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10/Out/2019

Fertilizantes: preços no nível mais baixo da década

A atual cotação dos fertilizantes no mercado internacional pode ser uma oportunidade de compra antecipada para os agricultores brasileiros. É um momento excelente para compra, porque é improvável que os preços continuem caindo. Essa curva tende a começar a inverter no início do próximo ano com o mercado reagindo a um maior equilíbrio entre oferta e demanda. Na comparação com setembro do ano passado, os preços dos fosfatados recuaram 30,0%, os dos nitrogenados caíram 13,7% e os dos potássicos cederam 8,7%. Os preços desses insumos em dólar estão no nível mais baixo dos últimos dez anos, observado em maio de 2009. A fraca demanda norte-americana por nutrientes para adubação da safra 2019/2020 e o recuo do custo produtivo com a queda dos preços do enxofre e da amônia pressionaram as cotações internacionais.

Para 2020, contudo, a perspectiva é de recuperação das cotações dos insumos. O movimento deve-se, principalmente, à tentativa de reequilíbrio na oferta pelos principais players do mercado. Empresas como Mosaic, Uralkali e Nutrien anunciaram, recentemente, cortes na produção de unidades localizadas na China, nos Estados Unidos e no Canadá. Somente a China vai retirar 3,4 milhões de toneladas no segundo semestre deste ano. Nesse contexto, outro fator que pode ser altista para as cotações do adubo no curto prazo é a instabilidade política e militar da Arábia Saudita. Os ataques recentes às refinarias de petróleo do país deixaram, também, traders de commodities agrícolas em alerta. A questão não é tanto o ataque às refinarias, mas sim o ataque à soberania da Arábia Saudita. A insegurança ficou muito latente. Hoje, a Arábia Saudita produz 6 milhões de toneladas de fosfatados e 5 milhões de toneladas de ureia por ano - duas das três principais matérias primas utilizadas na adubação de culturas.

Além disso, pelo Estreito de Ormuz, principal canal de escoamento de commodities exportadas pelo Oriente Médio, circulam 15 milhões de toneladas por ano de ureia - o equivalente a 10% do consumo global. A possível escalada de um conflito bélico na região pode impactar a produção do país e, dessa forma, comprometer um volume significativo da oferta mundial. A intensificação de um conflito bélico na região pode impulsionar os preços de fertilizantes pela redução direta de oferta com eventual paralisação de plantas ou pelo aumento de frete por causa do risco de navegação nesta rota. Do lado da demanda, os sinais também são altistas no curto prazo. Entre eles, a maior participação do Brasil, especialmente na aquisição de insumos para a segunda safra de milho, a intensificação das compras pela Índia, que retomou a abertura de licitações no mercado, e a necessidade de produtos por países europeus para semeadura das safras de trigo.

A relação de troca entre fertilizante e commodity agrícola - quantidade de grão necessária para comprar determinado insumo - recuou, em média, 16% desde o início deste ano. Na soja, a relação de troca com os fosfatados está 10% inferior que a média dos últimos sete anos, mesmo com o preço da oleaginosa não estando tão atrativo. Essa variação está sendo utilizada por produtores brasileiros para a fixação de preço de insumos no nível atual para entrega futura para plantio de diversas safras no próximo ano 2020, como a de milho 2ª safra, os grãos de inverno e as culturas de verão 2020/2021. As transações de compra antecipada entre revenda de insumos e produtores, geralmente, preveem a entrega do produto para o período de plantio sem necessidade de o agricultor estocar o insumo e pagamento pelo preço do período acordado. O problema é que a grande maioria não consegue fazer esse tipo de operação por apresentar risco de crédito ao fornecedor.

Outra alternativa que tem crescido é o hedge por contratos derivativos, que diminui os problemas logísticos, de capital de giro e de risco de crédito. A demanda por efetivação de derivativos para adubos com entrega para meados de setembro de 2020, fase de semeadura de soja e milho, cresceu muito, tanto de empresas quanto de pequenos e médios produtores. No mercado interno, entre os nitrogenados, os lotes de ureia subiram US$ 9 por tonelada em setembro, para US$ 280 por tonelada Cost and Freight, em virtude da intensificação das importações para a 2ª safra de milho 2020. Já nos fosfatados, o fosfato monoamônico registrou queda de US$ 8 por tonelada no mesmo período, em virtude do fim das importações para a safra de verão de grãos. No potássio, o recuo é ainda maior, de US$ 40 por tonelada no acumulado do ano, também na modalidade Cost and Freight. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.