14/Jan/2020
A Petrobras deve anunciar, nesta quarta-feira (15/01), a desativação da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) no Paraná, alegando a falta de interesse de compradores nacionais e internacionais. O movimento da estatal deixa em xeque cerca de 1000 funcionários que trabalham hoje na unidade. O desinteresse da estatal na área de fertilizantes vem sendo anunciado desde 2017. De lá para cá, a Petrobras iniciou um processo de venda de diversas áreas e tem voltado seus esforços à exploração e a produção de petróleo em águas profundas. No fim do ano passado, a estatal fechou contratos de arrendamentos das unidades da Fafen em Sergipe e na Bahia. A paralisação das operações já estava no radar de sindicalistas no Paraná, que pressionavam o governo por uma posição sobre o futuro das operações, assim como a venda da Refinaria do Paraná (Repar), inserida no plano de desinvestimento em refino da estatal.
Segundo o Sindiquímica Paraná, há indicativos sobre o fim das operações, como, por exemplo, a parada de manutenção geral que tem sido postergada. Na Bahia e Sergipe, os funcionários foram realocados dentro do grupo Petrobras. O cenário para os empregados da Fafen no Paraná, porém, é diferente. Nesses dois casos, eles eram da Petrobras. Por ser holding, a estatal tem programas, como o Mobiliza, que transfere um trabalhador de uma unidade para outra. Isso não vai acontecer com a unidade do Paraná, porque é uma subsidiária 100% Petrobras. A principal frente do sindicato hoje é evitar o fechamento. Trata-se aa única fábrica do Brasil que produz ureia e responde por 62% da produção de arla (um reagente). Não há indícios de que as estruturas da Fafen arrendadas vão produzir. O espaço pode até ser usado como depósito para a ureia importada. A empresa, inicialmente, foi fundada pela Petrobras, mas foi vendida em 1993. De lá para cá, passou por diversos grupos privados até ter sido comprada novamente da Vale pela Petrobras, em 2013.
A Petrobras tentou levantar um comprador para Fafen no Paraná, mas sem sucesso. A baixa competitividade da fábrica pode ser uma das explicações. O grande gargalo é a matéria prima para se produzir a ureia. No Paraná, há a refinaria da Petrobras que produz asfalto e aproveita o resíduo asfáltico como fonte de matéria prima. Logo no início, há um custo de produção muito mais alto do que fábricas de escala mundial que operam com gás natural. O mercado global de ureia é muito dinâmico e competitivo. A unidade do Paraná tem capacidade de produzir 1,9 mil toneladas de ureia por dia ou 700 mil toneladas por ano. A Fafen da Bahia tem capacidade de produção total de ureia de 1,3 mil toneladas por dia e a de Sergipe, de 1,8 mil toneladas por dia. É difícil conseguir manter uma estrutura competitiva com um nível abaixo de 1 milhão de toneladas por ano. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.