21/Ago/2020
O aumento da produtividade, aliado à redução de custos e ao desenvolvimento de sistemas de plantio baseados em recursos mais sustentáveis são alguns dos principais atrativos para o uso de bioinsumos, que vem crescendo a cada ano no Brasil. Tanto na agricultura orgânica como na convencional, os produtores buscam cada vez mais esse recurso para a nutrição de fertilizantes no solo ou no controle de pragas que atacam a lavoura. Há 30 anos, o produtor Joe Valle cultiva insumos biológicos em sua fazenda especializada em produção agropecuária de produtos orgânicos. Localizada no núcleo rural Lamarão, em Brasília (DF), a fazenda tem 50 hectares de hortaliças, além de produzir frutas, leite, ovos e até carne orgânica. Para ele, os bioinsumos facilitam a produção de orgânicos e proporcionam alimentos mais saudáveis para a sociedade. Ele destaca que os bioinsumos feitos na Fazenda são resultado de metodologias já consagradas.
Hoje, a maioria dos produtos usados nas lavouras são produzidos na própria fazenda. A cama dos animais da propriedade, por exemplo, é feita a partir de uma mistura de resíduos orgânicos com rochas remineralizadas. Esta mistura passa por um processo de compostagem, com duas “reviragens” por dia, usando rochas sedimentares, com a adição de serragem, carvão e esterco. A mistura é processada e transferida para o processo de compostagem. Quando o composto está maduro, é utilizado como nutriente para as plantas. A Fazenda também produz um chá composto feito por um pool de microrganismos para garantir o equilíbrio do ambiente e, assim, deixar as plantas mais fortes. São utilizados extrato de alga, extrato de peixe, melaço e uma fonte de carboidrato que é o polvilho. Assim, é possível criar essa quantidade de microrganismo composto benéfico, com bastante oxigênio, multiplicador, que serve de insumo no campo.
Para Joe Valle, o Programa Nacional de Bioinsumos lançado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento há três meses, é o caminho do futuro. É uma ferramenta fundamental para aumentar a escala de orgânicos no Brasil. Mas, não é só na produção de orgânicos que o uso de bioinsumos traz benefícios. Na Fazenda Nova Aliança, em Planaltina (DF), há oito anos os bioinsumos são usados no plantio de feijão, soja e milho. Hoje, quase não se utiliza mais produtos químicos. O solo é preparado com o plantio direto e com o uso de adubos equilibrados. É crescente no Brasil a adesão de produtores rurais às práticas de agricultura sustentável e econômica, que utilizam mais bioinsumos e organismos biológicos. É importante investir na agricultura sustentável, é preciso ser responsável, cuidar dos córregos e manter a mata auxiliar nas lavouras. O Programa Nacional de Bioinsumos incentiva a utilização de recursos biológicos na agropecuária brasileira.
Os produtores estão obtendo resultados e buscando mais informações sobre os bioinsumos. O número de defensivos biológicos registrados no Ministério da Agricultura tem avançado. São 275 produtos, entre bioacaricidas, bioinsecitidas, biofungicidas e bioformicidas, e 321 inoculantes, um insumo biológico que contém micro-organismos com ação benéfica para o crescimento das plantas. Em 2019, o mercado de biodefensivos nacional movimentou R$ 675 milhões, crescimento da ordem de 15% em relação a 2018, e acima da média estimada de crescimento internacional. Os dados são da Croplife Brasil, associação que representa as indústrias de desenvolvimento e inovação nas áreas de biotecnologia, germoplasma, defensivo químico e biodefensivo. A média global de novos produtos biológicos registrados, por ano, aumentou de 3 para 11 na última década. Ainda, de acordo com a associação, em 2018, o setor realizou uma pesquisa, envolvendo usuários de insumos biológicos em 15 Estados e em 11 culturas diferentes.
O estudo concluiu que 96% dos pesquisados acreditam que o uso (taxa de adoção) de biodefensivos irá crescer nos próximos cinco anos. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) conta com um extenso trabalho de pesquisa dedicado ao controle biológico. São 632 pesquisadores trabalhando em 73 projetos relacionados ao tema e distribuídos em 40 unidades. O objetivo do Programa Nacional de Bioinsumos é aproveitar o potencial da biodiversidade brasileira para reduzir a dependência dos produtores rurais em relação aos insumos importados e ampliar oferta de matéria-prima para setor. Segundo o Ministério da Agricultura, o programa é um dos pilares da visão de bioeconomia que a pasta está desenvolvendo para promover o acesso, o desenvolvimento e o uso sustentável da rica diversidade biológica brasileira. O Brasil é responsável por abrigar a maior biodiversidade do mundo. Os bioinsumos contribuem para o desenvolvimento de novas soluções tecnológicas, como também geram renda, riqueza e qualidade de vida para os produtores, inseridos nos diferentes elos das cadeias produtivas da agricultura.
A produção de insumos biológicos demanda conhecimentos técnicos e controle de qualidade durante as etapas de produção e do produto final para que possa promover os benefícios ambientais e econômicos. Para o Instituto Mato-Grossense de Algodão (IMAmt), a demanda por insumos biológicos para uso na agropecuária é cada vez maior na produção convencional. A entidade investe em pesquisa contra fungos, vírus e bactérias para encontrar alternativas e usar bioinsumos que façam o controle biológico de fungos e praga. O IMAmt investe no controle do bicudo, controle de lepidópteros, principalmente Spodoptera (que gradativamente vem aumentando a resistência), controle dos nematoides e controle da mosca branca, entre outras pragas. É necessário reduzir custos de produção, diminuir o impacto ao meio ambiente e buscar uma agricultura mais sustentável. Todos os trabalhos do IMAmt são voltados para a pesquisa e inovação, buscando a longevidade do sistema de cultivo em Mato Grosso. Fonte: Ministério da Agricultura. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.