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17/Jun/2020

Máquinas: vendas dependem do nova Plano Safra

Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o ritmo das vendas de máquinas agrícolas no segundo semestre refletirá o volume de recursos e as condições das linhas de investimentos que serão anunciadas nesta quarta-feira (17/06) pelo Ministério da Agricultura no Plano Safra 2020/2021. De janeiro a maio, o número de máquinas comercializadas no mercado interno, 15,7 mil, foi apenas 0,9% maior do que o registrado em igual intervalo do ano passado, refletindo, em parte, a suspensão de feiras agrícolas e o fechamento temporário de fábricas e concessionárias em razão de medidas de isolamento para conter o coronavírus. Não é possível saber ainda se o mercado de máquinas agrícolas neste ano vai encolher ou não. O segundo semestre depende em boa medida do Plano Safra e do que será definido para as linhas de investimento do Moderfrota, Pronamp e Pronaf. A expectativa é de que venham condições atrativas, com a Selic em queda, mas o plano precisa atender ao produtor durante toda a safra.

No início do ano, a Anfavea previu que seriam necessários R$ 3 bilhões adicionais aos R$ 9,8 bilhões anunciados no ano passado para o Moderfrota, mas a demanda acabou sendo suprida por recursos do Banco do Brasil com condições competitivas e por R$ 1,5 bilhão do Finame Rural, a partir de março. Se parte dos recursos foi insuficiente para o apetite de compra dos produtores, outra parcela sobrou por não se mostrar atrativa. A maior parte do dinheiro do Moderfrota destinado a grandes produtores não foi contratada em virtude da taxa de juros, de 10,5% ao ano, considerada alta em comparação às praticadas no mercado. Se as linhas vierem com juros atrativos, mas sem orçamento para o ano inteiro, também não adiantará. Os R$ 9,8 bilhões ofertados pelo Moderfrota na safra 2019/2020 não foram suficientes, mas que R$ 15 bilhões, aventados pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, atenderiam à demanda do próximo ano.

Nas conversas entre a Anfavea e o Ministério da Agricultura neste ano não foi solicitada taxa específica de juros. Foram discutidos conceitos: que o dinheiro dure o ano todo, com taxas alinhadas à Selic, principalmente quando se fala de Moderfrota, que é importante porque no Brasil ainda tem muita máquina obsoleta no campo e muito produtor sem mecanização. Tanto Banco do Brasil como Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) contam hoje com linhas de condições muito similares às do Moderfrota. Caso o Plano Safra 2020/2021 priorize os pequenos e médios produtores, mas BNDES e Banco do Brasil oferecerem dinheiro com taxas atrativas, ainda que não equalizadas, a comercialização seria garantida. Uma taxa competitiva para grandes produtores ficaria, em média, 9% ao ano, tendo em vista a Selic atual, de 3% ao ano. Esse 9% pode não ser tão atrativo se a Selic cair mais. Sendo atrativa, não interessa se a taxa será equalizada ou não. BNDES e Banco do Brasil promovem linhas alimentadas pelas Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e depósitos à vista e têm a possibilidade de reduzir as taxas para influenciar outras instituições financeiras a fazê-lo.

A Anfavea pediu ao governo, assim como em ocasiões anteriores, a comunicação com antecedência das medidas previstas para o setor de máquinas. Foi solicitamos que se fique claro, por exemplo, que não haverá recursos adicionais para o Moderfrota, se for o caso, ou que haverá dinheiro no Finame rural; comunicar que só haverá recursos por oito meses ou que serão disponibilizadas linhas clone (com iguais condições dos programas oficiais). Essa comunicação clara com o produtor precisa acontecer. Apesar da grande relevância do Plano Safra para a comercialização de máquinas no País, a demanda externa por alimentos, o quadro macroeconômico e a política interna exercerão seu peso sobre o mercado. Do lado agrícola, o cenário é positivo, com médios e grandes produtores colhendo grandes safras de soja e milho e a necessidade de suprir importadores de alimentos. Já o quadro político-econômico interno gera incertezas, dada a alta volatilidade do câmbio e instabilidade institucional e política no Brasil. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.