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26/Mar/2020

Máquinas: AGCO vai paralisar as fábricas no Brasil

Com a dificuldade de adquirir peças e equipamentos para suas máquinas à medida que estabelecimentos comerciais em todo o País fecham as portas para conter a disseminação do coronavírus, a fabricante de máquinas agrícolas Agco deve paralisar suas quatro fábricas no Brasil no começo do abril, por 20 dias. "O suprimento de componentes está cada vez mais difícil. Sabemos que haverá uma oferta menor de máquinas em função disso, mas acredito que conseguiremos recuperar boa parte (do que não for produzido no período) depois, com maior velocidade da cadeia de suprimentos e com nossa capacidade de produzir e entregar", disse ao Broadcast Agro o presidente da Agco no Brasil, Luis Felli. A Agco tem hoje quatro fabricas de máquinas agrícolas no Brasil: em Canoas (RS), onde são produzidos tratores; em Santa Rosa (RS), de colheitadeiras; em Ibirubá (RS), de implementos agrícolas; e em Mogi das Cruzes (SP), de tratores, pulverizadores, motores, geradores e equipamentos para cana. O Centro de Distribuição de Peças, localizado em Jundiaí, continuará operando "24 horas por dia", de acordo com o executivo, apesar da menor oferta de voos nas últimas semanas, necessária para a entrega dos produtos.

No local, a companhia restringiu o convívio social durante as refeições, aumentou a frequência da limpeza e reforçou o monitoramento da saúde dos funcionários. Felli considera que a suspensão das atividades fabris da Agco e de outras empresas de máquinas – no dia 24 de março, a John Deere anunciou paralisação das operações em suas fábricas - pode resultar em queda de 5% a 10% das vendas do setor. Não por uma menor demanda do produtor, mas pelo tempo necessário para retomar a produção, voltar a receber peças e equipamentos e solicitar financiamento para as novas máquinas. "Mas se voltarmos em 20 dias, vamos trabalhar para não ter queda alguma (nas vendas) e recuperar esse período perdido", afirmou. "Quanto mais tempo parado, maior o risco de atraso nos processos e de a redução das vendas ser maior", alertou. Até o momento, as estatísticas não apontam redução dos negócios, segundo o executivo. "Nós monitoramos diariamente as vendas no varejo e não mudou nada desde o início do mês, o ritmo tem se mantido", comentou.

O fechamento de concessionárias em todo o País, atendendo a decretos municipais e estaduais com vistas ao combate à Covid-19, deve resultar em demanda represada por maquinário, apesar da possibilidade de funcionários das revendas solicitarem remotamente financiamento para seus clientes. Felli estima que de toda a rede de concessionários da Agco, quase a metade está fechada. Estas lojas continuam prestando assistência a produtores e pecuaristas com equipes de campo, funcionários de plantão e apoio jurídico para solicitar às autoridades locais autorização para realizar tais serviços. "Estamos em contato com a rede para manter a contratação digital, providenciando mecanismos para ajudar as revendas a se estruturarem", disse. Quanto ao fechamento de cartórios, necessários para o registro de garantias apresentadas nas solicitações de crédito, Felli comentou que alguns bancos estão dando mais tempo para os produtores registrarem os documentos. "Nossa expectativa é de que, passado o período de quarentena e insegurança, o produtor voltará a investir.

Os fundamentos hoje são muito positivos, com safra recorde de soja, possivelmente safra recorde de milho, preços muito bons de soja devido ao câmbio e de milho pela demanda interna para proteína animal", argumentou. O adiamento das feiras agrícolas, na avaliação do presidente da Agco no Brasil, surtirá menor impacto nos negócios do que a paralisação das concessionárias. Apesar da relevância dos eventos, diz ele, o setor sabe que uma parcela das intenções de compra nas feiras, por impulso, acaba não se concretizando. "Se o produtor tomou uma decisão racional de comprar, ele vai fazer negócio em qualquer momento", explica. "Preocupar, a situação preocupa porque é muita indefinição. Tudo depende de quanto tempo as atividades vão ficar restritas no País: se for só um mês, o mercado se recupera, a indústria tem capacidade para reagir", afirmou Felli. "Quanto mais tempo demorar, mais desafiador será, mas o mundo precisa comer e o Brasil tem um papel fundamental neste sentido. A não alimentação do planeta é mais perigosa que o vírus, então teremos de achar caminhos de operar com segurança a fim de cumprir nossa missão de alimentar o mundo." Fonte: Agência Estado.