19/Mai/2020

A John Deere apresentou nesta segunda-feira (18/05) seu primeiro hub digital, a plataforma John Deere Conecta. Por meio do aplicativo, a companhia espera interagir com clientes do agronegócio e também do segmento de construção de forma mais abrangente, com canais para simulação de financiamentos, contato direto com concessionários, divulgação de cupons promocionais, eventos, lives, assistência técnica e outras soluções. O projeto já era previsto na companhia, segundo o diretor de Marketing para América Latina, Cristiano Correia, mas foi antecipado em virtude da pandemia do novo coronavírus e de adiamentos de feiras agrícolas. "Já vínhamos discutindo a criação da plataforma, mas alguns pontos nos levaram a acelerar o processo. O primeiro foi a rápida adoção de soluções digitais por produtores antes mesmo da pandemia, apontada por pesquisas, e o segundo é que vimos o cancelamento de feiras importantes na América Latina", explicou Correia durante coletiva de imprensa online.

"Essa situação nos levou a pensar em um ambiente que ajudasse os clientes a se programarem em suas compras. Tínhamos planejado uma plataforma para daqui a um ou dois anos, e toda essa situação e números de adoção de tecnologia nos levaram a acelerar o projeto", complementou. Dentro da plataforma, por exemplo, produtores interessados em obter financiamento podem consultar a existência de cupons de desconto, informações sobre consórcios e serem direcionados para a área do banco da montadora. Também serão promovidas palestras de especialistas e disponibilizados vídeos sobre temas diversos. O uso de aplicativo será gratuito, de acordo com o executivo. O presidente da John Deere Brasil, que participou do evento, reforçou que a pandemia levou à antecipação do hub. "Ficou muito claro para nós porque os produtores nos diziam para não visitá-los, apesar de necessitar do suporte da empresa.

Foi um indicativo de que havia vida econômica na outra ponta, mas não da forma convencional", explicou. Com o John Deere Conecta, continuou o executivo, uma série de ineficiências no campo poderão ser reduzidas. Ele lembrou que a empresa vem trabalhando com adoção de ferramentas de conectividade há cerca de dez anos. Primeiramente com a inclusão de piloto automático nas máquinas e conexão por GPS, depois com uma plataforma de conexão de máquinas e frotas e parcerias com empresas para levar acesso à internet às áreas de lavouras. "Essa foi a fase 1, de conexão das máquinas. Agora vamos para a fase 2, de conectar pessoas", afirmou. Ele comentou sobre benefícios de produtividade esperados a partir da iniciativa, como a atualização das operações de máquinas considerando moléculas novas (de defensivos) e sementes de última geração. "É muita informação que precisa ser combinada. O produtor lá no meio do campo, com seu celular, vai poder acionar o concessionário sobre o que fazer quanto a uma dúvida de regulagem, por exemplo", disse.

"Será uma forma mais efetiva e moderna de interação com clientes", reforçou Correia. O presidente da John Deere Brasil, Paulo Herrmann, comentou sobre perspectivas de negócios para a companhia e o agronegócio trazidas pela pandemia do novo coronavírus. "Ainda não vimos luz no fim do túnel, estamos no meio do processo. Já saímos da fase do pânico e começamos a distender, mas é preciso ter disciplina, porque a pandemia não passou", disse ele durante coletiva de imprensa online para o lançamento da plataforma digital John Deere Conecta. "Apesar de o agro ser essencial e estarmos exportando como nunca, há uma incerteza no ar; todos vamos sair impactados", continuou. O lançamento do hub digital vem para tentar minimizar estes impactos, intensificando o contato virtual com os clientes, conforme o executivo. "Por meio de vídeos gravados, lives ou por conversas/chats, vamos tentar endereçar as dúvidas que surjam, instruir sobre o melhor uso do equipamento nas diversas etapas da produção", explicou.

As fábricas da companhia retornaram às atividades gradualmente a partir da segunda quinzena de abril, porém não em sua plena capacidade, de acordo com Herrmann. Assim como em lives recentes das quais participou, o presidente da John Deere Brasil voltou a reforçar a orientação a produtores para que "preservem caixa". "Não sabemos por quanto tempo teremos de viver de menor renda, menor salário, então vamos fechar as mãos e cuidar do dia a dia. Neste momento é difícil recorrer a bancos ou sistema financeiro, porque estão extremamente receosos e o dinheiro não está barato", disse. Ele comentou sobre o aumento dos pedidos de recuperação judicial por produtores. "Estão todos vendendo bem, exportando bem, então vamos pagar as contas, não é hora de ficar discutindo RJ (recuperação judicial), e sim de preservar o crédito", comentou.

O executivo contou que o percentual de pagamentos recebidos no prazo pela companhia, neste ano, é maior do que o registrado no ano passado. "Se sobrar uns trocadinhos, apliquem em seus negócios, em tecnologia, porque nenhum setor hoje traz mais retorno do que a agricultura". Herrmann comentou ainda que a companhia tem adotado algumas ações para apoiar o setor sucroalcooleiro, que enfrenta dificuldades em virtude da queda do consumo de etanol por causa do isolamento social e pelo recuo dos preços do petróleo. Uma das medidas é o faturamento direto de maquinário para usinas, reduzindo a tributação nos elos intermediários. Também está trabalhando na atualização de máquinas a fim de reduzir o consumo de combustível, em até 15%. Fonte: Agência Estado.