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08/Set/2021

Fertilizantes: preços avançam e desafiam produtor

De olho nas condições climáticas e nas cotações agrícolas, os produtores brasileiros preparam-se para iniciar o plantio da safra 2021/2022 a partir de setembro, após o encerramento do vazio sanitário contra a ferrugem da soja. São muitos os desafios para realizar o orçamento da próxima safra, com destaque para os fortes reajustes dos preços médios dos fertilizantes nos mercados internacional e nacional. O ano de 2021 se iniciou com aumento nas cotações destes insumos nos mercados interno e externo. No contexto internacional, as valorizações dos nitrogenados estiveram atreladas à menor produção chinesa destes fertilizantes. Quanto aos fosfatados, os valores foram impulsionados pelo início da taxação norte-americana sobre o produto proveniente do Marrocos, que é um grande produtor de fosfatados. Assim, os produtores dos Estados Unidos estão buscando se abastecer em outras origens. Entre janeiro e julho deste ano, as cotações médias da ureia prill negociadas no Porto de Yuznhy (Ucrânia) acumularam significativo aumento de 75,5% e no Porto da China, de 67,2%.

O preço médio da ureia no porto ucraniano em julho, inclusive, foi o maior, em termos nominais, desde julho de 2012. Também de janeiro a julho deste ano, os preços médios do MAP (fosfatado monoamônico) negociado nos portos de Casa Blanca (Marrocos) e de São Petersburgo (Rússia) aumentaram 96,3% e 94,6%, respectivamente. Para este insumo, foram observadas fortes altas nos dois primeiros meses do ano de 2021. Em julho, especificamente, a cotação média do MAP no porto russo foi a maior desde outubro de 2008, em termos nominais. Quanto ao cloreto de potássio, o forte reajuste na cotação média ocorreu mais no final do semestre de 2021. No mercado internacional, o preço do cloreto de potássio disparou em julho, com forte avanço de 39,6% no Porto de Vancouver (Canadá) frente ao mês anterior.

A justificativa para essa forte valorização se deve à medida restritiva da União Europeia aplicada à Bielorrússia, aprovada no final de junho, que inclui a proibição da venda, fornecimento, transferência ou exportação via direta ou indireta de vários bens (equipamentos, softwares, equipamentos militares, etc.), produtos petroquímicos e cloreto de potássio. Vale lembrar que Bielorrússia responde por pelo menos com 1/5 da produção mundial de cloreto de potássio, sendo o segundo maior produtor do mundo. De janeiro a julho, o aumento no preço do cloreto de potássio foi de expressivos 101,6% no Porto de Vancouver. Em julho, o valor médio foi o maior nominal desde dezembro de 2012. Diante disso, agentes nacionais e internacionais estão atentos aos desdobramentos da intervenção do governo chinês sobre às vendas de fertilizantes e à relação política entre Bielorrússia e a União Europeia. Na China, as empresas de fertilizantes estão sofrendo pressão do governo para suspender temporariamente a exportação, visando garantir o abastecimento doméstico.

A intervenção do governo chinês no mercado, por sua vez, visa conter a alta de preços dos fertilizantes no país. A China é a maior produtora e consumidora de nitrogenado e fosfatado, mas também é uma grande exportadora dos dois produtos. Assim, o leve sinal de recuo nos preços dos nitrogenados e fosfatados negociadas nas últimas semanas de julho foi interrompido, enquanto os dos potássicos registraram forte alta no mês. No Brasil, os preços médios da ureia acumularam altas de 28,14% em Mato Grosso e de 34,12% no Paraná entre janeiro e julho de 2021. Os valores médios do final do primeiro semestre de 2021 foram os maiores desde outubro de 2008 no Paraná e em Mato Grosso. No caso do MAP, a cotação média subiu 46,8% em Mato Grosso e 61,06% no Paraná, com as médias de julho de ambos Estados sendo as maiores desde novembro de 2008. O preço médio do cloreto de potássio acumulou elevação de 64,77% em Mato Grosso e de 48,98% no Paraná, atingindo, em julho, o maior patamar desde agosto de 2009 nos dois Estados.

Para avaliar o impacto da alta dos fertilizantes e dos demais itens que estruturam o custo de produção da soja, foram considerados os dados técnicos levantados pelo Projeto Campo Futuro da safra 2019/2020 e os preços dos insumos atualizados mensalmente pela Equipe do Cepea. Com isso, simulou-se o custo de produção médio da safra 2020/2021 com os valores médios do primeiro semestre de 2019. Para esta safra 2021/2022, o orçamento médio foi ajustado conforme o ritmo de negociação de fertilizantes no mercado nacional. Dessa forma, foi considerado que, em média, 60% dos fertilizantes foram comprados com os preços médios do primeiro trimestre de 2021 e outros 40%, com os valores médios do segundo trimestre de 2021. Diante disso, estima-se que o gasto com fertilizantes para a produção de soja na safra 2021/2022 no Rio Grande do Sul, na região de Carazinho, deve subir 57,1% em relação ao custo de produção da temporada 2020/2021.

No Paraná, na região de Cascavel (PR) e em Mato Grosso do Sul, na região de Dourados, o aumento com o gasto com fertilizantes foi estimado em 57% e 35,5%, respectivamente, entre as safras 2020/2021 e 2021/2022. Em Goiás, na região de Rio Verde, o acréscimo é calculado em 59,1% e em Mato Grosso, na região de Sorriso, em 41,8%. As elevações dos gastos com os fertilizantes, preços dos defensivos agrícolas, o custo do arredamento indexado em saca de 60 Kg de soja e outros itens de custos impactaram significativamente na composição do custo. O gasto total da soja orçada para esta safra 2021/2922 deve apresentar uma alta de 36,4% para região de Carazinho (RS); de 32,4% para Cascavel (PR); de 35,9% para Rio Verde (GO); de 33,3% em Dourados (MS) e 23,4% em Sorriso (MT). Obviamente, os valores do custo de produção devam sofrer ajuste no decorrer desta safra 2021/2022, dependendo muito das condições climáticas e incidências de pragas e doenças nas lavouras. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.