ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

28/Mai/2021

Sustentabilidade: BAYER lança o PRO Carbono

Após implementar na safra 2020/2021 a iniciativa Carbono Bayer com 400 produtores, a companhia lançou o programa PRO Carbono, uma ampliação do projeto do ano passado e que deve alcançar o dobro de produtores na safra 2021/22, que começa em julho. Serão aproximadamente 800 agricultores, principalmente de soja e milho, de 15 Estados. Por meio da iniciativa, a companhia oferecerá orientação e uma rede de parceiros, inclusive de crédito, para apoiar os participantes a reduzirem suas emissões de gases de efeito estufa, aumentarem a captura de carbono no solo e, ao mesmo tempo, elevar a produtividade nas lavouras. "A agricultura é parte sim dos agentes emissores de gases de efeito estufa, mas também é uma das mais prejudicadas pelas mudanças climáticas. Acreditamos que a atividade pode ser parte da solução do problema", afirmou o líder da área de Digital e Novos Modelos de Negócio da Bayer para a América Latina, Mateus Barros. "Temos dados de muitos anos de pesquisa mostrando que a adoção em larga escala de práticas sustentáveis reduz a emissão e sequestra carbono da atmosfera. Há soluções", acrescentou.

Assim como na safra 2020/2021, os produtores interessados em integrar a iniciativa a partir do ciclo 2021/2022 terão de atender a critérios ambientais e sociais. Para isso, a empresa terá o suporte da agtech Agrotools, que utilizará seus softwares para verificar se a propriedade está em conformidade com o Código Florestal, se conta com Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal, se não está localizada em terra indígena ou quilombola e outros pontos. Os participantes também precisarão ser usuários ou passar a utilizar a plataforma de agricultura digital Climate FieldView™, da própria Bayer, pela qual será feita a coleta, análise e rastreabilidade dos dados. Cada produtor selecionará um talhão de sua fazenda, de 30 a 100 hectares, que será utilizado para todas as análises ao longo de três anos. Uma consultoria parceira fará a avaliação do solo, das práticas adotadas até então e das emissões de carbono no começo do programa, para então dar recomendações customizadas.

Algumas são velhas conhecidas do setor, como plantio direto, rotação de culturas e cobertura do solo, mas a ideia é ir além e entender a forma como tais atividades vêm sendo executadas. "A Federação Brasileira do Sistema de Plantio Direto entende que há níveis diferentes de adoção. Vamos entender como os produtores fazem o plantio direto e formas de melhorar", explicou o diretor do Negócio de Carbono da Bayer para a América Latina, Fábio Passos. "Não haverá uma receita padrão para todos, mas sim um ajuste fino", continuou. Para impulsionar a produtividade e a captura de gases de efeito estufa, serão consideradas, entre outras ações, o aumento da densidade da população de milho no talhão, uso de variedades de soja de ciclo mais curto, opções de defensivos, fertilizantes e também genética das sementes. "Quanto mais grãos se produz em uma área, mais estamos convertendo carbono do solo em grão. Será possível obter um ganho médio de mais de 10% em produtividade e de mais de 6% em rentabilidade, sem contar o aumento do carbono no solo, do aporte de palha e de biodiversidade", diz Passos.

Entre os parceiros do PRO Carbono nesta nova etapa estarão, além Federação Brasileira do Sistema de Plantio Direto, três unidades da Embrapa - Embrapa Informática Agropecuária, Embrapa Instrumentação e Embrapa Meio Ambiente -, pesquisadores ligados a diversas universidades, como Esalq/USP, Unesp, UEPG, UFRGS e UFMG, grandes cooperativas do Sul do Brasil e o Itaú BBA, que facilitará o financiamento dos produtores do programa. Dos cerca de 800 agricultores, uma parcela será de produtores que participaram da iniciativa na safra 2020/2021 e serão convidados a prolongar as ações por mais três, assim como os novos participantes. A maioria tem o perfil conhecido como "early adopters", ou seja, propensos a experimentar novas tecnologias, e já adota em suas propriedades softwares e soluções de agricultura digital. Agricultores do bioma Amazônia ainda não devem ser envolvidos, já que o foco serão Mata Atlântica, Cerrado e Pampas, onde está concentrada a produção agrícola brasileira. Os executivos não divulgaram os investimentos da Bayer na iniciativa.

Informaram apenas que faz parte dos 2 bilhões de euros destinados globalmente pela companhia, a cada ano, à pesquisa e desenvolvimento (P&D) e novos negócios. "Nós vamos trabalhar com a análise socioambiental, consultoria, pesquisa, e em contrapartida os produtores garantirão a implementação das práticas, o investimento nos insumos necessários e o acesso aos dados que forem sendo levantados no trabalho", disse Passos. Para a Bayer, será uma oportunidade de alcançar maior visibilidade a seu portfólio e desenvolver novas soluções. "Já contamos com sementes, germoplasma de híbridos, variedades precoces, super precoces, biotecnologia, proteção de cultivos, um portfólio competitivo para ajudar o produtor a aumentar a sua produtividade. O projeto também vai nos ajudar a direcionar nossas pesquisas e o desenvolvimento de novos produtos e serviços", afirmou Barros. Para facilitar os investimentos dos produtores nas novas práticas, o Itaú BBA oferecerá condições especiais aos participantes.

O diretor de Agronegócios do banco, Pedro Fernandes, informou que foram construídas soluções financeiras específicas. "A adoção de novas práticas e tecnologias demanda mais capital no começo da atividade. Como esse produtor é mais tecnificado e tem menor risco, isso vai se refletir em preço (menor custo na contratação de crédito) e em algum investimento do banco em termos de redução de retorno (para o banco)", disse Fernandes. O executivo prevê que a maior demanda deve ser para custeio, atendida por linhas de crédito rural e CPR, mas haverá possibilidade de conceder recursos para investimentos dentro do programa. Dos participantes, o Itaú BBA não exigirá garantias reais (como hipoteca) para conceder os empréstimos, dará mais agilidade na abertura de conta e contratação e poderá reduzir em até 1% a taxa de juros, em comparação a linhas comerciais convencionais. "Também poderemos aprovar limites maiores ou dar limite a produtores que, caso estivessem fora do projeto, não aprovaríamos. Mas as soluções do Itaú BBA para os participantes serão opção, uma vantagem oferecida pelo programa", continuou. A parceria com a Bayer também deve ajudar o Itaú BBA a ampliar sua carteira do setor. Segundo Fernandes, mais da metade dos participantes deve ser novos clientes do banco. Fonte: Agência Estado.