ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

21/Ago/2020

Fertilizantes: menor oferta de potássio de Belarus

A menor oferta de potássio da Belarus deve elevar os preços do insumo usado na produção de fertilizantes e encarecer o plantio no Brasil. Analistas estimam alta de até 30% das cotações internacionais se a crise no país europeu se estender por mais de dois meses. No Brasil, o impacto será mais sentido na safra 2021/2022, a ser semeada em setembro do ano que vem, já que para a 2020/2021 mais de 80% dos insumos foram adquiridos. A situação é crítica. Não há risco de desabastecimento no curto prazo, mas pode haver reflexo imediato nos preços por reposição. Por enquanto, o mercado opera com cautela. Greves trabalhistas na Belarus paralisam parcialmente os trabalhos nas minas estatais de potássio. O país controla 20% da produção mundial do insumo e responde por 25% da exportação mundial. Uma das maiores produtoras do país a estatal Belaruskali informou, na quarta-feira (19/08), que suas três plantas de produção funcionam normalmente e que suas sete minas de potássio estavam operando, mas não especificou a capacidade.

Uma greve de duas semanas na Belaruskali reduziria a produção global de potássio em 3,5% no trimestre. O Brasil é o maior importador mundial de potássio, com 6 milhões de toneladas de cloreto de potássio (Kcl) até julho, ante 10,45 milhões de toneladas adquiridas em todo o ano passado, de acordo com dados do Ministério da Economia. Para repetir o resultado dos primeiros sete meses, o Brasil deve importar cerca de 12 milhões de toneladas até o fim do ano. O mineral é um dos adubos mais utilizados nas lavouras brasileiras. No dia 13 de agosto, o insumo chegava ao Brasil a US$ 240,00 por tonelada (o valor inclui despesas com frete até o porto). Nesta semana, após a intensificação da crise política em Belarus, algumas misturadoras afirmaram já terem pago cerca de US$ 20,00 a mais por tonelada. Aproximadamente 55% do volume que será consumido pelo País neste ano já estava em território brasileiro até o fim de julho. Segundo o Rabobank, o Brasil deve ter por volta de 70% da demanda nacional do ano com preço fixado.

O Brasil tem por costume comprar volumes ao longo do ano, em média cerca de 1 milhão de toneladas de adubo ficam como estoque de passagem de um ano ao outro, volume que atende cerca de 30 dias da demanda. Hoje, não há no mercado doméstico volume total para suprir a safra inteira. E sobre parte do volume a ser consumido ainda não foi travado preço. Assim, o produtor deve pagar mais do que esperava antes da crise. Em caso de aumento acentuado das cotações do cloreto de potássio, os produtores brasileiros poderiam também aplicar menor volume do insumo nas lavouras, já que o ativo tende a acumular no solo. Há dois cenários possíveis para os preços: se chegarem a uma solução para a greve em uma a duas semanas, os preços devem subir pouco, entre US$ 10,00 e US$ 20,00 por tonelada. Caso o problema se estenda por dois ou três meses, os preços poderiam subir até mais de US$ 70,00 por tonelada, cerca de 30% de alta. A Belaruskali tem importância estratégica para o país e, por isso, o governo tende a controlar os impactos da crise social sobre a estatal. Ela equivale ao país o que Petrobras e Vale do Rio Doce representam aqui.

O Rabobank considera que não há risco de desabastecimento de potássio para o Brasil, mesmo que a oferta de Belarus seja interrompida por um prolongado período. O Brasil tenderia a buscar o insumo no Canadá e na Rússia, que juntos respondem por 40% da produção global e 55% da exportação mundial de potássio. A grande questão é quanto tempo vai durar a greve. Se for solucionada em alguns dias o impacto deve ser pontual nos preços, mas se durar muito tempo vai começar afetar fluxo e disponibilidade de produto não só doméstica, mas nos portos. Outra alternativa é o aumento gradual da produção do insumo por gigantes mundiais como Uralkali e Nutrien, que atualmente têm capacidade ociosa de produção, após cortarem o volume produzido devido à queda dos preços. A oferta destes players não seria suficiente para compensar o montante que Belarus é capaz de produzir, mas poderia aliviar a oferta em dois meses. Mesmo assim, a oferta seria reduzida e os preços subiriam. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.