17/Jun/2021
A tendência de alta dos preços dos adubos levou produtores a adiantar ainda mais as compras de fertilizantes para a safra 2021/2022. Até o fim de maio, 61% dos adubos a serem utilizados nas lavouras brasileiras no segundo semestre do ano, quando começa o plantio da safra de verão (1ª safra 2021/2022), já tinham sido comercializados. O ritmo das compras estava 14% à frente de igual período do ano passado. Capitalizados pela rentabilidade elevada dos grãos, os agricultores buscaram se precaver da perspectiva de incremento do custo de aquisição dos adubos, que se confirmou. Quando as compras se aceleraram, os preços dos fertilizantes já estavam subindo, mas ainda em patamar mais moderado, com as cotações firmes das commodities compensando a alta do custo. A comercialização antecipada de fertilizantes para uso no segundo semestre deste ano se acelerou a partir de fevereiro, na ordem de 18% até o fim de maio.
Em fevereiro, 43% dos insumos para o período já haviam sido garantidos pelos produtores. Aproximadamente dois terços dos adubos consumidos anualmente no Brasil são utilizados na segunda metade do ano. Deste volume, a maior parte é aplicada a partir de setembro, quando começa o plantio da soja e do milho safra de verão (1ª safra). As compras estão mais adiantadas nas grandes regiões produtoras de grãos de verão, como no Centro-Oeste, onde 71% dos adubos já haviam sido contratados no fim de maio, e no Sul, onde a comercialização atingia 67%. As Regiões Norte/Nordeste e Sudeste ficaram abaixo da média nacional, com 56% e 34% das compras efetuadas, respectivamente. Grande parte do volume de adubos a ser utilizado na safra de verão (1ª safra 2021/2022) já foi comprado. A região que ainda precisa adquirir volume maior de fertilizantes é a Sudeste, porque geralmente as compras para lavouras de cana-de-açúcar e café são diluídas ao longo do ano.
O levantamento foi feito no último mês com misturadoras, distribuidoras, cooperativas, médios e grandes produtores de todas as regiões do País e considera as vendas de adubos por meio da fixação de preços e fechamento de contratos para entrega futura. A pesquisa compreendeu uma área de 23 milhões de hectares, equivalente a 40% da área semeada com grãos na safra 2020/2021. Esse movimento de antecipação de compras é observado desde dezembro de 2019, especialmente para os grãos, e se intensifica conforme a relação de troca (quantidade necessária de determinada commodity para compra de uma tonelada de adubo) fica mais favorável ao produtor. Contudo, neste ano, o volume já comprado é superior. Anteriormente, havia pequena antecipação em meados de janeiro e depois avançava a partir de abril e maio e se estendia até junho e julho, para entrega em agosto e uso em setembro.
Agora, praticamente todo o volume para grãos da safra de verão (1ª safra 2021/2022) já foi comprado. Entretanto, houve uma deterioração acentuada na relação de troca entre adubo e grãos a partir de maio, quando o custo dos insumos disparou. No caso do fosfato monoamônico (MAP), um dos mais utilizados para adubação das lavouras de soja, a despesa para importar o produto subiu 20% de maio a junho, sendo cotado a US$ 732,00 por tonelada no dia 14 de junho. No momento, os preços estão nos maiores níveis dos últimos 10 anos. É a pior relação de troca para o produtor dos últimos cinco anos. No início de maio, eram necessárias 18 sacas de 60 Kg de soja para compra de 1 tonelada de MAP colocada no Porto de Paranaguá (PR). Hoje, nas mesmas condições, são necessárias 22 sacas de 60 Kg de soja para aquisição de igual volume de fosfatado.
O nível mais favorável ao produtor da relação de troca do produto foi visto em novembro do ano passado, quando eram necessárias 12 sacas de 60 Kg de soja para 1 tonelada de MAP. Desde lá, o insumo subiu cerca de 90%, mais de US$ 340,00 por tonelada. Em relação ao montante que ainda falta ser comprado para aplicação no segundo semestre, a rentabilidade do produtor tende a ser menor, já que os preços internacionais dos grãos arrefeceram nas últimas semanas e os preços dos insumos mantêm o viés altista. O produtor não vai deixar de comprar o fertilizante, mas a rentabilidade nessas compras será menor do que se tivesse efetuado anteriormente. Se os preços dos fertilizantes seguirem elevados, o ritmo de compras antecipadas para a segunda metade da safra 2021/2022 pode diminuir. Até o fim de maio, a comercialização dos adubos a serem utilizados nas lavouras no primeiro semestre do ano que vem (período de semeadura das culturas de inverno como milho 2ª safra, trigo e algodão) também estava avançada, com 28% dos fertilizantes contratados.
Os dados disponíveis do ano passado são de julho, quando as vendas de adubos para uso no primeiro semestre do ano posterior atingiam 31%. O índice é maior nas Regiões Norte/Nordeste, com 34% dos adubos comprados, seguido pela Região Centro-Oeste, com 32%, e pela Região Sul, com 28%. Com a previsão de crescimento na área plantada de grãos e cenário otimista para as demais culturas brasileiras, o consumo de fertilizantes no Brasil neste ano pode ter um incremento ainda maior que o esperado. Até o fim do ano, as entregas devem crescer de 6% a 8% na comparação com o volume consumido no ano passado de 40,5 milhões de toneladas. Se confirmadas, as entregas de adubos ao consumidor final devem ficar entre 42,9 milhões de toneladas e 43,7 milhões de toneladas, novo recorde. Anteriormente, a previsão de consumo doméstico era de 42,3 milhões de toneladas de adubos em 2021. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.