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21/Mai/2021

Fertilizantes: UNIGEL aposta nas vendas ao agro

Grande fornecedora de ureia no Brasil para o agronegócio, a Unigel Agro Sergipe, fábrica de fertilizantes arrendada da Petrobras, começou a operar no início deste mês. À frente do negócio está a petroquímica Unigel. Ancorada no sucesso do mercado de commodities agrícolas brasileiras, a empresa dá como certo o retorno do dinheiro investido. Além de apostar na integração do novo negócio com outras das suas unidades petroquímicas, a companhia identifica na vulnerabilidade do País ao fornecimento estrangeiro de insumos agrícolas um nicho a ser ocupado por uma empresa nacional. A fábrica de fertilizantes de Sergipe foi arrendada da Petrobras em agosto do ano passado, junto com outra na Bahia, que deve iniciar a operação no começo do segundo semestre. As duas plantas, antes batizadas de Fafen-SE e Fafen-Ba, estavam na lista de desinvestimentos da estatal.

A petrolífera optou por se desfazer desse e de outros ativos da sua cadeia integrada de atuação para se dedicar ao que considera o foco do seu negócio: a produção de petróleo e gás natural em águas profundas e ultraprofundas, sobretudo no pré-sal. Com isso, reduziu significativamente sua presença na Região Nordeste do País, concentrando-se na Região Sudeste. Num primeiro momento, as duas fábricas ficaram paradas enquanto um novo investidor era aguardado. A medida teve efeito direto na geração de emprego e arrecadação de tributos de prefeituras e Estados. Os governos passaram, então, a ansiar pela reativação das unidades, que, em Sergipe, especialmente, é vista como uma possível âncora de desenvolvimento econômico a partir do comércio de gás, utilizado como insumo. Estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) aponta um crescimento de mais de 50% da demanda interna por ureia nos próximos anos, por conta do avanço do agronegócio.

O mesmo estudo indica que o Brasil tem capacidade de acolher cinco novas fábricas. O Brasil precisa do produto, a demanda é forte. O País importa 7,2 milhões de toneladas por ano somente de ureia, além do sulfato. O prazo do primeiro lucro da fábrica de fertilizantes de Sergipe, já sob a gestão da empresa petroquímica, vai depender do comportamento das cotações da matéria-prima, o gás natural, e dos produtos agrícolas, cuja cultivo depende do uso de fertilizantes, fabricados a partir da ureia e sulfato de amônia produzidos na Agro Sergipe. O gás está no primeiro elo dessa cadeia e o agronegócio, na última ponta. O setor agrícola há anos sustenta o PIB e as perspectivas são de continuidade da expansão. Já o futuro do gás é mais incerto. Sua disponibilidade e possível barateamento ainda dependem da instalação de infraestrutura e do apetite de novos agentes.

O marco legal de abertura desse mercado foi aprovado no Congresso em março e ainda há muitos questionamentos sobre sua efetividade. A Unigel é a primeira grande consumidora a apostar no desenvolvimento do comércio de gás sem a presença dominante da Petrobras. Até então, a petrolífera controlava, praticamente sozinha, a produção do insumo em alto mar, seu escoamento até a costa, o transporte pelo interior do país e a distribuição em grande parte dos Estados. Há uma expectativa do governo federal de que, com a chegada de novos agentes, o preço do energético caia. Alguns especialistas questionam, porém, a possibilidade de se promover a competição num setor que funciona em rede, no qual os diferentes elos da cadeia são interdependentes. A matéria-prima é o gás e o produto acabado, amônia e ureia. É o spread que define o prazo do retorno, se mais longo ou curto. Hoje, está tudo num nível alto. Futuramente, podem não estar mais.

Não é tanto o valor absoluto, mas a diferença entre o custo com a matéria-prima e ganho com o produto final. Isso que vai interferir no prazo de retorno da planta. Em todo caso, se o novo mercado de gás não funcionar, a Unigel conta com a possibilidade de importação de gás. Atualmente, boa parte do suprimento interno já é garantido por outros países. A Bolívia é um deles e há ainda infraestrutura para trazer o produto liquefeito (GNL) para ser regaseificado em terminais da Petrobras e da iniciativa privada. Em Sergipe, onde funciona a Unigel Agro Sergipe, a Golar Power e a EBrasil Energia operam um terminal de regaseificação. O Estado também é um promissor produtor de gás natural que, em alguns anos, poderá ser consumido na fábrica de fertilizantes. A perspectiva é muito boa. A maior parte da indústria consumidora da amônia e da ureia da Agro Sergipe, no entanto, está instalada em outros Estados, onde se concentra o agronegócio. A empresa fornece, sobretudo, para a região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), onde a produção agrícola avança, além de Minas Gerais. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.