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06/Set/2019

Logística: projeto da Rumo pode ameaçar Ferrogrão

Operadores logísticos do Arco Norte acreditam que o projeto ferroviário da Ferrogrão pode estar ameaçado pelo plano da Rumo de estender a Malha Norte até Sorriso (MT). Caso o projeto da Rumo saia do papel, ele "roubaria" uma carga essencial para viabilizar os primeiros anos de operação da Ferrogrão. Estão sendo estudadas formas jurídicas de impedir a extensão da malha da Rumo até o meio de Mato Grosso. Um dos trechos estudados para esse projeto chegou a ser devolvido pela empresa à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) há alguns anos. Qualificada no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) na primeira reunião de conselho, em 2016, a Ferrogrão é um ativo novo, de 933 quilômetros, que conectará a região produtora de grãos do Centro-Oeste, a partir de Sinop (MT), ao Porto de Miritituba (PA). Com investimentos estimados em quase R$ 13 bilhões, o projeto é considerado estratégico pelo governo federal, que aposta na consolidação do corredor logístico Norte como forma de reduzir os custos de escoamento da produção agrícola brasileira.

Segundo o Ministério da Infraestrutura, os estudos para a concessão da Ferrogrão estão em fase de finalização para serem enviados ao Tribunal de Contas da União (TCU). O projeto de extensão da malha ferroviária da Rumo em Mato Grosso está em fase preliminar. Batizado pela empresa de "Projeto Sorriso", ele se divide em duas fases. O primeiro estágio será a instalação de um terminal de caminhões entre Rondonópolis e Sorriso. A segunda etapa, que envolve a efetiva extensão da malha ferroviária, ainda está em estudo e não há definição sobre o traçado, por exemplo. Para seguir adiante com o projeto, a Rumo precisará submetê-lo à aprovação regulatória. Ele demandará ainda um estudo de "vantajosidade" para avaliar alternativas diversas, como licitar esse trecho a outro operador. Quando anunciou o Projeto Sorriso, no ano passado, a Rumo destacou que o plano para a Malha Norte depende da renovação antecipada da concessão da Malha Paulista, que aguarda o aval do TCU.

Há dúvidas se essa eventual extensão da malha da Rumo não é contrária à intenção do governo de estimular o escoamento de grãos pelo Norte, uma vez que reforçaria o corredor logístico que desemboca no Porto de Santos (SP), o principal para exportação do agronegócio brasileiro. Não existe lógica de o governo criar competição para a própria Ferrogrão através de autorização para extensão de uma malha que foi devolvida por não cumprimento de condicionantes. Isso não é lógico do ponto de vista do interesse nacional. Há discordância conceitual e jurídica do projeto da Rumo e existem estudos para que seja possível barrá-lo. A Ferrogrão é a única ferrovia incontroversa do ponto de vista de viabilidade econômico-financeira, já que a carga para transporte é garantida pela volumosa produção agrícola de Mato Grosso. O problema de trabalhar em paralelo esses dois projetos ferroviários é que a Ferrogrão conta, de partida, com um grande volume de carga de Mato Grosso. O projeto da Rumo não acaba com a Ferrogrão, porque ela depende muito ainda de crescimento da produção para o Norte.

Mas, hoje, para se viabilizar, o grande volume de carga vem da região de Sorriso. Se houver outra ferrovia, elas vão disputar carga. Outro agente logístico do Arco Norte acredita que o estabelecimento preliminar da extensão da malha da Rumo pode retardar o processo da Ferrogrão. Seria uma grande perda de competitividade econômica para o Brasil. No entanto, essa leitura não é consensual. O Ministério da Infraestrutura refuta a ideia e afirma não ver esse risco ao projeto. Os estudos técnicos apontam até mesmo uma adição de carga à Ferrogrão em um cenário que considera a potencial extensão da malha da Rumo até Sorriso. Mas, outra fonte com conhecimento do projeto da Ferrogrão observa que os estudos da nova ferrovia sempre contemplaram, desde o início de sua concepção, a futura integração com algum ponto da malha ferroviária brasileira. É justamente sob essa tese que a ferrovia ganha valor. O Projeto Sorriso não é uma coisa que seria difícil de conviver, nem tem que ter condicionante no contrato da Ferrogrão para impedir. A Rumo preferiu não comentar. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.