08/Nov/2019
A agricultura latino-americana possui vantagens competitivas únicas, como abundantes recursos terrestres, solo fértil, recursos hídricos adequados e condições climáticas favoráveis. No entanto, os insumos necessários para o desenvolvimento agrícola da região, que são fertilizantes, pesticidas e biotecnologia são prioritariamente importados. Em 2018, o mercado agroquímico brasileiro foi avaliado em US$ 10,5 bilhões. Para as empresas agroquímicas, o mercado latino-americano tem enorme potencial, no qual inúmeras empresas desejam entrar. O enorme tamanho do mercado da América Latina e os elevados lucros atraíram muitas empresas multinacionais e empresas chinesas, que pretendem expandir seus negócios. Condições ideais para o clima e o solo, o profissionalismo dos agricultores locais, o empreendedorismo e várias tecnologias de redução de riscos facilitarão o desenvolvimento de uma agricultura moderna, eficiente, em larga escala e sustentável na América Latina. O Brasil, o maior mercado de agroquímicos da América Latina, tem duas colheitas em muitas regiões e até duas colheitas e meia em algumas regiões.
Em termos da atual estrutura de plantio no Brasil, as terras aráveis para criação de animais representam a maior proporção, superior a 50%, seguida pela agricultura, com 16%. Os 30% restantes de terras aráveis ainda não foram desenvolvidos, proporcionando ao país um potencial considerável para o desenvolvimento agrícola futuro. Outro exemplo é o plantio de arroz na Colômbia, que pode render de 6 a 7 toneladas por hectare, baseando-se apenas na precipitação natural e no plantio de transmissão. Esse rendimento pode chegar a 12 a 14 toneladas por hectare se as práticas agrícolas forem alteradas para as usadas na China. Devido às políticas locais, os agricultores colombianos dependem mais da precipitação natural e menos de medidas agrícolas, como a irrigação artificial. Se essas políticas mudarem e as condições de irrigação forem melhoradas no futuro, a terra colombiana realizará todo o seu potencial e se tornará verdadeiramente "solo fértil", o que proporcionará maiores oportunidades para empresas agroquímicas.
O Brasil é o maior mercado de agroquímicos da América Latina. De 2015 a 2017, o valor do mercado agroquímico brasileiro foi de cerca de US$ 9 bilhões por ano, representando 15% do mercado agroquímico global. Em 2018, esse valor atingiu US$ 10,5 bilhões. Na categoria pesticida, os fungicidas têm a maior participação de mercado, respondendo por 28,20%, seguidos pelos inseticidas com 20,10% e herbicidas seletivos e não seletivos com 18,02% e 14,46%, respectivamente. As variedades de pesticidas estão intimamente relacionadas à estrutura de plantio do país. Com relação ao Brasil, a soja representa a maior fatia do mercado, acima de 50%, seguida pela cana-de-açúcar, com 11,7%. Portanto, as vendas de produtos usados para controlar a ferrugem e os nematoides da soja são relativamente altos.
A ferrugem da soja ocupa o primeiro lugar entre as dez principais doenças e pragas do Brasil em termos de investimento em controle agrícola, custando US$ 1,8 bilhão por ano. Nos últimos anos, os produtos biológicos foram gradualmente aceitos pelo mercado latino-americano. 10% das vendas já são produtos biológicos. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o Brasil aprovou um número recorde de pelo menos 52 novos pesticidas no ano passado, um aumento de 30% em relação aos 40 produtos aprovados em 2017. Produtores em larga escala dominam a agricultura brasileira. No Brasil, 30% das fazendas de soja cobrem uma área superior a 2.000 hectares e mais da metade das áreas totais de cultivo de soja pertencem a fazendas com área superior a 1.000 hectares. Um total de 70% do mercado de cana é controlado por grandes usinas, e mais da metade das fazendas cobrem uma área de mais de 30.000 hectares.
Esses produtores em larga escala possuem alto conhecimento técnico, fontes rápidas de informação e forte poder de barganha, o que incentiva o rápido desenvolvimento do mercado agrícola brasileiro. Em termos de canais de vendas, de 2015 para 2017, a proporção de vendas diretas aumentou de 25% para 29%, enquanto as vendas cooperativas diminuíram de 25% para 21% e as vendas no varejo diminuíram ligeiramente de 50% para 49%. As vendas diretas de produtos de proteção para cana e citros também são relativamente altas. Em comparação aos grandes mercados, a estrutura de cultivo e uso de pesticidas no Chile, Peru, México, Colômbia e países semelhantes são mais fragmentados. As três principais culturas em alguns desses países são uvas, trigo no Chile; batatas, uvas e arroz no Peru; milho, tomate e cana-de-açúcar no México; e arroz, batata e pasto na Colômbia. As áreas de plantio de culturas nesses mercados também não apresentam diferenças óbvias.
Portanto, os pesticidas utilizados também são mais diversos. Comparados com mercados como o Brasil e a Argentina, que apresentam diferenças óbvias nas áreas de cultivo, esses mercados apresentam características completamente diferentes. Em primeiro lugar, as áreas agrícolas nesses mercados são relativamente limitadas. No entanto, para obter rendimentos e qualidade mais altos, eles estão dispostos a pagar mais por soluções inovadoras, por isso confiam muito nas tecnologias de orientação de aplicativos de campo e têm maior lealdade à marca. Os lucros geralmente coexistem com os desafios e o mercado agrícola não é exceção. Os países da América Latina podem ser divididos em quatro categorias sob as perspectivas de acesso a mercados e cultivo. O mercado onírico das empresas agroquímicas é difícil de entrar e o registro do produto pode demorar muito tempo, até sete anos em circunstâncias extremas.
Portanto, é necessária paciência para entrar no mercado brasileiro, juntamente com fundos consideráveis para lidar com riscos financeiros. Vale ressaltar que a consolidação dos distribuidores brasileiros está em andamento. No futuro, grandes distribuidores locais podem ter melhor poder de barganha e até compras diretas. Eles também podem ajudar as empresas a registrar seus produtos, o que provavelmente também mudará o mercado brasileiro. O processo de registro de pesticidas no Chile é relativamente transparente e leva cerca de três anos. No entanto, o Chile possui requisitos e barreiras técnicas mais altas, e um portfólio completo de produtos e fortes recursos de suporte técnico são necessários para entrar neste mercado. A Argentina e outros mercados têm estruturas de uso de pesticidas relativamente simples, mas com margens de lucro relativamente baixas, portanto as empresas precisam ser capazes de lidar com preços competitivos.
O período de registro na Bolívia é de cerca de um ano. Para obter lucros com esses tipos de mercado, as empresas devem manter operações eficazes e ganhar dinheiro com eficiência. Há mais de dez anos, a maioria dos países da América Latina não conhece a China e muito menos os pesticidas chineses. Durante esse período, a maioria dos pesticidas comercializados no mercado latino-americano foi controlada por várias grandes empresas multinacionais e comerciantes alemães e israelenses. Embora alguns produtos sejam originários da China, os agricultores não sabiam nada sobre o país e tinham um entendimento superficial dos pesticidas chineses. Os produtos chineses tinham uma má reputação e era difícil para as empresas chinesas exportar produtos, especialmente pequenos produtos embalados com marcas próprias, para a América Latina. Há uma história sobre uma empresa para exploração do mercado boliviano.
Em 2004, a empresa realizou uma reunião de introdução de produtos em larga escala e planejava ter cerca de 20 produtos registrados. O contato e a comunicação antecipados transcorreram sem problemas, mas, ao visitar clientes locais, os produtos da empresa foram rejeitados quando os clientes souberam que os produtos que estavam sendo promovidos eram fabricados na China. Essa situação continuou até depois de 2007. O aumento dos preços do petróleo levou ao desenvolvimento de biocombustíveis e os preços da soja e do milho plantados na América Latina, especialmente na América do Sul, aumentaram. Um aumento na área de plantio também tornou o valor total do mercado de pesticidas na América Latina o mais alto do mundo. A demanda por glifosato obrigou o mercado sul-americano a perceber que o suprimento de glifosato na China é muito importante, de modo que a América Latina se tornou um mercado-alvo para os pesticidas da China.
Após vários anos de desenvolvimento, a China se tornou um fornecedor indispensável de pesticidas no Brasil. Em 2018, o Brasil importou mais de 30% de seus pesticidas da China. Para as empresas que planejam obter lucros nos mercados latino-americanos, devem considerar os riscos comerciais, especialmente os riscos políticos causados por mudanças no governo. Por exemplo, durante a eleição presidencial anterior, a fim de obter mais votos, o candidato presidencial de Eldorado prometeu dar pesticidas grátis a grandes fazendas, mas pagou dinheiro às empresas relevantes apenas dois anos depois de assumir o cargo. Outro exemplo é o Paraguai. Após uma mudança de governo há três anos, o novo governo declarou que nenhum registro de pesticida será aprovado este ano. Sem dúvida, esses fatores políticos afetarão diretamente o mercado de pesticidas. O segundo risco é causado pelo clima, como clima extremo.
As instalações de conservação de água na maioria dos países da América do Sul não são adequadas e suas fazendas dependem principalmente do clima. A seca afetará as colheitas e as chuvas excessivas durante a safra afetarão diretamente as colheitas e o armazenamento das colheitas. Os riscos cambiais também requerem atenção especial. Os sistemas financeiros de todos os países da América Latina são relativamente frágeis e as taxas de câmbio variam bastante, de modo que as empresas devem controlar seus riscos financeiros. Ainda existem problemas no mercado latino-americano. Por exemplo, entre 10% e 20% dos produtos no mercado brasileiro são ilegais. Em outras palavras, o valor de mercado de produtos ilegais é próximo a US$ 2 bilhões, e o impacto da aplicação de produtos abaixo do padrão nas culturas não pode ser previsto. Com a melhoria do ambiente regulatório local de pesticidas nos últimos anos, a América Latina se tornará uma "arena" para mais empresas agroquímicas. Fonte: AgroPages 2019 Market Insight. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.