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07/Abr/2020

Logística: Barra Norte deve ampliar movimentação

A Região do Rio Amazonas, com importância estratégica para o escoamento de grãos do Centro-Oeste, o canal da Barra Norte, que engloba Amazonas, Pará e Amapá, pode ganhar ainda este ano mais um impulso na movimentação de cargas. Portaria da Marinha publicada no dia 30 de março autorizou testes para ampliar em 1.800 toneladas o carregamento de cada embarcação que passa pelo canal. Esse aumento será possível se a Marinha permitir um aumento de 20 centímetros no calado máximo dos navios que passam pela Barra Norte. Detalhe importante na navegação, o calado é a profundidade em que uma embarcação está submersa na água. Seu tamanho dita a produtividade de um canal, pois influencia diretamente na quantidade de carga que a embarcação pode transportar na localidade. Se a avaliação correr bem, o calado na Barra Norte pode mudar de 11,70 metros para 11,90 metros.

Os testes são necessários porque a Barra Norte enfrenta um problema natural que precisa ser vencido aos poucos: um cinturão de lama que limita historicamente a altura do calado permitido na região. Há cerca de dois anos, a Marinha autorizou que o calado fosse de 11,50 para os atuais 11,70 metros. Apesar da adversidade, há um entendimento de que a profundidade máxima ainda pode ser maior. Agentes interessados em aumentar a produtividade do canal se movimentam em torno do assunto nos últimos anos. Um deles é a Associação de Terminais Portuários Privados (ATP). Em razão do calado menor, grandes navios não conseguem sair totalmente carregados do canal, transportando o que é chamado de "frete morto". É pago o frete completo do navio, mas ele carrega até onde der para sair. Em função disso, a embarcação carregada de minério ou de grão parte da região com um frete morto de 20%.

A perspectiva é de que os testes serão positivos e de que possa avançar ainda mais, para 12,10 metros (de calado). No Porto de Santos (SP), por exemplo, um navio já chegou a operar com 14,45 metros de calado. Há estudos que apontam ser possível chegar a um calado de 12,50 metros para a Barra Norte. Cada centímetro de calado importa no canal da Barra Norte. Se a região do Amazonas que escoa pela Barra Norte fosse um porto organizado, como o Porto de Santos (SP), o local seria o quarto porto do Brasil, tanto em movimentação de navios como em tonelagem. Em 2019, foram movimentadas 43,4 milhões de toneladas pela Barra Norte, considerando a navegação de longo curso e cabotagem, um crescimento de 4,8% ante 2018. A Barra Norte tem uma representatividade econômica para o País muito grande.

Desse total (43,4 milhões de toneladas), 35,4 milhões de toneladas foram movimentadas em terminais privados. São 54 autorizados que atuam na região. A importância da região só tende a aumentar, na mesma medida que cresce pelo Norte o escoamento da colheita do Mato Grosso, maior produtor de grãos do País. A produção do Estado ainda sai muito pelos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) pela falta de capacidade de a carga "subir" pelo Norte. À medida em que forem criadas condições para que esse grão produzido saia pelo Norte, será um ‘boom’. As exportações devem aumentar, elevando a movimentação. Das 43,4 milhões de toneladas movimentadas pela Barra Norte no ano passado, 31,6 milhões foram de granel sólido. A Região Norte, como um todo, assiste há alguns anos a um aumento expressivo da atividade portuária.

Segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), a participação do Arco Norte no escoamento de soja e de milho para os mercados internacionais dobrou em oito anos, de 14% para 28% em 2018. Peça importante para a logística na região, a conclusão da BR-163 tem potencial de turbinar esse cenário. No início do ano, o governo finalizou o asfaltamento em toda a passagem da rodovia entre Sinop (MT) e Miritituba (PA), cidade que guarda atividade portuária de destaque. Ali criou-se um grande cluster de terminais portuários para a movimentação de grãos. A Ferrogrão, projeto de ferrovia de 933 Km que promete ser o principal centro de escoamento de grãos entre Mato Grosso e Pará, vai potencializar mais essa logística. É preciso trabalhar no eixo logístico como um todo, e a peça marítima é parte disso. Vai levar tempo, mas será possível criar um canal de escoamento logístico muito bom. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.