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04/Dez/2020

PronaSolos: mais detalhado mapa de solos do Brasil

Uma plataforma virtual que reúne inúmeras informações sobre os solos do Brasil foi lançada nesta quinta-feira (03/12) pelo Ministério da Agricultura. Na ferramenta interativa, é possível observar os variados tipos de solo que compõem o território nacional com nível inédito de detalhamento, sua condição hídrica, os minerais, dados sobre erosão e até mesmo o armazenamento de carbono. Além disso, sobrepor uma informação com outra, comparar sua evolução ao longo do tempo e obter detalhes por regiões, biomas e Estados, entre outros recursos. O mapa é uma das iniciativas do Programa Nacional de Solos do Brasil (PronaSolos), instituído pelo governo federal em 2018 e com duração de 30 anos para mapear os solos de 1,3 milhão de quilômetros quadrados que compõem o território nacional. Ele surgiu justamente para sanar a carência de informações detalhadas sobre os solos brasileiros.

Para abastecer este mapa interativo, o Ministério da Agricultura reuniu, na primeira etapa do programa, informações que já estavam disponíveis, porém dispersas, na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, no Serviço Geológico do Brasil (CPRM), e em outras estatais e em várias universidades do País. Somente na segunda fase do PronaSolos o levantamento será in loco, para captar informações que ainda não foram inseridas no mapa. Aí, os pedólogos vão a campo para coletar solo, fazer a análise e aplicar na plataforma. O PronaSolos é um programa de 30 anos, mas era preciso começar de algum modo esse grande desafio que é mapear, identificar os solos brasileiros e centralizar todas as informações. Então, a opção foi reunir o que já existia de dados e inserir tudo num lugar só. Foi uma forma de adiantar os trabalhos e poupar recursos públicos.

Todos os envolvidos foram chamados para colaborar e o resultado é esta plataforma única. Gestores públicos, engenheiros agrônomos, produtores rurais, professores, pesquisadores, profissionais ligados a mineração, gestão de recursos hídricos, comunicações, meio ambiente e inúmeros outros interessados terão, a partir de agora, uma ferramenta que concentra informações que antes estavam dispersas e nem sempre acessíveis. Por enquanto, o nível de detalhamento dos mapas está numa escala de 1 para 250.000, que é a mesma do Mapa de Solos do Brasil, lançado no ano passado pelo IBGE. Isso significa que cada 1 centímetro quadrado do mapa equivale a 2,5 quilômetros quadrados de área real. Ao longo dos anos, porém, o objetivo do PronaSolos é melhorar a escala para 1:50.000. Menos de 5% do território brasileiro conta com mapas de solos com escalas de 1 para 100.000. Nos Estados Unidos, como comparação, o território é quase integralmente mapeado com escalas de 1 para 20.000 e de 1 para 40.000.

Porém, para solos tropicais, se trata de plataforma inédita no mundo e, com este nível de detalhamento, é possível fazer interpretações que antes não eram possíveis. Por exemplo, sobrepondo as informações sobre estoque de carbono no solo com o de água e o de erosão, é possível observar a eficiência de programas de conservação de solo e água e sua relação com o maior nível de estoque de carbono no solo. Ou, de outro modo, tomar iniciativas urgentes para conter sérias degradações de solo. Políticas públicas também serão facilitadas a partir da nova ferramenta. Para fazer um projeto de irrigação regional, pode-se consulto o mapa hídrico e a disponibilidade de água. Este tipo de integração e interpretações múltiplas não era possível fazer anteriormente em nenhum outro local em âmbito nacional e, agora, com o PronaSolos, será possível e online.

Não só a agricultura brasileira se beneficiará da ferramenta, por exemplo, com o zoneamento de risco agroclimático, que é muito usado por produtores rurais para verificar as épocas ideais de plantio de cada cultura e por políticas públicas e bancos para contratação de apólices de seguro rural. O mapa traz também todas as jazidas minerais do País. As informações relativas a isso e que são do Ministério das Minas e Energia (MME) vão estar na ferramenta. Outro recurso, como o estoque de carbono no solo, também estará disponível para interessados em conservação ambiental. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, por sua vez, terá condições de identificar, conforme o tipo de solo, áreas onde é possível ou não instalar torres de celular. A questão de condutividade elétrica do solo é igualmente importante para o setor de comunicações. O potencial de erosão, além disso, é utilizado para definir a construção de barragens e pontes; há ainda questões de defesa do território e o deslocamento de tropas, e a proteção de fronteiras, onde conhecer o tipo de solo é essencial. Enfim, os usos são múltiplos.

Por isso, no Comitê Estratégico do PronaSolos estão, além do Ministério da Agricultura, os Ministérios do Meio Ambiente; de Minas e Energia; de Ciência e Tecnologia; da Economia e o Ministério do Desenvolvimento Rural, que compõem a governança do programa. Para rodar um programa dessa magnitude, todo o sistema computacional está instalado no Serviço Geológico do Brasil, ou CPRM, estatal ligada ao Ministério das Minas e Energia. Também foi uma maneira de economizar recursos públicos porque o sistema está hospedado em uma estrutura que já existia e tinha capacidade de comportar o programa. O PronaSolos vai promover o desenvolvimento sustentável do País, porque garantirá o melhor uso dos recursos naturais. O solo não é renovável e é nele que se produz 25% do PIB brasileiro. Então, ter o máximo de informações possíveis sobre solos do País é essencial. Adicionalmente, foram lançados levantamentos inéditos sobre erosão ao longo do tempo e de recursos hídricos, ambos inseridos na ferramenta. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.