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05/Mar/2021

Máquinas: Abimaq pede aporte para o Moderfrota

Diante do esgotamento dos recursos do crédito rural para o financiamento de máquinas, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) encaminhou em fevereiro ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) o pedido de um aporte de R$ 7 bilhões no atual Plano Safra. Além do reforço no Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeira (Moderfrota), a entidade reivindicou mais R$ 3,8 bilhões para o Programa para a Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), R$ 800 milhões para o Inovagro e R$ 1,8 bilhão para o Pronaf Mais Alimentos. A entidade teve uma reunião com o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, que considerou o pleito justo e, além disso, há o empenho da ministra Tereza Cristina. Mas, o que vem dificultando são as restrições orçamentárias.

A percepção é de que a probabilidade de haver aportes no atual Plano Safra é remota. Segundo dados do Banco Central, de julho de 2020 a fevereiro de 2021, a demanda total por crédito rural somou R$ 147,57 bilhões, um aumento de R$ 22,81 bilhões (ou 18,3%) em relação a igual período da safra anterior. O valor médio dos contratos passou de R$ 90,95 mil para R$ 104,98 mil. Só no mês passado, os contratos de financiamento somaram R$ 12,8 bilhões ante os R$ 9,42 bilhões de fevereiro de 2020. Considerando apenas as linhas de crédito rural administradas pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de 1º de julho até 28 de fevereiro, a soma é de 16,08 bilhões, divididos entre a agricultura familiar (R$ 2,57 bilhões), demais produtores rurais (R$ 11,59 bilhões), empresas do agronegócio (R$ 728,2 milhões) e cooperativas (1,18 bilhão).

Na linha Moderfrota, o financiamento somou R$ 5,71 bilhões e no Pronaf Investimento, R$ 2,16 bilhões. Para o Plano Safra em vigor, a Abimaq havia pedido R$ 14 bilhões para o Moderfrota, mas só foram autorizados R$ 8,7 bilhões. Faltaram recursos muito cedo para o programa porque a excelente rentabilidade das lavouras gerou uma demanda maior por máquinas agrícolas. Em 2020, o faturamento das associadas da Abimaq na câmara setorial cresceu 27% em relação a 2019. A entidade estima em R$ 42 bilhões a demanda anual de crédito para compra de máquinas agrícolas e admite que o setor privado tem recursos para oferecer ao agronegócio, mas o problema são os juros e o prazo. O Moderfrota tem juros de 7,5% ao ano com 7 anos de prazo. Os recursos do setor privado estão por volta de 10% com 5 anos de prazo.

O Ministério da Agricultura foi procurado para falar sobre a possibilidade dos aportes, mas não houve resposta aos questionamentos. Segundo o Instituto Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável do Agronegócio (IBDAgro), a chance de saírem novos aportes é zero. Até pode haver algum remanejamento, mas nada expressivo. As chances de aumento no volume para o novo Plano Safra, que passa a valer em 1º de julho, também são próximas de zero. Vai depender da abrangência da PEC do Auxílio Emergencial que deve ser votada esta semana no Congresso. Não está claro ainda quem será afetado, mas, diante do cenário de endividamento do governo federal causado pela pandemia, será necessário reduzir subsídios para pagar o auxílio.

O pensamento do governo é o seguinte: o setor do agro está faturando como nunca, ganhando musculatura há várias safras. Nesse cenário, o agronegócio pode buscar alternativas de financiamento no mercado, sem precisar de subsídios. O problema nesse raciocínio é que os grandes bancos privados gostam do agronegócio, mas não do crédito rural. Os bancos privados preferem operações de curto prazo porque têm que cumprir metas anuais. Eles oferecem ao produtor rural cartão de crédito, cheque especial, mas não crédito de longo prazo com seus próprios recursos para financiar um trator, por exemplo. Estima-se em R$ 320 bilhões a demanda anual por crédito rural apenas do setor de grãos e fibras.

Um novo dificultador nos próximos anos para o crédito rural é a independência do Banco Central, que hoje controla e fiscaliza todas as operações. Está tramitando uma medida provisória que faz uma revisão completa do crédito rural atual que foi estabelecido pela lei 4.829 de 1965. Essa revisão pode tirar poderes e obrigatoriedade dos bancos de aplicar os depósitos à vista no crédito rural, por exemplo. Nesse cenário, os bancos privados e os das montadoras serão chamados a participar mais das operações de financiamento para investimento no setor e podem ganhar peso as operações de leasing de equipamentos, como ocorre nos Estados Unidos, e os consórcios. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.