezembro deste ano. Segundo entidades do setor produtivo, houve atraso pontual no recebimento dos insumos na primeira semana de setembro, em virtude de bloqueios realizados por caminhoneiros pelo País. Mas, com o fim da greve e a pequena duração do movimento, a situação foi resolvida e o fluxo de entregas normalizado. Os problemas foram superados e os insumos estão sendo entregues dentro do ritmo. Os distribuidores associados à Abramilho não registraram atrasos ou prejuízos na comercialização e entrega dos insumos em virtude das mobilizações de rodoviários. A Anda também não observou prejuízos nas operações decorrentes dos bloqueios nas rodovias. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.