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11/Mar/2020

Defensivos: tomate lidera a utilização no Brasil

Segundo recente pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP), o tomate, ingrediente indispensável em molhos e saladas, é um dos itens que mais concentra agrotóxicos. Na análise realizada, a cultura do tomate apresentou a maior demanda por defensivos agrícolas, com 46,87 Kg de ingrediente ativo por hectare (IA/ha), seguida pelas culturas da maçã e batata inglesa, com respectivamente, 39,18 Kg de ingrediente ativo por hectare (IA/ha) e 31,60 kg de ingrediente ativo por hectare (IA/ha). Entretanto, o tomate tem grande importância no prato dos consumidores. Com base em dados de 2016 (os mais atualizados e disponíveis no momento) foram calculadas as demandas relativas de 19 culturas: algodão, alho, amendoim, arroz, banana, batata inglesa, café, cana-de-açúcar, cebola, citros, feijão, tabaco, maçã, melão, melancia, milho (1ª e 2ª safras), soja, tomate, trigo, aveia, centeio, cevada e uva.

O estudo tomou como ponto de partida os dados mais recentes do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindveg), de 2016, e contou ainda com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindag) e do Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE). A utilização de defensivos varia muito entre as culturas por questões agronômicas, técnicas e financeiras. Algumas culturas, como maçã e batata inglesa, que apresentaram maior suscetibilidade às doenças, demandam maiores níveis de proteção. Por outro lado, culturas como a cana-de-açúcar apresentam menor demanda, pois são acometidas por menos doenças. No caso dessa cultura especificamente, o uso de defensivos é majoritariamente composto por herbicidas. O tomate lidera o ranking com a maior demanda por defensivos agrícolas. No outro ponto do espectro, as culturas com menor demanda são as culturas da banana, tabaco e feijão, com respectivamente 0,48 Kg IA/ha, 1,01 Kg IA/ha e 1,22 Kg IA/ha, bem abaixo da média dos 19 produtos analisados (4,90 Kg IA/ha).

Segundo a Emater-RS, o tomate lidera o ranking dos produtos com mais agrotóxicos porque é um alimento extremamente sensível a pragas. Por ser um ciclo relativamente curto, elas se desenvolvem rapidamente e muitos produtores fazem o uso de agrotóxicos. No Rio Grande do Sul, na região de Venâncio Aires, apenas seis produtores plantam tomate em grande escala, pois é uma cultura muito trabalhosa. Nesta localidade, há um grande problema no solo que desenvolve muitas doenças para a planta. Por isso, o produtor precisa sempre estar atento. Hoje, há tecnologia suficiente para uma produção mais limpa, pura, sem o uso de agrotóxicos. O segredo do tomate é prevenção e monitoramento, mas é uma cultura que exige mais técnica e envolve muito a questão de mercado. O consumidor compra o produto pelos olhos. Entre as 19 culturas analisadas neste estudo, o tabaco está entre as que menos utilizam defensivos. Conforme a pesquisa, foi encontrado um valor de 1,01g IA/ha da demanda relativa de defensivos agrícolas por hectare, apresentando-se como a segunda menor demanda relativa.

Segundo o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), os resultados não surpreendem. Este é o quarto estudo que coloca o tabaco entre as culturas que menos utilizam agrotóxicos no País. E cabe destacar que, da quantidade utilizada na cultura do tabaco, 62% são de herbicidas, o menos tóxico entre as classes de defensivos avaliados. Há muitos anos o setor busca desmistificar temas como esse, considerando que campanhas antitabagistas acabam confundindo seus objetivos e culpam o setor por um uso desordenado de agrotóxicos. Assim, fica comprovado com dados oficiais, que a narrativa é falsa. O consumo de defensivos agrícolas é corretamente expresso quando calculado através da quantidade de ingrediente ativo, a molécula que de fato tem ação, por unidade de área ou quantidade de produto produzido.

Imaginar outras formas, como litros de produto comercial por área ou produção, ou até quantidade de produto por pessoa de uma determinada região é um equívoco muito grande e deve ser evitado e combatido. Segundo a pesquisa, não tem sentido expressar o consumo em termos de quantidade por habitante, já que não são aplicados nas pessoas, e sim nas plantas. Outro aspecto importante é que os produtos comerciais, utilizados pelos agricultores, têm cerca de 50% de ‘inertes’, que são substâncias sem atividade biológica. Estudo recentemente apresentado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) coloca o Brasil como 44º maior consumidor de defensivos no mundo quando analisada a sua utilização por área cultivada e 58º quando analisada a sua utilização em relação aos volumes de produção agrícola. Vale ainda ressaltar que o Brasil é um dos poucos países do mundo que tem capacidade de realizar mais de um ciclo produtivo por ano numa mesma área, de forma que mais produtos são requeridos, porém, proporcionalmente, há um emprego menor por área de cultivo.