04/Set/2019
Considerando-se o primeiro semestre dos últimos nove anos, os preços dos principais fertilizantes fosfatados e potássicos registraram, em 2019, os patamares mais elevados, em termos nominais. Esse cenário esteve atrelado a eventos registrados em 2018, como a greve dos transportadores rodoviários, o tabelamento dos fretes, a oscilação cambial (devido aos entraves políticos) e a valorização das matérias-primas no mercado externo. O primeiro semestre é o período em que ocorre o maior volume de compras de fertilizantes. Nos últimos nove anos, os meses de junho terminaram com 62%, em média, do total comprado. Na safra 2019/2020, os dados indicam que 70% dos fertilizantes foram adquiridos até o final do primeiro semestre, e com os maiores preços nominais em nove anos, os custos com adubos devem ser os mais elevados desde 2010 para o produtor brasileiro.
Nesses nove anos (1º semestre de 2010 com o de 2019), os valores dos principais fertilizantes utilizados na soja mais que duplicaram, e os períodos de aumentos mais expressivos ocorreram entre 2010 e 2015 e entre 2017 e 2019. Nesse último, que é o mais importante para esta análise, as cotações dos fertilizantes subiram, em média, 38%, devido ao aumento cambial. No primeiro período, de 2010 a 2015, os fertilizantes se valorizaram 76%, mas recuaram em 2016 e 2017. Nesses anos, as cotações dos fertilizantes foram fortemente pressionadas pela desvalorização do dólar frente ao Real e pela grande disponibilidade das matérias-primas no mercado internacional. Em 2018, o câmbio mais elevado tornou a encarecer os fertilizantes, principalmente no segundo semestre, quando os rumores da guerra comercial entre China e Estados Unidos e os entraves do cenário político eleitoral brasileiro desvalorizaram de forma expressiva a moeda brasileira em relação ao dólar.
Acrescido a isso, o tabelamento dos fretes, como resolução da greve rodoviária, impactou ainda mais as cotações, de forma que, entre 2017 e 2018, o preço do adubo registrou elevação de 31%. Em 2019, o dólar ficou ainda mais valorizado que no primeiro semestre de 2018 – passou de R$ 3,42 para R$ R$ 3,84 nesse período e, como reflexo, as cotações dos fertilizantes potássicos e fosfatados registraram aumento médio de 21%. O KCl, por exemplo, passou de R$ 1.386,00 a tonelada para R$ 1.796,00 a tonelada. Já o MAP teve uma elevação de R$ 269,00 a tonelada entre um ano a outro, sendo comercializado a R$ 2.076,00 a tonelada no primeiro semestre de 2019. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.