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28/Jul/2021

Fretes marítimos e a indisponibilidade de navios

Os efeitos da pandemia do novo coronavírus na cadeia de logística do transporte marítimo em todo o mundo provocaram impactos significativos para as empresas brasileiras e o comércio exterior. Pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) neste mês com 128 empresas e associações industriais aponta que mais de 70% relataram ter enfrentado problemas com indisponibilidade de navios ou de espaço, além de sofrerem com o aumento do valor do frete marítimo no último ano. O preço vem crescendo desde meados de 2020, a partir da retomada da economia em diversos países. O cenário de recuperação levou a uma disparada de encomendas por insumos e mercadorias do comércio exterior em níveis acima das projeções e da capacidade logística dos armadores e terminais portuários. Os fretes no mercado spot estavam em uma média de US$ 2.000,00 por contêiner antes da pandemia, e recentemente alcançaram valores próximos a US$ 10.000,00 por contêiner, no caso da rota Xangai-Brasil, se tornando o frete mais caro com origem na China. Os dados foram captados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento.

Na importação, o receio quanto ao aumento do valor do frete atingiu 96% das empresas, e 76% delas no caso da exportação. A escalada dos valores de frete para as diferentes rotas deve permanecer nos próximos meses, isso é atribuído às dificuldades logísticas para escoamento do acumulado de cargas e do início de recomposição de estoques para as vendas de fim de ano nos Estados Unidos e na Europa. Nesse contexto, a indisponibilidade de contêineres foi outro desafio relatado por 69% das empresas no caso da exportação, e para 59% na importação. A suspensão de rota ou escalas semanais atingiu 58% delas na saída de produtos. O Brasil tem uma posição particularmente vulnerável nesse contexto, já que a atuação no comércio internacional de contêineres é de pouca relevância e vulnerabilidade em termos de oferta, de preço e de eficiência aduaneira-portuária. Em relação ao comércio com a China, a entidade aponta que existe ainda um desbalanceamento no fluxo de cargas: o Brasil importa mais mercadorias conteinerizadas do que exporta.

O País responde por apenas 1% dos contêineres movimentados globalmente e está fora das principais rotas de navegação, que são comparativamente mais curtas e com mais opções de escalas e serviços semanais. Por outro lado, a expectativa é de que o mercado marítimo caminhe para uma situação de equilíbrio, já que se espera que outros eventos significativos não ocorram nas cadeias, como foi com medidas restritivas em razão da pandemia e o acidente do navio Evergreen, no Canal de Suez. Enquanto o cenário não se normaliza, o papel das autoridades regulatórias deve ser de fiscalizar e dar transparência às operações das empresas de navegação, para que não sejam cometidos abusos contra os usuários dos serviços de transporte. Além disso, o Brasil ainda precisaria reduzir custos e agregar maior eficiência aos controles aduaneiros. A logística internacional, sobretudo no atual contexto, é prioritária para a competitividade do comércio exterior brasileiro e a consulta realizada pela CNI confirma isso. Em torno de 67% dos respondentes apontam ter suspendido embarques de exportação em função das dificuldades logísticas e isso é ainda mais agravado se for considerada a interface com os processos aduaneiros. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.