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11/Jun/2021

Combustíveis: Petrobras deverá efetuar reajuste

A valorização do Real está ajudando a Petrobras a manter os preços inalterados em suas refinarias, o que pode reduzir o impacto na inflação de junho, depois do efeito em maio no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Mas, com a escalada da cotação da commodity nos últimos dias, novos aumentos serão inevitáveis. Na Bolsa de Londres, o petróleo do tipo Brent, usado como parâmetro pela estatal para ajustar os preços internos dos derivados, chegou a ser negociado a US$ 20,00 por barril no ano passado, no auge da crise. Nesta semana, diante da retomada econômica gradual nos Estados Unidos e Europa, superou o patamar de US$ 70,00 por barril e já dá sinais de que vai atingir os US$ 80,00 por barril. Mesmo assim, a estatal ainda não mexeu no preço dos derivados, como fazia sistematicamente até abril, o que vem segurando os aumentos nos postos de abastecimento. O último reajuste da gasolina e do óleo diesel da Petrobras foi em 1º de maio.

Mesmo assim, as revisões foram para reduzir os preços em cerca de 2%. No começo de maio, o petróleo estava cotado a US$ 67,00 por barril e, no dia 9 de junho, fechou o pregão negociado a US$ 72,00 por barril. Houve, portanto, uma alta de quase 7,5%. O dólar passou da casa de R$ 5,40 para R$ 5,06, queda de 6,30%. Segundo o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep), apenas o Gás Natural Liquefeito (GLP), que impacta o preço do gás de cozinha (botijão 13 Kg), continua sendo negociado dentro do Brasil com um preço 13% superior ao GLP importado. A alta do preço do petróleo está calcada na expectativa de retomada econômica. Os Estados Unidos estão com um espraiamento maior da vacinação e isso aumenta agora com o verão no Hemisfério Norte. Mas, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), é preciso lembrar que os fundamentos do mercado, de oferta e demanda, estão artificialmente controlados pelos cortes de produção da Opep.

Reagindo à redução de demanda trazida pela pandemia de Covid-19, somente a Arábia Saudita cortou cerca de 1 milhão de barris diários da sua produção de 12 milhões de barris, fora os cortes dos outros produtores como Rússia, Nigéria e México, que no total chegaram a quase 10 milhões de barris diários. O Irã e o Iraque, por sua vez, já anunciaram que vão aumentar sua produção para níveis pré-coronavírus. A Petrobras, em algum momento, vai alinhar seus preços ao mercado internacional. Mas, a empresa já avisou que os prazos para os reajustes vão ser mais longos na nova gestão. De acordo com a Associação dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a ausência de ajustes da Petrobras poderia ajudar os importadores brasileiros a aumentar a fatia no mercado nacional de combustíveis e trazer maior concorrência para o mercado, reduzindo os preços internos, mas isso não está acontecendo.

Em abril, a estatal foi responsável por 48% das importações de diesel e, em maio, o resultado deverá ser semelhante. Os aumentos nas commodities têm sido ajudados pela redução do câmbio, então o preço das Petrobras está acompanhando bem a paridade. Não está gerando uma janela de oportunidades para importação, mas a defasagem tem ficado muito pequena. Até o mês passado, quando o dólar estava mais cotado a cerca de R$ 5,50, a diferença entre os preços praticados nas refinarias da Petrobras e os de importação apontavam para uma defasagem de 4% a 5%, ou cerca de R$ 0,10 a R$ 0,12 por litro. Com a taxa de câmbio em torno dos R$ 5,00 essa defasagem caiu para o intervalo de 1% a 2%. Mas há dúvida sobre qual será o comportamento da Petrobras se de fato o petróleo chegar a US$ 80,00 por barril. A Petrobras afirmou que não houve alteração na política de preços, e que monitora permanentemente o mercado. A partir de uma percepção de realinhamento de patamar, seja de câmbio, seja de cotações internacionais de petróleo e derivados, a empresa realiza reajustes de preço.

Os estudos e monitoramentos elaborados pelas áreas técnicas de comercialização da Petrobras suportam a tomada de decisão e a proposição de reajustes de preço, sendo observado permanentemente o ambiente de negócios e o comportamento dos seus competidores, visando a um posicionamento competitivo adequado. O Instituto de Energia da PUC-Rio avalia que qualquer demora no ajuste de preços que não seja justificada pela competição pode representar perdas para a Petrobras. Em mercados abertos, as companhias, às vezes, não repassam imediatamente aumentos no preço internacional para proteger seu mercado da concorrência. Mas, trata-se de dias, no máximo semanas. Para poder segurar preços em momentos de altas muito expressivas, as empresas trabalham com hedge (proteção cambial). Operações desse tipo têm custo, embora sejam comuns em ambientes competitivos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.