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29/Jan/2021

Diesel: preços estão em alta desde outubro/2020

O preço do óleo diesel vendido nos postos brasileiros está subindo desde o fim do ano passado. Em outubro, quando a cotação do petróleo começou a se recuperar após meses de crise, os consumidores começaram a pagar mais pelo combustível. A alta foi de 12,78% nos últimos três meses do ano, segundo cálculo do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo e Gás Natural (Ineep). Mais aumento deve aparecer nas bombas nos próximos dias, após a Petrobras reajustar em 4,4% o preço do diesel em suas refinarias, na última terça-feira. Esse aumento foi cobrado das distribuidoras, que, por sua vez, ainda estão repassando para os donos de postos e, em breve, chegará aos consumidores. No fim dessa cadeia de comercialização estão os caminhoneiros, que consomem muito diesel no transporte rodoviário e, por isso, estão sentindo há meses o encarecimento do combustível em seus orçamentos. O anúncio de nova revisão de preço nesta semana levou a categoria a recorrer ao governo federal e a ameaçar entrar em greve no dia 1º de fevereiro e parar o País, assim como fez em 2018.

A Petrobras, com o apoio do Ministério de Minas e Energia, reafirma, no entanto, a sua política de paridade internacional, que, na prática, significa que continuará reajustando os preços dos derivados de petróleo no Brasil toda vez que a cotação da commodity subir no mercado internacional. Por essa política, a empresa até represa o repasse por dias, mas não por um longo prazo. Dessa vez, demorou quase um mês para reajustar o diesel, enquanto o petróleo subia nas principais bolsas globais. Isso gerou rumores sobre uma possível intervenção do governo federal para favorecer os caminhoneiros, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Em sua defesa, a estatal argumenta que se mantém em linha com os preços praticados nos maiores mercados mundiais e que, mesmo assim, seu diesel é 27,4% mais barato do que o da média dos países. Afirmou ainda que, ao formular os preços em suas refinarias, considera as cotações internacionais, os custos de importação e o câmbio. Diz também que a quantia paga pelo consumidor final é resultado das políticas de preços seguidas por ela e por outros agentes comercializadores, sobre os quais não tem ingerência.

Mas, ainda que o Brasil não seja o país com o diesel mais caro do mundo, como alega a Petrobras, foi um dos que mais reajustou seus preços nos postos no fim do ano passado, em meio à crise econômica, quando a cotação do petróleo voltou a subir. Segundo estudo do Ineep, num ranking de sete grandes consumidores de combustíveis: Alemanha, Áustria, Brasil, Dinamarca, Estados Unidos, França e Reino Unido, a liderança só não foi brasileira por conta dos sucessivos reajustes de preços da Alemanha em 2020. Em comum, esses sete países têm a prática de revisar seus valores à medida que a cotação do petróleo sobe. Eles se diferenciam, porém, na forma como repassam essas altas ao consumidor final. A Alemanha não produz petróleo e importa parte dos derivados consumidos pela sua população. Por isso, escolhe repassar aos consumidores a volatilidade do preço internacional. A Dinamarca é produtora e aproveita o ganho de receita no período de alta da matéria-prima para formar um fundo e compensar empresas petrolíferas por represarem seus preços.

Enquanto a Áustria possui um regime fiscal que permite reduzir os tributos quando o petróleo está valorizado. Momentos de alta, como o atual, podem ser benéficos para a Petrobras, porque, com o aumento do valor do petróleo no mercado internacional, a empresa acumula mais receita. Mas, ao repassar esse valor integralmente para o mercado interno, ela gera um sério problema para a cadeia que depende dos insumos de petróleo. Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) demonstram que essa alta do diesel nos postos revendedores está sendo puxada pelo primeiro elo da cadeia, formado pelas refinarias da Petrobras e importadores. No quarto trimestre do ano passado, quando as cotações do petróleo começaram a se recompor após o pior momento da crise causada pela Covid-19, o valor cobrado no primeiro elo subiu 16,6%. É mais que o triplo do reajuste nos postos de gasolina, de 4,4%, no mesmo período. Também ficou acima da alta verificada na distribuição, segmento que compra dos produtores e importadores e repassa para o varejo, com preços 10,8% maiores.

Segundo a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), ao longo da cadeia de comercialização do diesel, os aumentos de preços são diluídos por outros fatores e, por isso, a alta no refino e na importação é mais aparente. O biodiesel, por exemplo, é acrescentado ao óleo diesel antes de chegar aos postos, e, por ser mais barato, acaba amortecendo o preço para o consumidor final. Para a Fecombustíveis, que reúne cerca de 40 mil postos de gasolina, foi reduzido todo o possível no diesel, e a margem de lucro gira atualmente em torno de 3%, 4%. Hoje, o preço praticado no Brasil é inferior ao da maioria dos países. O diesel brasileiro está defasado em relação ao mercado externo desde meados de dezembro. Não faz sentido trabalhar com preço tão baixo. Faz sentido a Petrobrás apertar a paridade (política da empresa que iguala os seus preços à cotação internacional) para conquistar mercado interno. Para o banco de investimentos Credit Suisse, mesmo com os aumentos de preço da gasolina e do óleo diesel em suas refinarias, a Petrobrás ainda pratica valores abaixo dos de paridade de importação. A defasagem é de 7% para a gasolina e de 12% para o diesel. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.