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13/Jul/2021

Sementes: GDM busca se posicionar globalmente

A argentina GDM Seeds, líder no mercado de sementes de soja no Brasil com 54% de participação, pretende expandir sua atuação internacional. Nos Estados Unidos, mercado em que já comercializa sementes com as marcas Donmario e Virtue, a meta é sair do atual 1,3% de participação em área plantada de soja para 8% em 2025. Na China, a GDM trabalha para obter os primeiros registros de variedades de soja e iniciar a operação comercial em 2023. A expansão no exterior inclui também a Europa, em especial Rússia e Ucrânia, a partir de uma unidade de pesquisa na Hungria. Segundo a empresa, ter evoluído no mercado brasileiro, em conhecimento, equipe, processos e do ponto de vista financeiro, dá capacidade para crescer nos Estados Unidos. O país tem uma área de soja muito interessante e muita pesquisa, entrar no mercado norte-americano significa estar em contato com novas tecnologias. A GDM começou a fazer as primeiras pesquisas no país em 2010 e somente após oito anos, em 2018, deu início à operação comercial, com a comercialização de variedades de soja.

Há cinco anos, contava apenas com uma unidade de pesquisa, desenvolvimento de produto e área comercial, em Marion, Arkansas. Agora, no Estado de Illinois, conta com a matriz em Champaign e outra base na cidade de Gibson; no Estado de Minnesota, está a unidade de Hutchinson; no Arkansas, em Jonesboro; no Iowa, em Des Moines; e na Dakota do Sul, em Madison. Para fazer a multiplicação de sementes das marcas Donmario e Virtue, a GDM conta com 70 empresas clientes no país, além de cerca de 100 distribuidores do insumo, ligados à companhia Mustang Seeds, da qual a GDM possui 80% de participação. Ainda há oportunidades para trabalhar mais com os mesmos multiplicadores. Hoje. é preciso ser mais importantes na operação com as mesmas empresas. Com a expansão nos Estados Unidos, a área cultivada com sementes e genética de soja da companhia, atualmente ao redor de 400 mil hectares, deve ficar entre 3 milhões e 4 milhões de hectares em quatro anos. Na safra 2021/2022, a área plantada com soja nos Estados Unidos deve ser de 35,45 milhões de hectares, conforme estimativa mais recente do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

A prioridade será o cinturão de grãos do país, a região do estado de Indiana. A empresa tem produtos prontos para 30% a 40% da área de soja norte-americana. A estratégia de expansão no sul dos Estados Unidos faz muito sentido. Os materiais (variedades de soja) mais característicos da Região Sul do Brasil e da Argentina se encaixam bem do ponto de vista técnico para boa parte do mercado norte-americano, especialmente o sul do país. Não é um movimento fácil, é um mercado maduro e que já conta com uma concorrente muito forte, a Stine, mas é um mercado gigante. Além de Brasil, Argentina, Estados Unidos, a GDM atua hoje na África do Sul e em alguns países da Europa. Em torno de um terço da soja plantada no mundo contém a genética desenvolvida pela companhia. Mas, pouco mais de um quarto de seu faturamento global, que em 2020 atingiu US$ 285 milhões, veio do Brasil. No ano passado, a receita no País foi de R$ 400 milhões. Para este ano, a perspectiva é de um incremento de 10% a 15% do faturamento global, ainda maciçamente puxado pelo mercado brasileiro, onde a receita deve aumentar 70%.

Isso tem a ver com a participação no mercado, lançamentos, aumento dos preços da commodity (soja, que influencia diretamente o preço das sementes), além da expansão da área de soja, que também ajuda o resultado. A grande participação da GDM no mercado nacional também explica a expansão internacional. Como a GDM já tem uma posição extremamente forte no Brasil, o espaço para um crescimento no País ainda maior acaba sendo restrito. O mercado norte-americano não é o único alvo da GDM fora do Brasil, ainda que seja o mais relevante. A companhia vem fincando bases também na China, onde enxerga grande potencial de crescimento da produtividade de soja. O país deve plantar nesta temporada 9 milhões de hectares de soja, segundo o USDA. A China ainda pode evoluir muito no mercado de soja. A presença de multinacionais no país é baixa, as tecnologias são mais controladas por universidades do que por empresas.

Outro atrativo é que, apesar de pouco explorado, o mercado chinês de sementes de soja já conta com uma grande base de pesquisas na área de edição gênica (dos genes de interesse de uma pesquisa), da qual a GDM também se beneficia. A visão da empresa é buscar sinergia entre os territórios em que atuam. Em edição gênica, a China está à frente do Brasil. A GDM ainda não comercializa suas sementes no mercado chinês, o que só deve ocorrer em 2023. Neste momento, a empresa trabalha pelo registro de cultivares. Em 25 localidades chinesas, nas províncias de Heilongjiang, Jilin e Inner Mongolia, no nordeste do país, a GDM e mais quatro empresas locais vêm avaliando e testando seis variedades, das quais quatro estão em processo de registro. Apenas Heilongjiang tem cerca de 4,1 milhões de hectares plantados de soja. As experiências nas lavouras já alcançaram resultados bem superiores à produtividade média chinesa, de 1,8 tonelada por hectare. Nos ensaios comerciais, as sementes da GDM renderam de 3,5 a 4,5 toneladas de soja por hectare.

A Europa é outro mercado no radar da companhia. Há pouco mais de um mês, a GDM anunciou que investirá mais de R$ 7,5 milhões em uma unidade de pesquisa na Hungria, que deve concentrar os estudos de melhoramento genético voltados a diversos países da região, em especial do leste europeu, como Rússia e Ucrânia. A GDM fez uma série de investimentos nos últimos dois anos, tendo em vista os planos de expansão global. O laboratório de Edição Gênica em Cambé (PR), que concentra pesquisas relacionadas aos 15 países onde a empresa atua, recebeu R$ 1,5 milhão em 2019. No ano passado, ao menos R$ 11 milhões foram desembolsados, sendo R$ 7 milhões para a estruturação da Estação de Cria (desenvolvimento de variedades comerciais) em Porto Nacional (TO) e R$ 4 milhões na Estação de Cria de Chacabuco, na Argentina. Anualmente, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) da companhia vêm aumentando: foram US$ 20 milhões em 2018, US$ 40 milhões em 2019 e US$ 45 milhões no ano passado, totalizando mais de US$ 100 milhões em três anos.

A gradual expansão no exterior tende a tirar do Brasil o peso que hoje tem no lucro da companhia. Essa parcela é de aproximadamente 70%. O restante ainda vem do mercado argentino, onde um negócio de distribuição de milho (compra do cereal e distribuição com marca própria) contribui para o resultado. No negócio de sementes de soja, o Brasil é maior do que todos os outros países juntos. Em cinco a sete anos, no entanto, essa participação deve recuar para cerca de 45%, ao mesmo tempo em que o mercado norte-americano ganhará relevância no lucro da empresa, participando com algo em torno de 35%. China e Europa ainda não vão mudar muito essa conta, porque em termos de superfície não serão tão grandes comparados à Brasil e Estados Unidos. A expansão internacional coloca a GDM em um novo grupo do mercado de genética de soja. A empresa está se posicionando como uma empresa global. Do ponto de vista de valorização de negócio, muda de patamar, a marca ganha força. O valor da empresa passa a ser outro como player global. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.