25/Ago/2021
Segundo levantamento do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), a produção de ração animal de janeiro a junho atingiu 39 milhões de toneladas, incremento de 5,2% na comparação com igual período do ano passado. A indústria brasileira de alimentação animal manteve o desempenho, apesar dos desafios impostos pelo efeito dos fatores climáticos extremos (estiagem e geadas), pela alta do dólar no ambiente doméstico e o alto preço do milho e da soja. Ressalta-se a Resolução Normativa da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança/CTNBio, que autorizou a importação de milho geneticamente modificado dos Estados Unidos, mas a iniciativa ainda não surtiu efeito na prática. O setor continua demandando desoneração dos impostos ainda incidentes no desembaraço aduaneiro e no transporte e comercialização do cereal.
A perspectiva é de uma oferta total aproximada de 98 milhões de toneladas de milho, das quais 11 milhões de toneladas do estoque de passagem do período anterior e 87 milhões de toneladas das três safras do ciclo 2020/2021, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Do lado da demanda, a previsão é de 55 milhões de toneladas para as cadeias produtivas animal e energética e outros 12 milhões de toneladas destinadas à indústria, autoconsumo, sementes e perdas dentro da porteira e no transporte. Com a quebra de safra, cerca de 30 milhões de toneladas estarão disponíveis para exportação, além da expectativa de importação de ao menos 2,5 milhões de toneladas do cereal. A produção de rações para frangos de corte aumentou 5,8% no primeiro semestre, na comparação anual, atingindo 18,5 milhões de toneladas.
Apesar do alto custo dos principais insumos (milho e farelo de soja, aditivos importados e indexados ao dólar), o auxílio emergencial e o persistente déficit interno chinês pelas carnes continuaram contribuindo para a demanda por frango. No entanto, o elevado patamar de preços do farelo de soja e do milho deve forçar repasse dos custos às carnes no varejo. Como consequência, espera-se uma redução da procura dos consumidores por carne de frango e redução do ritmo de produção de rações para esta cadeia. Para avicultura de postura, a produção de rações de janeiro a junho foi de pouco mais de 3,5 milhões de toneladas, avanço de 0,8% na comparação anual, acompanhando o plantel de poedeiras em produção, que permaneceu praticamente estável no período (cerca de 1,949 milhão de dúzias de ovos, tanto no primeiro semestre de 2021 como no de 2020). Contudo, desde maio vem ocorrendo moderação “natural” no alojamento, por causa dos altos custos dos grãos e baixos preços pagos ao produtor de ovos.
A cadeia de carne suína absorveu produção de 9 milhões de toneladas de rações, 7% a mais do que o apurado no primeiro semestre do ano passado. De janeiro a junho deste ano, a exportação de carne suína avançou mais de 17% ante igual período do ano passado, o que, associado ao consumo doméstico, levou a um aumento de abates e da demanda por ração. A incipiente recomposição do rebanho suíno chinês e a detecção de novos surtos da peste suína africana (PSA) em diferentes regiões, mantêm a China como destino protagonista, que continuará contribuindo decisivamente na superação de embarques totais superiores a 1 milhão de toneladas. A produção de ração para a pecuária de leite recuou 1,3% de janeiro a junho, ante intervalo correspondente de 2020, para 2,75 milhões de toneladas. Ao mesmo tempo em que o custo de produção de leite subiu em virtude de estiagens nas bacias leiteiras das Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, que comprometeram a qualidade e disponibilidade das pastagens, o auxílio emergencial dado pelo governo revelou-se ineficaz.
Essa combinação inibiu a captação do leite cru por parte dos laticínios e acabou por pressionar o valor pago ao produtor. Para a pecuária de corte, a produção de ração e concentrados aumentou 8,1% nos seis primeiros meses de 2021, chegando a 2,44 milhões de toneladas. Apesar do alto custo da reposição e dos altos preços dos grãos, houve incremento da produção em virtude da procura de ração para recria e terminação, por conta das más condições das pastagens prejudicadas por adversidades climáticas. Apesar da entrada dos terminados de confinamento, a oferta de bovinos ao mercado pode continuar bastante reduzida durante o segundo semestre por causa da diminuição dos abates de bois criados a pasto. Os volumes de ração produzidos para peixes e camarões aumentaram 8% e 4,5%, respectivamente, para 740 mil e 50 mil toneladas.
No caso dos peixes, o impulso veio das celebrações da quaresma e da Páscoa e de outros fatores que aqueceram a demanda e elevaram os preços pagos aos produtores. Já a demanda pelas rações para camarões alcançou 50 mil toneladas, montante com forte potencial de crescimento, mas dependente e carente de ações prioritárias para investimento, custeio, pesquisa e biossegurança voltadas à atividade. De janeiro a junho, foi produzido 1,47 milhão de toneladas de ração para cães e gatos, 7,5% acima do verificado em igual intervalo do ano passado. O avanço foi creditado ao estreitamento no relacionamento entre tutores e mascotes, que continuam coabitando mais estreitamente por conta da pandemia. Houve uma perceptível migração de parte dos consumidores pressionados pelas condições econômicas para outros alimentos para seus animais. Ainda assim, a expectativa é de continuidade do ritmo da demanda no segundo semestre. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.