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06/Mai/2021

Defensivos: mercado sofre queda no 1º trimestre

Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), a valorização do dólar ante o Real, que prejudicou a indústria de defensivos agrícolas em 2020 (com queda de 10,4% no faturamento ante 2019), voltou a comprometer os resultados do setor neste início de ano. No primeiro trimestre, o valor de mercado dos produtos aplicados por produtores rurais nas lavouras recuou 12,9%, saindo de US$ 4,3 bilhões em igual período do ano passado para US$ 3,8 bilhões agora. A queda foi uma surpresa. Os insumos tiveram um aumento de custo, houve alta do frete, falta de várias matérias-primas, um incremento quase generalizado dos custos fora do Brasil, em dólar. Além disso, era esperado que o governo conseguisse avançar nas reformas, que a vacinação contra Covid-19 contribuísse para o cenário e que o câmbio ficasse entre R$ 5,00 e R$ 5,20, mas foi justamente o oposto.

De janeiro a março, a perda cambial das indústrias de agroquímicos foi de 20,2%. No primeiro trimestre de 2020, o câmbio médio foi de R$ 4,46. Os preços em dólar foram menores do que o esperado e os custos, maiores. Não foi um trimestre favorável para a indústria. A valorização do dólar sobre o Real afeta diretamente o resultado das companhias em dólar, calculado desta forma, já que as matérias-primas, que correspondem a cerca de 70% dos custos, são majoritariamente importadas. As empresas negociam com distribuidores, cooperativas e produtores os defensivos em Real, mas adquirem os insumos em dólar para atender à demanda, e em época diferente da entrega e do faturamento do pedido. Assim, o pagamento pelo produtor só ocorre meses depois, no faturamento da compra. Quando o dólar se valoriza ao longo desse período (caso dos últimos meses), a receita das empresas na moeda norte-americana diminui.

Outro fator que traz riscos para a operação das indústrias é a aquecida demanda de produtores rurais por defensivos para a safra 2021/2022. Aproximadamente 60% dos produtos necessários para a próxima temporada já foram comercializados, mas só serão faturados daqui a alguns meses. A negociação está muito ativa e já tem produtor querendo negociar defensivos para o ciclo 2022/2023. Mas, a indústria não tem base para isso agora, porque não há segurança sobre como ficará o câmbio no ano que vem ou os custos. Em Reais, os custos de produção da indústria de agroquímicos devem ter aumentado em torno de 60% no último ano. As matérias-primas tiveram um reajuste médio de, no mínimo, 25% em dólar (algumas menos, de 6% a 7%, outras até dobrando de preço). Os ajustes de preços decorrem de uma série de fatores. A indústria da China, principal fornecedor de insumos para a indústria brasileira, continua passando por adaptações ambientais, fusões, consolidação, o que por vezes restringe a oferta.

Além disso, o petróleo e derivados, base da produção de químicos, passaram por recuperação de preços. Há ainda os efeitos da pandemia de Covid-19, que alteram o fluxo de produção não somente na China como em outros países produtores de insumos, como Japão e Índia. A pandemia também comprometeu o mercado de frete marítimo, já que o número de navios em circulação diminuiu com as restrições impostas no mundo e desaquecimento da economia. Agora, há menor oferta de navios, o que eleva o custo. Houve um aumento de mais de 50% nos custos do frete marítimo no último ano. A expectativa é de que ainda demore entre 60 e 90 dias para que o regime regular de transporte seja retomado. Não há atraso na entrega de produtos, ainda que o prazo para receber matérias-primas importadas esteja mais alongado. Do aumento de 60% dos custos em Real, ao menos metade foi repassada a clientes pela indústria no último ano.

Um reajuste de mais 25% a 30% deve ser repassado nos próximos meses), da indústria para a rede de distribuição e da distribuição ao produtor. Diante do cenário atual, é difícil manter a perspectiva, vislumbrada em fevereiro deste ano, de crescimento de 10% a 15% do mercado de defensivos, em dólar. A área tratada deve aumentar, porque os produtores estão animados, se preparando para expansão de área, e está havendo aumento da pressão de pragas. Mas, não é possível dizer se na conversão da moeda (do Real para o dólar) esse mercado não pode ficar flat (estável em relação a 2020, que chegou a US$ 12,1 bilhões em valor de mercado de produtos aplicados). A expectativa em fevereiro era de que o Real se apreciasse um pouco ante o dólar, mas não foi o que aconteceu e o Real está em desvalorização. Se o câmbio vier para o patamar de R$ 5,00 talvez seja possível pensar em um avanço do mercado. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.