04/Set/2019

A Scania vai começar a produzir caminhões movidos a biometano na fábrica de São Bernardo do Campo no primeiro trimestre de 2020. Trata-se de um combustível de fonte renovável, que faz parte de uma estratégia da montadora para reduzir a produção de veículos movidos a combustíveis fósseis. A inovação é resultado de uma parceria entre a Scania e a ZEG, empresa dedicada à geração de energia renováveis e que será responsável pela produção do biometano utilizado pela montadora. Produzido de forma descentralizada, em plantas de média escala, o insumo poderá ser utilizado em qualquer dispositivo abastecido com gás natural, como equipamentos industriais, máquinas agrícolas e veículos. Segundo estimativas apresentadas pelas duas companhias, este caminhão será 30% mais caro que o tradicional por causa da tecnologia. No entanto, o custo de manutenção será 10% menor. Com isso, quem comprar o caminhão movido a biometano levará dois anos para compensar o preço mais alto de aquisição.

"Depois desse período, é só ganho", afirma o CEO da Scania no Brasil, Christopher Podgorski. Os clientes que comprarem o caminhão receberão postos de abastecimento desenvolvidos pela ZEG, em local conjuntamente acordado com o comprador. A empresa de energia vai se responsabilizar pelo abastecimento em caso de contratos fechado com a companhia, utilizando o GasBio, nome do combustível produzido pela ZEG. Segundo o CEO da Scania, o começo da produção no Brasil segue um movimento iniciado pela montadora sueca na Europa há dois anos. De acordo com ele, em 2018, da produção europeia, foram vendidos 4.540 veículos comerciais movidos a combustíveis alternativos, o equivalente a 4,5% de todas as vendas da marca no mundo. "Temos a percepção de que, como uma empresa do setor de transporte, somos parte do problema da emissão de gases que contribuem para o efeito estufa. Então, queremos também ser parte da solução", disse o executivo.

Hoje, praticamente todos os caminhões vendidos no Brasil são movidos a diesel. A industrialização do caminhão movido a biometano é resultado de um investimento da Scania de R$ 21 milhões, como parte do seu plano de investir R$ 2,6 bilhões no Brasil entre 2017 e 2020. Com o início da produção no Brasil, a Scania estará pronta para vender o caminhão movido a biometano no País e para exportar a todos os mercados nos quais atua. Podgorski não revelou quantas unidades serão produzidas inicialmente, mas disse que a ideia é aumentar o volume aos poucos, à medida que a demanda for crescendo. Segundo ele, o produto é viável do ponto de industrial, de mercado e economicamente. "Além disso, a utilização de um combustível que usa fontes renováveis em um caminhão significa a redução de 90% da emissão de gases que contribuem para o efeito estufa", disse.

O presidente da ZEG, Daniel Rossi, vê potencial para o combustível no Brasil. Ele disse que tem conversado com três grandes grupos frotistas para que utilizem o caminhão da Scania movido a biometano. As três companhias, somadas, contam com uma frota de 300 a 400 veículos pesados, volume que é visto pelo executivo como um potencial de venda em um primeiro momento, caso toda a frota seja substituída. De acordo com Rossi, o foco será buscar clientes do agronegócio, priorizando regiões com gargalos de infraestrutura. "Estamos há 12 meses mapeando o mercado e queremos produzir o combustível onde o gasoduto não chega, para poder entregar ao setor agrícola o combustível e para que o produtor do agronegócio tenha segurança para substituir a sua frota", disse. Fonte: Agência Estado.