30/Ago/2021
A Kepler Weber, líder nacional em estruturas para armazenagem de grãos, anunciou, na sexta-feira (27/08), a criação de uma nova área de negócios, focada em serviços digitais e rastreabilidade, que deve atender não somente produtores rurais, cooperativas e empresas, como também bancos, seguradoras e outros agentes. Utilizando tecnologias e serviços da plataforma digital sync (pela qual a companhia monitora silos e armazéns e gera dados em tempo real sobre as operações), a divisão vai se debruçar em soluções para conectar operações nas lavouras com estruturas de beneficiamento e armazenagem e com a logística até compradores e portos, disse o CEO da companhia, Piero Abbondi. "Nosso core (foco) é a armazenagem que, com a plataforma digital sync, gera dados que vão para a 'nuvem'. Estamos dando um passo a mais, que é, com esses dados, ajudar clientes a tomar melhores decisões, verificando se a planta está operando corretamente, com manutenção preventiva e, agora, ofertando novos serviços que não eram nosso core", disse Abbondi.
Uma das frentes a serem exploradas será a de soluções para seguradoras e agentes do mercado financeiro, como bancos. A ideia é dar acesso às instituições a dados da produção (com aval dos produtores) que permitirão acompanhar a safra e gerenciar riscos. "Uma vez que os sensores estão no silo, bancos, por exemplo, poderiam acompanhar o quanto o produtor está produzindo, ter perspectiva de receita. Em um financiamento de longo prazo, fica caro para os bancos monitorar isso por conta própria", explicou o CFO da Kepler Weber, Paulo Polezi. "Para os produtores, a maior transparência pode significar um prêmio, uma taxa melhor de juros", acrescentou Abbondi. Abbondi também falou dos planos de entrar em serviços que viabilizem rastrear produtos agrícolas e fornecer outros dados, como qualidade e teor de proteína. Há planos de integrar os sistemas da Kepler com os de fabricantes de máquinas e equipamentos agrícolas, para identificar de qual produtor é o grão que chega ao silo, de que maneira foi produzido e, depois de sair do silo, seu destino final.
"O primeiro passo será fazer a conexão da fazenda com a estrutura de armazenagem. Todo esse ecossistema de certificação já existe, nós seremos parte do todo", disse. A plataforma sync foi criada em 2019 e vem recebendo investimentos recorrentes. Inclui soluções para monitoramento, em tempo real, de toda a movimentação das unidades de beneficiamento e armazenagem de grãos. Atualmente, 40 plantas espalhadas pelo Brasil estão com a tecnologia sync disponível e operando. Outras duzentas possuem os equipamentos, mas ainda não estão habilitadas. A criação da nova área atende também à busca da empresa por gerar mais receitas recorrentes, além da obtida com a área de Reposição de Serviços. O carro-chefe dos negócios, a divisão de Armazenagem, agora denominada Pós-colheita, funciona por meio de grandes projetos. "Se considerarmos o tamanho do mercado da Kepler, há potencial para ser um negócio relevante para a empresa.
O Brasil tem em torno de 18 mil instalações (silos e armazéns), dos quais mais ou menos metade é da Kepler. Não monitoramos todas ainda, mas, na medida em que isso ocorrer, será uma receita proporcional à economia que o produtor vai ter", explicou Polezi. Tais receitas devem vir por diversas vias, como instalação de sensores e conexão com softwares em silos e armazéns existentes, modernização de estruturas mais antigas para habilitá-las para os novos serviços, além do pagamento por soluções vindo de bancos, seguradoras e outros agentes interessados. "A área de Reposição e Serviços cresceu cinco vezes nos últimos cinco anos e hoje corresponde a cerca de 15% da receita. É um benchmark, nosso sonho é que esta nova área percorra o mesmo caminho", afirmou Abbondi. A parceria com empresas de tecnologia está nos planos da companhia, como forma de agregar soluções à divisão recém-criada, mas não estão descartadas também aquisições.
"Agora que temos claro onde estamos e onde queremos chegar, temos condições de realmente buscar startups, como por exemplo alguma que monitore o grão com infravermelho e detecte a qualidade do milho, ou o nível de proteína da soja. Podemos fazer parcerias, investir, mas no primeiro momento devemos começar com parcerias", disse Abbondi. "Temos de ser parcimoniosos na alocação de capital. Não somos fundo de venture capital ou gestores de risco, queremos negócio que dê certo e avance", acrescentou. Durante o Kepler Day, realizado na sexta-feira (27/08), os executivos também anunciaram o reposicionamento das demais áreas de negócios. O segmento de Armazenagem passará a se chamar Pós-colheita; o de Exportação será agora de Negócios Internacionais; Movimentação de Granéis Sólidos se torna Portos, Terminais e Agroindústrias, e o departamento de Reposição e Serviços não mudará de nome, a área é hoje a principal fonte de receitas recorrentes da companhia. Fonte: Agência Estado.